Curso de Medicina da Uepa em Santarém já formou mais de 200 médicos
"A alegria de estudar perto da família só não é maior do que a felicidade de poder ajudar o povo de minha cidade natal". A frase é do jovem Eduardo Henrique dos Santos Maia, 19 anos, aprovado para o curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará (Uepa) em Santarém, no oeste paraense. O estudante, que já havia tentado vestibular para o mesmo curso, afirma que poder estudar perto da família é um dos pontos positivos da política de interiorização do curso.
"Fiz a primeira vez vestibular para Biomedicina, que estudaria em Belém, mas o meu sonho sempre foi Medicina. Fiz o vestibular em 2012, mas não passei. Estou tão feliz não somente pelo fato de poder cursar junto de minha família, mas ainda mais pelo fato de poder estudar na minha cidade e poder, no futuro, ajudar o povo de minha terra, pois é aqui que vou ficar", diz o novo calouro da Uepa.
A Uepa divulgou na última segunda-feira, 12, o listão com os nomes dos aprovados nos processos seletivos 2015 (Prise e Prosel). Foram 95.775 candidatos inscritos, e ofertadas 2.916 vagas para 22 cursos de graduação distribuídos nos campi de Belém e de outros municípios do Estado, entre os quais Santarém.
Eduardo já decidiu que especialidade vai escolher. Ele conta que há cinco anos sua mãe, Zuleide Silva dos Santos Maia, descobriu que tinha câncer no estomago. "O câncer afeta mais que a saúde, ele afeta o psicológico de toda a família. Foi um momento muito difícil. Vi a possibilidade de ficar órfão. Toda a família ficou mal, mas minha mãe se curou dessa doença. Lembro-me do médico que tratou a mamãe. Se teve alguma vez na vida que vi um super-herói, foi a imagem daquele homem. Foi isso que ele foi para mim. Por isso penso em fazer oncologia", revela.
Eduardo Maia afirma ainda que pretende ficar em Santarém e exercer a profissão nos municípios vizinhos também. "Acho que o bom médico tem que ter contato com o povo, com a saúde pública desde cedo. Pretendo exercer a profissão por pelo menos três anos nos municípios do interior e permanecer aqui em Santarém. Existem poucos médicos no país, menos ainda médicos bons e comprometidos com a medicina", diz.
Formação – O curso de Medicina da Uepa em Santarém é o único no interior da Amazônia. Foi criado e instalado em 2006, no primeiro mandato do governador Simão Jatene, que, inclusive, participou da formatura da primeira turma, em junho de 2012, já no segundo mandato. O curso tem ainda o suporte da Residência Médica implantada em parceria como Hospital Regional do Baixo Amazonas, referência em alta e média complexidade no oeste do Pará. Os 40 estudantes que iniciam os estudos anualmente são efetivados na residência médica com opção para várias especialidades.
A coordenadora interina do campus da Uepa em Santarém, Silvania Yukiko Takanashi, explica que já foram formadas seis turmas de Medicina no município, e que a cada ano aumenta o número de estudantes da própria cidade ou de municípios vizinhos. "Esse cenário nos deixa muitos felizes, pois junto com o programa de residência médica temos certeza que o profissional formado vai optar por ficar na região e ajudar a sanar o déficit de médicos, que é uma realidade brasileira", explica.
O curso tem mais de 60 docentes especialistas em diversas áreas. Um dos princípios da formação é a humanização. "Para isso, nosso método possibilita que o aluno tenha contato com a realidades dos hospitais públicos desde o primeiro ano. Dessa forma, eles se tornam médicos mais preparados e sempre à frente", argumenta a coordenadora.
Os 40 aprovados para o curso de Medicina em Santarém devem se matricular entre 26 e 30 deste mês. "No dia 9 de fevereiro começam as aulas da primeira turma de 20 alunos", informa Silvania Takanashi. Hoje, Santarém tem cerca de 170 médicos, dos quais 120 atuam na rede básica de atendimento.