Projeto Abelha Nativa do IDEFLOR-Bio capacita agricultores familiares
O Projeto Abelha Nativa do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do estado Pará -IDEFLOR-Bio promoveu a capacitação de agricultores familiares de cinco assentamentos rurais, sendo dois do distrito de Mosqueiro, e outros três dos municípios de Santa Bárbara, Castanhal e Acará. A capacitação foi coordenada pelos Técnicos em Gestão Ambiental, Antônio Campos e Daniel Francez da Diretoria de Desenvolvimento da Cadeia Florestal (DDF) do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDEFLOR-Bio), em parceria com o Coletivo Abelha Nativa. A capacitação ocorreu entre os dias 21 e 29 de março.
O projeto tem como objetivo proporcionar aos participantes a formação no manejo básico das abelhas nativas, também conhecidas como abelhas sem ferrão e consequentemente, potencializar a produtividade de mel e outros produtos como própolis e pólen de espécies nativas, além da polinização, um serviço ecossistêmico extremamente importante para a reprodução vegetal e manutenção da biodiversidade.
Ao todo, 66 agricultores familiares participaram desse ciclo de formação, destes, 22 são dos assentamentos Paulo Fonteles e Mártires de Abril, no distrito de Mosqueiro; 14 do assentamento Abril Vermelho, no município Santa Bárbara, 5 do assentamento Olga Benário, no município de Acará, 19 do assentamento João Batista, no município de Castanhal, além de seis estudantes de agronomia do IFPA Campus Castanhal.
A presidente do IDEFLOR-Bio, Karla Bengtson, destaca que o governo do estado por meio do IDEFLOR-Bio, fomenta a difusão do projeto da meliponicultura, e capacita os agricultores familiares, por meio do corpo técnico da Diretoria de Desenvolvimento de Cadeia Florestal (DDF), apresentando técnicas específicas para instalação das colmeias, manuseio, alimentação, entre outras ações.
Durante a formação, os agricultores receberam informações sobre a importância ecológica e econômica das abelhas, a biologia das diferentes espécies, sistemas de criação rústico e racional, tipos de caixas racionais, para acondicionamento das colmeias, ferramentas e equipamento de proteção individual – EPI, implantação e manejo de meliponários, estrutura e manejo das colônias, plantas melitófilas e alimentação complementar, identificação e controle de inimigos naturais, avaliação e divisão de colônias, coleta de mel e pólen, além de tópicos da legislação vigente sobre a criação de abelhas nativas.
O técnico em Gestão Ambiental do IDEFLOR-Bio, Antônio Campos, destacou que durante o curso, foram trabalhados também, conhecimentos teóricos com atividades práticas, como a exposição de colônias de espécies diferentes em caixas racionais, exposição de caixa entomológica com diferentes espécies de abelhas, apresentação de vídeos, do interior das caixas, com demonstração da abelha rainha, operárias e zangões, produção de xarope para alimentação interna, abertura de caixas de uruçus amarelas para o estudo e caracterização das colônias, prática de divisão de colônias, entre outras atividades que tornam o curso mais interessante e eficiente no processo de ensino-aprendizagem.
Para o técnico em Gestão Ambiental do IDEFLOR-Bio, Daniel Francez, a inserção da criação de abelhas nativas representa um novo componente de renda na agricultura familiar através da produção e comercialização de mel e outros produtos como o pólen, própolis, cera e as próprias colônias. "A comercialização de colônias de abelhas nativas no campo e na cidade vem ganhando destaque por oferecer, além da produção de mel e demais produtos, uma vantagem excepcional com a polinização, responsável por cerca de 90% das espécies vegetais nativas, contribuindo para ganhos de produtividade e qualidade da produção vegetal, uma vez que ao passar de flor em flor, as abelhas carregam o pólen e fazem a fecundação, gerando assim a produção da semente e o surgimento de uma nova planta”, disse Daniel Francez.
Barbara Santos, integrante do Coletivo Abelhas Nativa, parceiro do IDEFLOR-Bio, reforça a parceria do coletivo, que contribuiu ministrando o curso de meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão) para integração nos Sistemas Agroflorestais (SAF's). "Acreditamos que nosso objetivo de conhecer para preservar, enfatiza a importância dessas abelhas para o ambiente. Além disso, o recebimento de colônias de abelhas Melipona flavolineata, conhecidas como Uruçu amarela, as quais permaneceram nas localidades, foi um diferencial para que os agricultores assentados ponham em prática a teoria de como criar e manejar as abelhas sem ferrão, a fim de aumentar a produtividade dos SAF's na agricultura familiar".
Para a moradora do assentamento Mártires de Abril, Dona Teo, a capacitação representa uma política pública de grande relevância para a agricultura sustentável e uma vitória para os trabalhadores rurais beneficiários, que tiveram a oportunidade de aprender a partir da vivência prática, proporcionada durante a formação.
O agricultor familiar Anderlan, do assentamento Abril Vermelho, que já trabalha com a criação de abelhas, também participou da capacitação e reforçou que todo conhecimento adquirido será aplicado para fortalecer a sua criação, além de compartilhar com os demais moradores do assentamento. “Achei o curso incrível, aprendi muito sobre abelhas nativas, com o conhecimento adquirido agora já sei como enxamear e manejar as colônias”, disse o agricultor.
O morador do assentamento João Batista, Sebastião, reforçou que o curso contribuirá para o projeto de criação de abelhas nativas, desenvolvido em parceria com o IDEFLOR-Bio e Instituto Federal do Pará (IFPA). “Estamos no terceiro dia de curso, o nosso grupo de meliponicultores conta com 20 famílias, além de representantes da escola de formação do campo. Estamos motivados com o projeto e já construímos o nosso meliponário, agora estamos prontos para manejar as nossas colônias de abelhas nativas”.
A estudante de agronomia do IFPA Campus Castanhal, Nádia Albuquerque, disse que já conhecia um pouco da teoria sobre a criação de abelhas nativas, e com esta oportunidade proporcionada pelo IDEFLOR-Bio, IFPA e Coletivo Abelhas Nativas, pode praticar e aprimorar seus conhecimentos, e chamou a atenção para a importância do projeto para o desenvolvimento sustentável dos assentamentos.
Para o diretor da DDF/IDEFLOR-Bio, o engenheiro florestal, Vicente Neto, o curso contribui para melhorar o desempenho produtivo dos Sistemas Agroflorestais - SAF´s instalados nas comunidades assistidas pelo Projeto de Sistemas Florestais -PROSAF do IDEFLOR-Bio, uma vez que os produtores ao utilizarem dos conhecimentos adquiridos durante a capacitação e instalarem em seus SAf´s, algumas caixas de criação de abelhas, consideradas como as principais polinizadoras em ambientes naturais, favorecem a polinização das espécies florestais e frutíferas, resultando em flores bem polinizadas, o que levará a produção de frutos de melhor qualidade, com bom peso e com sementes em grande quantidade.
"Em contrapartida as abelhas irão ter uma abundância de alimentos pois o pólen das flores são fontes de proteínas e o néctar fonte de açucares propiciando desta maneira uma excelente alimentação para as abelhas, o que favorece a boa qualidade de vida em nossas comunidades assistidas pelo PROSAF", disse o diretor.