Emater encerra 2024 com destaque para políticas inclusivas e práticas sustentáveis no campo
Em Bragança, no Rio Caeté, a magia do Natal enfeita a casa inteira da Família Lopes: sob orientação do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), Maria Ivaneide, de 42 anos, usa papelão reciclado, fibra de bananeira e folhas e flores do quintal para confeccionar guirlanda e presépio.
“Artesanato é uma coisa mágica, uma alquimia, porque transforma o que a gente jogava no lixo em arte, beleza e utilidade”, festeja.
Na comunidade Urubuquara, onde vive com o marido, Raimundo, de 42 anos, e os dois filhos do casal, Nicolas Rangel, de 14 anos, e Nicole Samanta, de 16 anos, a artesã tem resgatado uma história de gerações. “Sou costureira, mas filha de agricultores, e me descobri artesã este ano por causa do incentivo da Emater. Meu marido é filho de pescador. Voltamos a morar na zona rural e sinto que o campo está no meu sangue”, relata a estudante do penúltimo semestre de graduação em Licenciatura em Educação do Campo, pelo Instituto Federal do Pará (Ifpa).
Maria Ivanete faz parte de um contingente de mais de 31 mil mulheres rurais beneficiadas pela assistência técnica e extensão rural (ater) públicas do Governo do Pará ao longo do ano de 2024, de acordo com dados do relatório parcial da Emater, que condensa dados de janeiro a outubro. O atendimento na perspectiva de gênero torna reais políticas afirmativas nos recônditos da Amazônia, com oportunidades de crédito rural em nome de mães solo, capacitações exclusivas para mulheres e documentação complementar para auxílio-maternidade rural.
Na outra ponta, de gestão, a supervisora-adjunta do escritório regional da Emater em Capanema, jurisdição da qual o município de Bragança faz parte, a engenheira agrônoma Michela Belarmino, doutora em Zootecnia, afirma que atuação da Emater reconhece as necessidades específicas das mulheres campesinas. "Aqui no nordeste do Pará, vemos essas mulheres não só no protagonismo da produção agrícola: elas lideram atividades que agregam valor, a exemplo de artesanato. Como extensionista e gestora, me identifico com elas pelo lado técnico e pela compreensão das barreiras que enfrentam. Soluções práticas e inclusivas são importantes para promover iquidade e desenvolvimento rural sustentável”, acredita.
2024 - No ano em que completou 58 anos, em 3 de dezembro, até outubro, a Emater acumulou mais de 84 mil atendimentos: entre esses, mais de 11 mil assentados da reforma agrária, mais de cinco mil e 500 pescadores e mais de três mil quilombolas.
Ainda, foram emitidos mais de 18 mil cadastros nacionais da agricultura familiar (cafs) e inscritos mais de mil e 700 cadastros ambientais rurais (cars).
No mais, por meio de projetos elaborados pela Emater, mais de R$ 45 milhões chegaram às mãos da agricultura familiar paraense. Outros R$ 37 milhões, concernentes a projetos ora em tramitação nos bancos, podem ser liberados entre o revéillon e o início de 2025.
Para o presidente da Emater, o advogado e técnico em agropecuária Joniel Abreu, pós-graduado em Direito e em Ciências Sociais, mestre em em Educação com Ênfase em Políticas Públicas e doutorando em Direito, 2024 termina com gratidão às equipes extensionistas: “Só temos a agradecer a todos os empregados da Empresa pelo serviço prestado em prol do povo paraense. As metas atingidas em 2024 têm como responsável o compromisso de cada um e de cada uma com sua função”, diz.
O titular destaca resultados como a implantação do Sistema de Acompanhamento das Atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (Sisater), a transparência administrativa e a valorização dos povos tradicionais de matriz africana (potmas).
“Em 2025, serão intensificadas as ações, considerando-se a Cop-30 [Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas]. 2025 será rumo aos 60 anos da Emater-Pará!”, anuncia.
Texto: Aline Miranda