Polícia mantém desocupação sem incidentes graves na Mario Covas
A desocupação de dois terrenos localizados em frente ao conjunto Satélite, em Belém, segue sem maiores incidentes desde as 5 horas desta terça-feira, 27. A operação é coordenada pela Polícia Militar, em cumprimento a ordens judiciais de reintegração de posse expedidas pelos juízes Mairton Marques Carneiro, da 6ª Vara Cível e Empresarial de Belém, e Raimundo das Chagas Filho, da 11ª Vara Cível da Capital.
No início da ação, houve alguma resistência dos invasores, que tentaram impedir a entrada dos policiais nos terrenos ocupados por cerca de 650 famílias. Muitas delas já deixaram o local ao longo da manhã e várias outras também já começam a retirar seus pertences para que as casas erguidas na área sejam desarmadas.
Entre as famílias que deixavam o local estava a do carpinteiro Warlem Santos, de 27 anos. Ele contou que morava ali com a esposa e os dois filhos havia cinco meses. “Pagávamos aluguel quando viemos pra cá, e agora vamos ter que voltar a pagar em outro lugar. Por enquanto, vamos ter que ficar na casa dos nossos familiares”, disse Warlem, enquanto ajudava a carregar seus pertences junto com a esposa até um dos caminhões disponibilizados para transportar as famílias em direção a outro local.
A dona de casa Marciane Barreto, 37, também relatou a mesma situação e disse que saiu pacificamente como forma de resguardar a sua família. “Não adianta brigar agora, o importante é estarmos seguros. Antes, a gente morava de aluguel na Terra Firme, aí viemos pra cá. Agora estou vendo a casa de algum parente para que a gente fique até conseguirmos alugar outra casa de novo”, contou Marciane, que também morava há cinco meses no terreno. Com ela, viviam na casa o esposo - que é feirante -, dois filhos e uma neta.
A Polícia Militar do Pará, que coordena a operação, permanece no local. De acordo com o coronel Leão Braga, cerca de 20% da área já foram desocupados. “Apesar do confronto inicial, o balanço é positivo. Com menos de duas horas de ação, conseguimos ocupar o terreno e dar cumprimento à medida judicial. Nesse tempo, não tivemos nenhum ferido, nem entre os policais e nem entre os moradores. Apesar da tensão, tudo está sob controle. Vamos continuar no local até que todos se retirem”, assegurou o coronel.
Ao todo, a área possui mais de 100 mil metros quadrados. As propriedades, que ficam próximas do conjunto Satélite, possuem entradas pela rodovia Mário Covas, que foi interditada para o desenvolvimento da operação. Com a manifestação dos ocupantes, parte da Avenida Augusto Montenegro também precisou ser isolada no início da ação, devido às “barricadas” montadas pelos moradores para impedir o prosseguimento da operação. Logo depois, a via foi liberada.
Ainda no início da manhã, dois ônibus foram incendiados na Mario Covas. Parte da via permanece interditada, e agentes de trânsito orientam os motoristas e pedestres sobre a interdição, indicando vias alternativas até o fim do bloqueio. Uma delas é entrar por dentro do conjunto Satélite para chegar até a Rodovia Augusto Montenegro. No final da manhã, peritos do CPC (Centro de Perícias Científicas) faziam a averiguação dos coletivos para auxiliar num possível inquérito policial.
A operação envolve no total cerca de 300 policiais militares de diferentes unidades do Comando de Missões Especiais, Policiamento Especializado e Policiamento da Capital. Também foi acionado o efetivo do Corpo Militar de Saúde e do Grupamento Aéreo da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), que estão mobilizados para a ação operacional e atendimento emergencial, condução e controle nas ações. Os desdobramentos contam ainda com o trabalho integrado da Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran) e Polícia Rodoviária Estadual, com apoio da Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob).