Programa de Qualidade do Açaí discute a pasteurização do produto
O grupo de trabalho que integra o Programa Estadual de Qualidade do Açaí (Peqa) reuniu-se nesta quarta-feira, 25, na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) para discutir os problemas que dificultam o avanço do processo de qualificação do açaí no Pará.
A polêmica sobre a pasteurização do açaí foi um dos temas da reunião que iniciou a discussão sobre a repercussão negativa para o Estado de uma possível contaminação do produto, que é exportado para mercados nacionais e internacionais.
Os Estados Unidos são os únicos que exigem a pasteurização, técnica que elimina qualquer contaminação. Mas o mercado brasileiro não aceita o açaí pasteurizado por causa da alteração de cor e sabor do produto, por isso, grande parte das agroindústrias paraenses não têm interesse em investir no equipamento, que custa em torno de 130 mil reais.
A indústria Petruz de Castanhal é uma das poucas que exporta açaí para o exterior, 60% da produção são pasteurizados e os 40% de açaí não pasteurizado vão para o Rio de Janeiro e São Paulo. “Pasteurizar cada quilo de açaí custa 10 centavos mais caro”, informou o empresário Nivaldo Santos, do grupo Petruz.
A discussão sobre a necessidade de pasteurizar todo o açaí exportado pelo Estado decorreu do caso Everton Costa. O ex-jogador do Vasco teve uma arritmia cardíaca em abril do ano passado, mas só agora foi divulgado que o problema foi consequência da doença de Chagas transmitida pelo besouro “barbeiro”, comumente encontrado no fruto do açaizeiro.
“Precisamos avançar nessa discussão para evitar um novo caso da doença e não sermos surpreendidos com uma determinação do Ministério da Agricultura. Não será fácil desconstruir uma imagem negativa para o Estado”, alertou o gerente de fruticultura da Sedap, Geraldo Tavares.
A presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Pará (Sindfrutas), Solange Mota, informou que o problema maior está nas agroindústrias clandestinas que fornecem o produto sem fiscalização. “A pasteurização é cara, mas existem linhas de financiamento para a aquisição do equipamento, porém é preciso trabalhar melhor a questão cultural sobre o sabor da bebida”, ponderou Solange.
A questão deverá ser discutida em nova reunião com representantes de todas as indústrias para fundamentar uma proposta a ser encaminhada à Câmara Técnica do Açaí.
Branqueamento
Outro assunto importante discutido na reunião do Programa de Qualidade do Açaí foi sobre a venda artesanal, já que a maioria dos batedores não está cumprindo as boas práticas de manipulação do produto. A fiscalização da Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) constatou que muitos batedores que receberam o branqueador cedido pelo Governo do Estado não têm estrutura para funcionar ou usam inadequadamente e alguns tentaram vender o equipamento.
Dos 100 batedores beneficiados, somente 40 receberam o selo de qualidade idealizado pelo Peqa para destacar o bom profissional e servir de referência ao consumidor sobre os locais onde pode comprar açaí com segurança. A prefeitura de Belém é responsável pela criação de uma campanha publicitária para divulgar a importância do selo de qualidade do açaí.
A campanha vai incluir a população como parceira do programa, orientando o consumidor a denunciar os pontos de venda que não cumprem as normas da vigilância sanitária e não usam o branqueador. O equipamento é usado na higienização do fruto e elimina quase 100% dos agentes de contaminação do produto, especialmente o Tripanossomo Cruzis, causador da doença de Chagas.