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Comunidades de São Caetano de Odivelas e Marajó são alfabetizadas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
19/08/2015 16h51

Idosos na faixa de 60 a 70 anos de idade aprendem a escrever e ler nas aulas do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (Mova Pará Alfabetizado), desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Uma formação continuada reúne nesta semana 60 alfabetizadores e coordenadores de turma. A abertura das atividades ocorreu nesta quarta-feira(19), no Hotel Mangal, à beira do rio Mojuin.

Sob a supervisão da coordenadora regional do Mova Seduc, Roberta Pinheiro, e da coordenadora municipal em São Caetano de Odivelas, Shirlane Santos, a programação segue até sexta-feira (21). "O Mova Pará Alfabetizado conta com 55 turmas em São Caetano de Odivelas, ou seja, atende a cerca de 400 estudantes, entre pescadores, agricultores, donas de casa, marisqueiros, apicultores e caraguejeiros", diz Roberta.

A abertura da programação – em sequência a uma formação inicial dos alfabetizadores e ooordenadores de turma, no começo do ano letivo – foi marcada pela apresentação do Grupo de Caribó da Melhor Idade do Rio Mojuin (integrado, inclusive, por  alunos do Mova) e pela exposição de trabalhos artesanais  confeccionados pelos estudantes do programa. A banda de música Milícia Odivelense, integrada por jovens do municípios, apresentou-se aos educadores e estudantes.

Na formação continuada, os educadores assimilam técnicas pedagógicas para trabalhar a relação ensino-aprendizagem em sala de aula, com destaque para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. As aulas do Mova Pará Alfabetizado são ministradas à noite em escolas municipais de São Caetano de Odivelas, em parceria com a rede municipal de ensino.

Identidade – Na alfabetização de senhores e senhoras os educadores não abrem mão dos saberes e da realidade dos moradores das comunidades de São Caetano. "Alguns alunos têm uma base de estudos, mas outros não. Trabalhamos a realidade deles em sala de aula. Na matemática, usamos as quantidades de frutas e verduras do trabalho na roça e também a atividade relacionada aos caranguejos. No ensino da língua portuguesa, são trabalhados os nomes dos animais, frutos e produtos da roça, como milho, e outros elementos que integram a identidade dos alunos", afirma a alfabetizadora do Mova, Francinete Lima Cardoso, 33 anos.

Francinete ministra aulas para oito alunos na Escola Municipal Professor Teodoro de Oliveira, no Alto Canapu, interior de São Caetano de Odivelas. "Muitos alunos chegam cansados do dia de trabalho na roça, e, então, procuramos passar os conteúdos com uma conversa descontraída, afetuosa", assinala. As aulas do Mova têm duração de oito meses, e os alunos concluintes podem, então, ingressar nas etapas da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Em muitos casos, o educador do Mova tem de mostrar a alguns papais e vovôs como segurar um lápis e uma caneta. Coordenadora de sete turmas em escolas da sede e no interior do munícipio, Ana Célia Alves destaca que a cada mês é trabalhado um tema central para discussão em sala de aula, além das atividades rotineiras nas escolas. Neste mês, o tema central é "Respeitando a Terceira Idade", em que são enfocados os direitos e cuidados referentes aos idosos.

Resgate – Shirlane Santos informa que os educadores seguem de carro, de moto e de barco para comunidades para garantir as atividades pedagógicas aos cidadãos. “Os alunos às vezes ficam uma semana sem aparecer na aula, por conta do trabalho, mas quando voltam vêm com vontade de aprender. Em geral, eles não tiveram chance de estudar quando crianças e jovens", observa.

A vontade de aprender e de se integrar foi o que fez o pescador aposentado Raimundo Dias, 76 anos, frequentar as aulas do Mova. "Gosto de estudar e de estar com as pessoas, sempre em atividade, porque a gente está sempre aprendendo nesta vida", afirma. Maria Madalena Zeferino de Barros, 79 anos, igual a Raimundo, atua no grupo de carimbó que se apresentou na abertura do evento. "É muito bom aprender, e posso, assim, ajudar os meus filhos  com o que aprendo", ressalta.

Na mostra de produtos artesanais "Oficina: Compartilhando Saberes do Mova", os alunos expuseram artigos como cestos, paneiros, tapetes, canetas e cadernos decorados, artigos de decoração, peso de porta e dobraduras de papel. Os produtos servem para que as famílias obtenham uma renda extra além das atividades de pesca, basicamente, Em todas as atividades do Mova, educadores e estudantes ratificam a identidade de São Caetano de Odivelas, conhecido pela grande quantidade de caranguejo e pela animação dos bois de máscaras Tinga e Faceiro atrelada à alfabetização de quem nunca perde o gosto pelo saber.

Marajó – A ilha também recebeu profissionais capacitados para atuar no processo de alfabetização de jovens e adultos, por meio do Mova Pará Alfabetizado, que, de segunda a esta quarta-feira (19), promoveu mais uma formação continuada, com a participação de 74 formandos, entre eles coordenadores e alfabetizadores dos municípios de Curralinho e Muaná.

A construção de materiais para alfabetização, trocas de experiências, momentos de socialização, produção de instrumentos e orientação aos profissionais fizeram parte da programação. No decorrer das atividades foi proposta uma troca de experiências, em que os coordenadores e alfabetizadores falaram de suas histórias de dificuldade e superação.

Segundo a coordenadora regional do programa, Wanice Camila, as histórias compartilhadas serviram de incetivo e apóio mútuo aos formandos e ajudaram também na avaliação dos resultados que o Mova está alcançando. “Temos na região do Marajó inúmeras histórias compartilhadas, que servem de estímulo para o exercício desse trabalho desenvolvido pelos coordenadores e alfabetizadores, que além de receberem a ajuda de custo, têm uma boa vontade de trabalhar e ajudar o próximo”, diz.

O Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos é um programa destinado a pessoas com a faixa etária de 15 anos em diante, que nunca estudaram ou não completaram os estudos, considerados analfabetos funcionais. O objetivo é alfabetizar e dar continuidade a vida escolar. Para a alfabetizadora Leonor Ferreira, 54 anos, a percepção de que as pessoas da região precisavam ser alfabetizadas a motivou para que pudesse colaborar com o projeto.

“Quando percebi que as pessoas precisavam da nossa ajuda, nesse caso, da minha ajuda para alfabetizar, procurei os profissionais responsáveis e disse que queria fazer parte do projeto”, diz, destacando a satisfação em ver os resultados dos alunos. “É gratificante vermos alunos que não conseguiam sequer escrever o nome, e que hoje conseguem tirar documentos e ler livros”, finaliza.