Transplantes representam vida nova para pacientes de hospitais paraenses
Oito meses depois de passar por um transplante renal, a cozinheira Vânia Ribeiro, 46, comemora a volta à rotina. Após enfrentar sete meses de hemodiálise e ter vencido a luta contra a insuficiência renal graças a um transplante no Hospital Regional Público do Araguaia, em Redenção, sudeste paraense, Vânia faz planos para o futuro depois de receber um novo rim.
“Com o transplante, renovei a minha existência por muito mais tempo, e hoje me sinto outra pessoa. Por isso, agradeço à equipe do hospital, que desde o início desse processo, ainda na hemodiálise, sempre me passou segurança e força de vontade, fatores essenciais para a minha plena recuperação”, afirma a cozinheira. Moradora do município de Parauapebas, no sudeste do Estado, mãe de dois filhos, Vânia conta que no início do tratamento ainda chegou a procurar atendimento em Belém, mas a dificuldade de ir para a capital e a grande demanda na fila por transplantes a fizeram desistir de continuar o acompanhamento médico.
“Se não fosse o transplante do Hospital Regional do Araguaia eu dificilmente estaria curada. A oportunidade de fazer todo o tratamento e o transplante na região onde eu moro foi fundamental para eu continuar nessa luta. Aliás, uma luta com final feliz”, relembra, emocionada.
Quem também foi beneficiado com um transplante de rim foi o corretor de imóveis Renato Ribeiro, 34. Vítima de insuficiência renal causada por hipertensão, Renato, que recebeu o novo órgão em agosto do ano passado, integra a lista de 26 pessoas transplantadas desde a criação do Hospital Regional do Sul e Sudeste Paraense, em 2007. A unidade de saúde é a única do interior da Amazônia a fazer esse tipo de procedimento cirúrgico.
Após ter esperado onze meses na fila do transplante, Renato, que já voltou ao trabalho, revela que se surpreendeu com o tratamento recebido no hospital. “Se for dar uma nota, mil ainda é pouco. O atendimento foi um milhão por cento. Desde as sessões de hemodiálise até o acompanhamento da equipe médica pós-cirurgia, tudo foi feito com muito empenho. Por isso, faço questão de divulgar isso e recomendar o hospital para todos os pacientes renais crônicos da região”, afirma o corretor, que ainda cogitou em procurar atendimento fora do Estado.
“O desconhecimento é muitas vezes uma das maiores causas do deslocamento de pessoas em busca de atendimento médico em outros Estados. Eu mesmo já havia me programado para fazer toda a hemodiálise e o transplante em Goiânia (GO). Só não fui porque descobri a tempo as especialidades do Hospital Regional do Araguaia. É isso que mais pessoas daqui da região precisam descobrir”, afirma Renato.
“O Hospital Regional do Araguaia é um hospital de alta complexidade, que tem um nível de qualidade de excelência, segundo os especialistas da área. Para se ter uma ideia, das quatro cidades da Amazônia que fazem transplantes renais, Redenção é a única que não é capital. As outras são Rio Branco, Manaus e Belém. Por isso, dizemos que o trabalho realizado pelo Regional do Araguaia é um trabalho pioneiro e de referência em regionalização dos procedimentos de alta complexidade”, explica o diretor do hospital, Pedro Anaisse.
Segundo Anaisse, o trabalho de alta complexidade do Hospital Regional do Araguaia é feito em parceria com o Hospital Bandeirantes, de São Paulo, que acompanha passo a passo os procedimentos cirúrgicos da equipe de médicos do sudeste do Pará. “Esse acompanhamento é uma exigência do Ministério da Saúde que verifica o nível de qualidade dos serviços de transplantes no país. A expectativa é que, até meados de 2015, a agente conclua essa primeira etapa e a partir daí, possamos viabilizar junto com o governo do Estado a ampliação desses números de transplantes”.