Prédio do Conservatório Carlos Gomes é revitalizado e entregue à população
“Cada pessoa tem um sonho e o meu era poder viver esse momento”, declarou a pianista Doris Azevedo, que há décadas acalentou o desejo de ver o Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG) retomar os tempos áureos de sua fundação, como terceiro mais antigo e importante estabelecimento de ensino musical no Brasil. Na tarde desta quarta-feira, 3, ela finalmente viu seu sonho realizado com a cerimônia oficial de reinauguração do conservatório, que passou por obras de restauração, reforma e ampliação.
O evento teve a presença do governador Simão Jatene, secretários de Estado, professores, colaboradores, alunos e ex alunos do conservatório. Para Doris Azevedo, a mais antiga professora da instituição, essa data ficará marcada para sempre em sua memória. “Hoje é um dia de muita alegria para as pessoas que trabalham aqui, que tem amor por essa casa. Essa foi a primeira intervenção feita no prédio do Instituto, e o trabalho primou pela preocupação de resgatar os traços originais da arquitetura da construção. Sinto realmente como se eu tivesse voltado no tempo. Espero que todos ajudem a mantê-lo assim”, declarou.
Doris foi responsável pela formação da maioria dos atuais professores do instituto. Tanta dedicação renderam uma homenagem à pianista, condecorada com a medalha dos 120 anos do Instituto Estadual Carlos Gomes.
A comenda, produzida em Portugal, traz a imagem do maestro Antônio Carlos Gomes e um trecho de “O Guarani”, uma das obras mais famosas do maestro, que foi o primeiro diretor do conservatório. A medalha também foi entregue ao governador Simão Jatene, que dedicou a condecoração a todos os paraenses. E abriu mão do tempo dedicado aos discursos protocolares para ouvir as apresentações musicais programadas para a cerimônia na sala Ettore Bosio e no jardim da instituição, onde se apresentaram Banda Sinfônica da Fundação Carlos Gomes, os coros Itacy Silva e Carlos Gomes, os cantores líricos do Ópera Estúdio, acompanhados pela pianista Ana Maria Adade, e os grupos Flautas Doces da Amazônia e Sementes do Choro.
Após o descerramento das placas de inauguração e da visita às novas instalações do instituto, o governador Simão Jatene fez questão de ressaltar que o Instituto Carlos Gomes é um espaço público que deve ser mais aproveitado pela sociedade. “Quero conclamar cada um dos paraenses para que arrumem um tempinho e venham até aqui. Além das apresentações que acontecem todos os fins de tarde, tem esse espaço que é maravilhoso e que muitas pessoas nem fazem ideia do quão belo é”, reiterou o chefe do Executivo Estadual.
O superintendente da Fundação Carlos Gomes, Paulo José Campos de Melo, ressaltou que com a revitalização alunos e professores de música agora contam com 14 novas e modernas salas de aula, além das outras 49 já existentes que foram reformadas e equipadas com piso e forro acústicos, conforme exigências do Ministério da Educação (MEC). O investimento total na obra foi de R$ 1.800 milhão.
Campos de Melo acredita que a revitalização também ajudará a projetar o trabalho da Fundação, que boa parte da população ainda não conhece direito. “Grande parte dos paraenses não sabe o que é produzido aqui e tampouco conhece a beleza desse nosso espaço centenário. Com essa obra teremos a oportunidade de mostrar detalhes da nossa instituição e, quem sabe, atrair o interesse de um público maior para esse trabalho maravilhoso que é feito diariamente por nossos alunos e professores”, afirmou.
O prédio central, onde funcionava a parte administrativa da escola, também foi totalmente restaurado. A sala Ettore Bosio foi reformada, e o anexo Henrique Gurjão, que tinha dois andares, ganhou um terceiro pavimento, com novas salas de aulas e banheiros adaptados para pessoas com deficiência. Toda a estrutura de pisos, telhados e instalação elétrica também foi refeita, além da canalização e esgoto e a urbanização dos jardins. O projeto de ampliação, restauração e reforma teve início em fevereiro do ano passado, sob a coordenação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop).
As novas instalações agradaram o pequeno Gabriel Calandrine, que há três anos é aluno do conservatório Carlos Gomes. “Ficou bem mais bonito. Mudou muita coisa, mas mudou para melhor. Agora temos mais espaço para as aulas e ainda ganhamos esse lindo jardim, todo gramado e tem até um chafariz”, observou o menino, que toca flauta doce.
História – Responsável pela formação de músicos no Pará desde 24 de fevereiro de 1895, o Instituto Estadual Carlos Gomes é uma das mais antigas e respeitadas escolas música do Brasil. Ao completar 120 anos, a instituição também será homenageada no XXVIII Festival Internacional de Música do Pará (Fimupa), cuja programação se estenderá por oito dias e destacará composições do maestro Antonio Carlos Gomes. A Fundação Carlos Gomes (FCG) foi criada em 1986 pelo então governador Lauro Sodré, e é a entidade mantenedora do Instituto Estadual Carlos Gomes, antigo conservatório de mesmo nome.
A missão da Fundação Carlos Gomes é difundir a educação musical como instrumento de socialização, promover a inclusão social através da música e garantir ensino musical de qualidade para crianças, jovens e adultos no Pará, por meio de cursos regulares na capital e de ações de interiorização que levam atividades musicais para municípios do interior do Estado.
Para isso, a instituição desenvolve atividades na área de ensino, pesquisa e extensão, atuando na formação profissional de músicos, potencializando talentos e documentando a memória da música regional. Mantém, ainda, diversos projetos voltados para o desenvolvimento da educação musical em todo o Estado, como a interiorização, que, por meio de parcerias com prefeituras e organizações da sociedade civil, possibilita a criação e manutenção de escolas e bandas de música.
O Fimupa também foi idealizado com essa premissa, por isso o evento também conta com uma programação pedagógica à parte, que oferta uma série de cursos, oficinas musicais, masterclasses e encontros com compositores. No total, serão mais de 50 cursos, gratuitos, que capacitarão e qualificarão cerca de 700 músicos, entre alunos e profissionais.