Painel discute pecuária sustentável na agricultura de base familiar na Amazônia
Evento no Pavilhão Pará, na COP30, abordou a política pública pioneira que promove a rastreabilidade animal
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e instituições parceiras apresentaram, na terça-feira, no Pavilhão Pará, na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, os avanços do Programa de Pecuária Sustentável, iniciativa que integra desenvolvimento agropecuário e responsabilidade ambiental.
No painel “A pecuária como aliada da agricultura familiar na Amazônia”, representantes da Adepará, Imaflora, Fundação Solidariedade e Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável discutiram estratégias para ampliar a política pública por meio da assistência técnica aos pequenos produtores, promovendo práticas sustentáveis nas propriedades rurais com criação de bovinos e bubalinos.
Inclusão de agricultores familiares - Na região da Transamazônica, o programa já alcança 800 famílias, das quais 76% têm na pecuária sua principal fonte de renda. Para as instituições envolvidas, fortalecer esses produtores é essencial para consolidar uma pecuária compatível com a agenda climática global.
A fiscal agropecuária e veterinária Barbra Lopes, coordenadora de Rastreabilidade e Cadastro Agropecuário da Adepará, destacou o papel estratégico da agricultura familiar no setor.
“A promoção da cadeia da carne no Pará passa pela agricultura familiar. Eles são a base. É muito importante que o Governo, por meio da Agência de Defesa Agropecuária, leve essa política a regiões onde pequenos produtores criam bovinos e bubalinos”, afirmou.
Experiências na Amazônia - Representantes da Adepará e Imaflora citaram a experiência do Assentamento Tuerê, considerado um caso de referência graças à assistência técnica e ao processo de regularização ambiental.
O Tuerê participa de uma articulação multissetorial que envolve órgãos públicos, organizações da sociedade civil e empresas privadas — entre elas JBS, TNC, Imaflora e Fundação Solidariedade — para auxiliar produtores a aderir ao processo de requalificação comercial e retorno ao mercado formal.
Rastreabilidade e regularização - O coordenador de Políticas Públicas do Imaflora, Bruno Velho, ressaltou o avanço do Protocolo “Boi na Linha”, que fortalece o monitoramento e a rastreabilidade dos fornecedores diretos e indiretos. “A requalificação comercial tem sido um instrumento essencial para a reinserção desses produtores no mercado”, declarou.
Articulação multissetorial - Para Paulo Lima, gerente de Programas da Fundação Solidariedade, a política de rastreabilidade tem sido fundamental para inserir agricultores familiares no mercado formal.
“Fomentar a rastreabilidade na pecuária de base familiar é um desafio. O caso do assentamento Tuerê mostra como a união entre poder público, sociedade civil e setor privado cria condições para que as famílias entendam a importância da rastreabilidade e percebam seus benefícios. Essa articulação multissetorial é promissora, porque cada ator contribui com sua expertise. Ainda há muito a avançar para tornar a política mais atrativa ao pequeno pecuarista, mas a experiência no Tuerê indica um caminho consistente”, avaliou.
O olhar para o produtor - Para Barbra Lopes, mais do que tecnologia e protocolos, o programa deve manter foco nas pessoas. “É preciso olhar para o programa entendendo o ser humano que produz alimentos na Amazônia”, afirmou.
