Pesquisadores e empresários avaliam a cadeia produtiva do cacau
Valorizar a inovação como finalidade do desenvolvimento científico-tecnológico e elemento inspirador do empreendedorismo é o principal objetivo da “Sexta com Ciência”, na definição de Alex Fiúza de Mello, titular da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet). Os debates são realizados pela Secretaria em uma sexta-feira, a cada mês, e reúnem servidores públicos, empresários, pesquisadores e especialistas em cada tema debatido. A edição do mês de abril ocorreu nesta sexta-feira (13) e destacou a “Inovação tecnológica na cadeia produtiva do cacau”.
O palestrante convidado foi o pesquisador e professor Jesus Souza. Doutor em Ciência de Alimentos, ele é atuante na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e no Centro de Valorização Agroalimentar de Compostos Bioativos da Amazônia (CVACBA), localizado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá. Raul Guimarães, superintendente da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) no Pará também participou da discussão, como debatedor.
O tema ganha relevância devido à alta demanda e grande crescimento da produção do cacau em o todo o Estado nos últimos anos. Segundo dados recentes da Ceplac, a safra no Pará, em 2017, ocupou 132.720 hectares, com produção de mais de 120 mil toneladas de amêndoas secas. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que o Estado chegou ao total de 125.104 toneladas na safra do ano passado, o que representa 54% da produção brasileira, superando o Estado da Bahia, referência nacional na produção cacaueira.
Verticalização - Para o pesquisador Jesus Souza, conhecer detalhadamente a cadeia produtiva, principalmente seus gargalos, e saber onde inovar faz toda a diferença para a agregação de valor e verticalização da produção. “Desde a semente e sua replicação para o plantio, pode-se inovar em todo o processo, pois não haverá planta boa se não houver semente boa, e consequentemente não haverá chocolate bom. Precisamos ter todo um conhecimento, para que dentro de cada foco possamos inovar e agregar valor à cadeia”, explicou. Para ele, a criação de um centro de inovação, o qual já vem sendo articulado com a Ceplac, Sectet e Sedap (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca) pode consolidar essas questões.
O professor ainda destacou as pesquisas em relação à pós-colheita, desenvolvidas no CVACBA, onde se faz o acompanhamento da evolução dos compostos bioativos, principalmente os fenólicos, componentes que podem trazer benefício à saúde humana. Segundo ele, é fundamental estudar como esses compostos se comportam no decorrer do processamento, nas etapas de fermentação, secagem e torração, sendo que cada uma delas pode degradar ou produzir novos compostos. “É importante conhecer isso para saber o quanto podemos agregar de valor ao produto final, fazendo com que os compostos se conservem o máximo possível, o que, no futuro, pode gerar um cacau com maior funcionalidade para a saúde do consumidor”, acrescentou.
Prioridade - Raul Guimarães lembrou que a cadeia produtiva do cacau está priorizada na linha de investimento do planejamento estratégico do Governo do Pará, denominado Pará 2030. De forma adicional, a Ceplac tem seu planejamento estratégico com metas até 2022. Para o superintendente, os indicadores da produção de cacau, no Pará, estão servindo de atrativos para investimentos do governo (federal e estadual) e da iniciativa privada na área. “Um debate como esse, organizado pela Sectet, só vem ao encontro da dinâmica de discussões centradas no fortalecimento da cadeia produtiva do cacau no Estado do Pará”, afirmou.
O chocolatier e chefe de cozinha Fábio Sícilia acredita ser necessário que cada um (produtor, indústria, comércio, governo) faça sua parte no processo. “Mas precisamos criar a cultura de nos reunir, debater, precisamos nos integrar”, ressaltou.
“Sexta com Ciência” é uma série de debates sobre temas importantes que visam ao desenvolvimento do Pará a partir do espírito inovador, da prática científica e do uso da tecnologia em favor da redução das desigualdades sociais. A ação está inserida no projeto da Sectet intitulado “Ciência em Pauta”, o qual busca expandir a divulgação de temas relacionados à ciência, tecnologia e inovação.