Festival de Ópera do Pará é escolhido entre os melhores do Brasil
A cada ano, o Festival de Ópera do Theatro da Paz vem ganhando cada vez mais a simpatia de críticos nacionais. Desta vez o evento, que ocorre nos meses de agosto e setembro na capital paraense, promovido pelo Governo do Estado, via Secretaria de Cultura (Secult), caiu no gosto dos críticos Marco Antônio Seta e Leonardo Marques, ambos jornalistas da publicação Movimento, referência no país quando o assunto é ópera.
Diplomado em Educação Musical e Artes Visuais, conhecido por seus artigos e críticas de óperas em vários veículos de São Paulo ao longo de três décadas, Marco Antônio Seta destaca em sua crítica desta semana a descentralização do eixo São Paulo-Rio na produção de ópera, com destaque para os espetáculos montados em Belém. “O Theatro da Paz, na realização do seu XIII Festival de Ópera, se destacou pela produção de vários espetáculos contando com um super elenco de artistas renomados. Apresentou Mefistofele, de Boito, com a brilhante presença do baixo russo Denis Sedov, que se destacou na interpretação do enviado de Satanás. Brilharam a soprano paraense Adriane Queiroz e o tenor Fernando Portari, sob a direção cênica e iluminação de Caetano Vilela”, descreve.
O Festival, que em 2014 encerrou com Otello, de Giuseppe Verdi, contou com a regência do maestro Sílvio Viegas; do tenor italiano Walter Fraccaro no papel título; do baritono brasileiro Rodrigo Esteves, o baixo Sávio Sperandio, Gabriella Rossi, Andrew Lima, Antônio Wilson Azevedo; todos sob a competente direção cênica de Mauro Wrona. “A produção dessas óperas foi uma vitória do próprio Festival, e esperamos em 2015 poder aplaudir e comentar outras”, escreveu Seta.
Já sobre o balanço final das apresentações de ópera pelo Brasil e sobre escolha dos melhores de 2014, o crítico Leonardo Marques garantiu: “São Paulo e Belém são os grandes destaques. “O Festival de Ópera do Theatro da Paz seguiu em 2014 sua trajetória ascendente. Se, por um lado, manteve suas três montagens tradicionais (realizadas em apenas dois meses, registre-se), por outro, apostou em títulos não muito comuns nos nossos teatros (Mefistofele, Blue Monday e Otello), e todos foram muito bem produzidos e bem recebidos - o que demonstra, também, a evolução do público paraense”, atestou. Para ele, “belas encenações, excelentes vozes, uma orquestra cada vez melhor e com sonoridade mais coesa marcaram a última edição deste importantíssimo festival”.
Os Melhores do Ano segundo o crítico Leonardo Marques:
- Grande destaque do ano: Festival de Ópera do Theatro da Paz, pela programação ousada, com a encenação de três óperas nunca ou quase nunca apresentadas no Brasil.
- Melhor produção de ópera: Le Nozze di Figaro (As Bodas de Fígaro), no Theatro São Pedro, que reuniu excelentes solistas e uma encenação de alto nível.
- Melhor concepção e direção cênica: Caetano Vilela, por seu belíssimo trabalho em Mefistofele, no Theatro da Paz.
- Melhor cenógrafa: Duda Arruk, por Otello, no Theatro da Paz, simplesmente porque não tem concorrente no momento entre os cenógrafos brasileiros.
- Melhor figurinista: Fábio Namatame, por seus trabalhos apresentados nas óperas Le Nozze di Figaro (T. São Pedro), Otello (Theatro da Paz) e Carmen (Theatro Municipal do Rio de Janeiro).
- Melhor iluminador: Caetano Vilela, por Mefistofele, no Theatro da Paz.
- Melhor regente: John Neschling, pelas três óperas que regeu no Theatro Municipal de São Paulo, e, mais especificamente, por sua brilhante direção musical de Salomé. Destaco ainda outros como: Sílvio Viegas (Otello, no T. da Paz), Luiz Fernando Malheiro (Le Nozze di Figaro, no T. São Pedro) e Isaac Karabtchevsky (Madame Butterfly, no TMRJ). Merece também registro o jovem regente Miguel Campos Neto, que conduziu Mefistofele com propriedade (T. da Paz). Neschling, porém, pairou acima de todos neste ano.
- Melhor orquestra: Orquestra Sinfônica Municipal, por sua atuação nas seis óperas da temporada lírica do Theatro Municipal de São Paulo e, mais especificamente, pela memorável interpretação de Salomé. Será muito difícil para qualquer conjunto brasileiro, no curto prazo, tirar da OSM o título de melhor orquestra de ópera do país.
Melhor cantor: empate entre Fernando Portari, por suas atuações como Fausto (Mefistofele, no T. da Paz); Don José (Carmen, no TMRJ – não o vi no TMSP); e Pinkerton (Madama Butterfly, no TMRJ) e Rodrigo Esteves, por suas atuações como Iago (Otello, no T. da Paz); Figaro (Le Nozze di Figaro, no T. São Pedro); e Ford (Falstaff, no TMSP).
- Melhor cantora: Adriane Queiroz, por sua Margherita em Mefistofele, no T. da Paz. Ela participou de apenas dois atos da ópera. Foi o suficiente. Uma pena eu não a ter ouvido em São Paulo como Alice Ford em Falstaff (assisti apenas ao elenco da estreia).
- Revelação: Carla Cottini, por sua Susanna em Le Nozze di Figaro (T. São Pedro).
*Para os destaques individuais, foram considerados apenas artistas brasileiros.