Indígenas do Território Alto Rio Guamá aprendem técnicas de brigada de incêndios
Ação ainda contou com diálogo sobre legislação ambiental e discussões sobre medidas efetivas de proteção e gestão territorial
Foi realizada a 1ª Oficina de Capacitação dos Guardiões na aldeia sede, do Território Indígena Alto Rio Guamá, município de Santa Luzia do Pará, nordeste do estado. A ação feita no último final de semana é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (SEPI), Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA), por meio do Governo do Estado.
Além da união dos órgãos, a realização se deu a partir das ações do projeto da Associação do Grupo Indígena Tembé das Aldeias Sede e Ituaçu (AGITASI), pertencente à base da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (FEPIPA), com o apoio da Fundação Re:wild, que atua em parceria com povos indígenas, comunidades, organizações, governos e empresas e tem como objetivos a criação e gestão de áreas protegidas, incluindo a restauração de ecossistemas, tal como a prevenção de crimes contra a natureza.
Cézar Souza é lavrador, da etnia Tembé, e participou o curso. Ele sabe muito bem como é lidar com acidentes que acontecem frequentemente nas regiões afastadas, principalmente envolvendo incêndios florestais.
“Vejo com muita importância o aprendizado que recebemos, porque pudemos aprender a lidar com situações de combate aos incêndios e os primeiros socorros, pra lidarmos com acidentes que acontecem com frequência e afeta bastante os nossos povos. Espero que continuem com esse curso, porque é uma riqueza de aprendizado que ganhamos com as técnicas ensinadas pelos bombeiros”, disse.
Durante os dois dias de oficina, os militares ensinaram técnicas de primeiros socorros e de combate e controle de incêndios florestais, bastante comuns neste período do ano, ocasionados pelo tempo seco e alta incidência de calor do “verão amazônico”.
“As queimadas são muito frequentes neste período do ano e o curso foi importante para que a gente pudesse levar para os indígenas, tanto conhecimento prático quanto teórico, sobre as técnicas básicas de brigada de incêndio até a chegada dos bombeiros. Precisamos dar o suporte que eles precisam para que eles possam fazer a proteção no território deles”, afirmou Laysa Mathias, coordenadora de Planejamento e Desenvolvimento da Sepi.
Ela reforça ainda que, a metodologia do Corpo de Bombeiros foi fundamental para o cumprimento da oficina e a recepção dos alunos foi a melhor possível. “Quero ressaltar que os bombeiros conseguiram repassar de forma muito didática os ensinamentos durante o curso. A comunicação foi muito bem feita e foi imprescindível. Eles conseguiram passar todas as informações que eles precisavam e prenderam a atenção dos alunos. A recepção foi muito positiva”, apontou.
Ações de proteção - Houve também um diálogo sobre legislação ambiental e debates para discutir ações efetivas de proteção e gestão territorial. “É importante a gente entender, de acordo com a realidade de quem vive lá, e posteriormente, a gente consiga articular mais ações para atendê-los”, finalizou.
Na mesma época do ano passado, apesar da seca intensa e vários registros de queimadas, o governo do Pará reforçou a prevenção de combate a incêndios florestais. Nos territórios indígenas, ainda estão previstas duas oficinas de brigada de incêndio, a serem realizadas nas bases etnoregionais de Marabá/Tucuruí.