Governo do Pará fortalece cooperativas e famílias que trabalham com reciclagem
Estado entrega equipamentos a cooperativas em quatro municípios, e avança na construção de sistemas produtivos sustentáveis e inclusivos
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) fecha 2025 com um marco social e ambiental: 80 famílias de catadores tiveram suas rotinas transformadas para melhor com a chegada de novos equipamentos e a estruturação de cooperativas nos municípios de Igarapé-Açu, Salvaterra, Salinópolis e Belém.
Essas iniciativas integram a Estratégia Estadual de Economia Circular - Pará Circular, atualmente em elaboração pela Semas, e representam ações preparatórias essenciais para a consolidação, em 2026, de um modelo estadual de transição para sistemas produtivos mais sustentáveis, inclusivos e alinhados às metas climáticas.
Nesse processo, o Estado também criou o Núcleo de Políticas Estratégicas e de Transição Justa (Nupe), responsável por coordenar, articular e monitorar as ações dessa agenda no Pará, conectando investimentos, políticas públicas e parcerias estratégicas.
Nos quatro municípios, as mudanças estruturais permitiram reorganizar fluxos de trabalho, ampliar a capacidade de triagem, aumentar a qualidade dos fardos, reduzir esforços físicos e fortalecer a autonomia das cooperativas. O impacto é direto na renda e nas condições de trabalho das famílias envolvidas.
Equipamento facilita reciclagem - Em Igarapé-Açu, nordeste paraense, foram entregues 100 EPIs (equipamentos de proteção individual), dois carrinhos transportadores, uma balança industrial, uma empilhadeira, uma esteira separadora de 10 metros, uma prensa hidráulica de 12 toneladas e um triturador de vidro.
Já em Salvaterra, no Arquipélago do Marajó, foram disponibilizados dois carrinhos transportadores, uma empilhadeira, uma esteira separadora de oito metros, uma prensa hidráulica de 30 toneladas e um triturador de vidro.
Para Vânia Nunes, representante da Cooperativa Cata Salvaterra, o avanço representa uma mudança histórica no trabalho da coleta seletiva no Marajó. “Nosso trabalho pode ser dividido em dois grandes momentos. Por muitos anos, atuamos de forma árdua, sem dignidade, sem expectativas, com esforço totalmente braçal. Chegamos a pagar para trabalhar, vendendo apenas por volume. Hoje, vivemos uma realidade diferente. O Estado, por meio da Semas, passou a olhar para nós, nos estruturar com maquinários, nos fortalecer e dar visibilidade. Isso nos devolve dignidade e permite que vendamos por peso, com mais autonomia e segurança. Atuamos em um município que integra uma ilha onde o lixo, reciclável ou não, entra em toneladas todos os dias. Por isso, é essencial que todos repensem, reciclem e reutilizem”, ressalta Vânia Nunes.
Em Salinópolis, também no nordeste do Estado, foram entregues uma prensa hidráulica de 30 toneladas e um triturador de vidro, e em Belém está prevista a entrega de 25 EPIs, uma extrusora de isopor de grande porte, um triturador de vidro, dois trituradores de resíduos orgânicos e um triturador têxtil, que devem ampliar a cadeia de valorização de resíduos.
Em Marabá, no sudeste paraense, está prevista a entrega de uma esteira transportadora de oito metros e uma prensa hidráulica de 30 toneladas, para ampliar a produtividade na triagem. Já em Fortalezinha/Algodoal (no município de Maracanã, no nordeste), a expectativa é destinar um moinho formiga, 50 bombonas de 40 quilos com tampa e 20 EPIs, representando um avanço inédito para áreas insulares e destinos turísticos.
Efeito COP30: inovação e inclusão - O ano também marcou a presença do Pará na COP30 (conferência mundial sobre mudanças climáticas), realizada em Belém, em novembro. Durante o evento, a Semas entregou um triturador moinho formiga para reforçar ações de reciclagem em territórios costeiros e insulares, visando à redução de resíduos plásticos que impactam comunidades locais. A participação do governo estadual na conferência mundial reforçou a importância de integrar inovação, inclusão produtiva e economia de baixo carbono, princípios que orientam a construção da futura Estratégia Pará Circular.
Outro marco relevante foi a participação da Semas na inauguração da primeira Central Pública de Reciclagem de Resíduos Orgânicos de Belém, ampliando a infraestrutura necessária para compostagem e destinação adequada de resíduos orgânicos, uma etapa fundamental para reduzir o volume de rejeitos urbanos e fortalecer ciclos de reaproveitamento.
A ampliação da capacidade instalada nessas cooperativas, distribuídas em quatro municípios e responsáveis pelo sustento de aproximadamente 80 famílias, deve triplicar o ritmo de triagem, aumentar a densidade e a qualidade dos fardos produzidos por prensas de 12 a 30 toneladas, permitir a reciclagem local de vidro e isopor com redução de custos logísticos, profissionalizar o manejo de resíduos têxteis e orgânicos, e fortalecer a autonomia operacional das cooperativas.
Contribuição na renda familiar - Esses avanços resultam em maior volume de materiais recuperados, diminuição do envio de rejeitos a aterros municipais e expansão das oportunidades de geração de renda para famílias que dependem da reciclagem como principal sustento.
As ações também se articulam com novos Acordos de Cooperação Técnica, em fase de análise, e com Arranjos ESG (Ambiental, Social e Governança) firmados com o setor privado, envolvendo pontos de coleta de eletrônicos, capacitações para logística reversa, campanhas educativas, estudos gravimétricos, diagnósticos operacionais e a criação do Fórum Estadual de Economia Circular do Pará, que reunirá governo, setor produtivo, academia, sociedade civil e cooperativas.
Para o secretário-adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos, os resultados representam um marco na organização da política estadual. “O Pará avançou, em 2025, na estruturação das bases da sua futura Estratégia de Economia Circular, que combina investimento público, inovação tecnológica e inclusão social produtiva. Quando fortalecemos as cooperativas, ampliamos não apenas a capacidade de reciclagem do Estado, mas também o protagonismo das famílias que transformam resíduos em oportunidade. Esse é um passo decisivo para uma transição justa, alinhada às metas climáticas e ao desenvolvimento sustentável que defendemos para a Amazônia”, destacou o gestor.
Referência - Com cerca de 80 famílias acompanhadas em quatro municípios, e uma agenda crescente de parcerias nacionais e internacionais, o Pará se posiciona como referência amazônica na construção de políticas públicas de economia circular.
A Semas prossegue ampliando investimentos e ações estruturantes. Para 2026 está previsto o Plano Estadual de Economia Circular, consolidando um modelo que une desenvolvimento econômico, inovação e justiça socioambiental.
