Transexuais recebem oficina de saúde integral da UnB em parceria com a Sejudh
Membros do Coletivo de Homens Transexuais do Pará, ligados à Gerência de Livre Orientação Sexual (Glos) da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), participaram da Oficina de Saúde Integral para Homens Transexuais promovida pelo Núcleo de Estudos em Saúde Pública (Nesp) da Universidade de Brasília (UnB), na sexta-feira (14), no auditório da Sejudh.
A ação parceira da Sejudh faz parte da pesquisa intitulada “Análise do acesso e da qualidade da atenção integral à saúde da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Sistema Único de Saúde (SUS)”, que visa mapear, identificar e compreender as dimensões do acesso dos sujeitos da pesquisa aos serviços de atenção à saúde – bem como sua qualidade – na perspectiva desses usuários, profissionais e gestores.
O projeto objetiva ainda fazer entrevistas com os profissionais de quatro unidades de saúde da capital e com o gestor municipal de saúde de Belém. O pesquisador que coordena os trabalhos na Estação Norte da pesquisa, Edu Turte Cavadinha, diz que a pesquisa nacional quer buscar dados para que se possa fomentar políticas públicas voltadas a essas pessoas. “Precisamos ouvir os transexuais e saber como os serviços de saúde pública estão sendo ofertados e esses usuários para que possamos alavancar as políticas de saúde voltadas a eles”, afirma.
Edu Cavadinha, que também é transexual, ressalta a importância dos transexuais serem reconhecidos politicamente na sociedade. “As identidades transexuais não podem interferir no atendimento a eles, pois muitos profissionais da saúde nem sabem o que é uma pessoa trans, por isso estamos ouvindo as partes envolvidas para melhorar a política de saúde a esses usuários”, explica.
O coordenador do Coletivo de Homens Trans do Pará, Davi Miranda, destaca a importância de uma estrutura de saúde diferenciada no atendimento a LGBTs. “Essa estrutura deve contemplar, principalmente, as necessidades básicas de saúde dos trans e demais LGBTs”, comenta.
Davi, arquiteto e homem transexual, revela ainda as dificuldades encontradas no acompanhamento psicológico no processo de transição. “Estamos lutando para garantirmos o direito de um suporte psicológico no período de transição da pessoa transexual. Sofremos muito com rejeições no início, principalmente da família. Alguns chegam a ser expulsos de casas ou tentam suicídio, o que causa vários traumas. Sofremos exclusão em todos os aspectos e é extremamente necessário o acompanhamento psicológico”, defende.
O representante dos homens transexuais do Pará no Comitê Nacional de Saúde Integral LGBT e membro da Glos, Raicarlos Durans, destaca a relevância da promoção dos direitos humanos da sociedade LGBT fetos pela Sejudh. “É essencial para a Sejudh, por meio da Glos, desenvolver essa política de saúde integral para a população LGBT do Estado. Essa oficina é produto de uma pesquisa que demonstra a necessidade de uma política de saúde mais eficiente, por exemplo, muitos trans, hoje, fazem o tratamento hormonal e precisam do auxílio do Estado, ou então correm risco até de vida ao buscar fontes clandestinas”, relata.
A pesquisa da UnB no Pará ainda passará, no próximo mês, pelo município de Santarém. Na oportunidade, os pesquisadores ouvirão os homens transexuais na oficina de saúde integral e entrevistarão profissionais e gestores de saúde da cidade.