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Sespa promove curso de atualização em doença de Chagas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
24/02/2015 19h27

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) promoveu na segunda-feira (23), no auditório do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Iesam), o Curso de Atualização em Doença de Chagas, destinado a médicos e enfermeiros dos municípios de Belém e Marituba, já que os dos demais municípios da Região Metropolitana de Belém (RMB) já haviam participado de capacitação anterior.

A Coordenação Estadual de Doença de Chagas pretende intensificar capacitações in loco para facilitar a participação dos profissionais. O objetivo do curso é preparar os profissionais de saúde para o diagnóstico precoce em casos suspeitos de doença de Chagas, que é endêmica no Pará.

Em 2014, foram confirmados 140 casos de doença de Chagas aguda em 26 municípios, com duas mortes (em Ponta de Pedras e Abaetetuba). A maioria dos casos (79,65%) ocorreu por transmissão oral. Os municípios que apresentaram maior número de casos em 2014 foram Belém (27), Abaetetuba (24), Barcarena (19), Curralinho (13) e Muaná (08).

O curso foi ministrado pela médica cardiologista Dilma Souza, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do Ambulatório de doença de Chagas do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB).

Segundo Dilma, o conteúdo incluiu a situação atual da doença de Chagas no Pará, abrangendo os aspectos de prevenção; ações de higiene alimentar, principalmente cuidados com o açaí; suspeição da doença de Chagas; sinais e sintomas mais comuns da doença no Estado; e o diagnóstico precoce e o tratamento na fase aguda.

O diagnóstico precoce é fundamental nos casos de doença de Chagas porque, quanto mais tempo o paciente leva para iniciar o tratamento, mais danos o parasito Trypanosoma cruzi causa no organismo, principalmente no coração. Um paciente com suspeita da doença precisa ser logo notificado e imediatamente encaminhado para exame e início do tratamento, visando à redução das sequelas, uma vez que a doença de Chagas não tem cura.

Todo paciente agudo torna-se crônico com ou sem sequelas. Embora a sorologia do paciente possa dar negativa para a doença após algum tempo, o parasito permanece no tecido e o estrago que faz no coração é irreversível. Por tudo isso, o paciente com Chagas recebe medicamento específico por dois meses e permanece sob acompanhamento pelo período de cinco anos.

Manual - No dia 26 de dezembro de 2012, a Sespa publicou a Portaria nº 1.619, que estabelece a Rotina de Seguimento Ambulatorial da Doença de Chagas no Pará em toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de garantir atendimento clínico adequado aos pacientes com doença de Chagas no Pará, cumprindo o protocolo clínico instituído pelo Ministério da Saúde.

Na prática, a portaria resultou no Manual de Recomendações para Diagnóstico, Tratamento e Seguimento Ambulatorial de Portadores de Doença de Chagas, que foi elaborado por Dilma Souza e pela médica infectologista Rita Monteiro, e vem sendo distribuído aos profissionais de saúde, principalmente médicos, enfermeiros e estudantes de medicina, que atuam na rede pública de Saúde.

O manual enfatiza os aspectos da clínica, do diagnóstico e do tratamento da doença e, em especial, da cardiopatia chagásica aguda, assim como condutas que devem nortear o tratamento de grupos especiais como crianças, gestantes e lactentes.

Apesar do trabalho de capacitação que vem sendo feito na RMB e no interior do Estado, Dilma disse que “há dificuldades no diagnóstico porque a fase inicial é muito semelhante com doenças infecciosas febris que são comuns na região, como febre tifóide, malária, calazar, dentre outras, o que retarda a suspeição e dessa forma o tratamento específico para Chagas”.

Então, para melhorar o fluxo do atendimento de casos suspeitos, além de promover capacitações e divulgar o fluxo de atendimento nos polos de referência, as instituições envolvidas na questão trabalham na divulgação de informações nas redes sociais e na mídia. “Um dos principais problemas da infecção aguda está no desconhecimento do mecanismo de contaminação dos alimentos especialmente o açaí, para isso estão em desenvolvimento projetos locais para investigação da forma como o açaí é contaminado”, informou a cardiologista.

Desde 2011, o HUJBB é referência estadual em Doença de Chagas. É para ele que devem ser encaminhados os pacientes em estado mais grave, enquanto o Hospital de Clínicas Gaspar Vianna funciona como referência em casos de acometimento cardíaco grave em fase aguda ou crônica.

O Plano Estadual de Intensificação das Ações de Controle da Doença de Chagas inclui atividades de vigilância epidemiológica e sanitária, pesquisa de reservatórios animais, vigilância laboratorial e assistência. O papel da Sespa é apoiar os municípios, com assessoria técnica e capacitação profissional para que o serviço funcione da melhor forma possível.

A doença de Chagas é transmitido pelo barbeiro infectado, que ao picar uma pessoa sadia deposita fezes contaminadas no ferimento, permitindo a entrada do parasito Trypanosoma cruzi na corrente sanguínea. A doença também pode ser transmitida por via oral, com alimentos contaminados pelo barbeiro.

Na fase aguda, os principais sintomas são dor de cabeça, febre, cansaço, edema facial e dos membros inferiores, taquicardia, palpitação e dor no peito e falta de ar. Como os sintomas iniciais parecem com o de outras doenças, a pessoa deve procurar atendimento médico imediato para fazer exame e ser referenciado para o serviço especializado.