Mostra de Cinema e Direitos Humanos fomenta a cultura no sistema prisional
Fruto de parceria entre Seap, Senappen e CNJ, a ação didática realizada em duas unidades penais da Região Metropolitana de Belém, contemplou mais de 60 custodiados
No Pará, mais de 60 internos em unidades penais, da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), participaram entre 14 e 18 de julho de atividade de entretenimento educativo, promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), juntamente com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O principal objetivo é estimular de cultura e arte com o auxílio de produções cinematográficas.
A 1ª Mostra de Cinema é uma das ações do Plano "Pena Justa", iniciativa do CNJ que visa garantir dignidade às pessoas privadas de liberdade, aperfeiçoar as condições dentro das unidades e promover a ressocialização. A ação também contou com o apoio da Universidade Federal Fluminense (UFF), e outros ministérios, sendo realizada simultaneamente em todos os estados.

Programação - No Pará, a ação ocorreu na Unidade de Custódia e Reinserção Feminina de Ananindeua (UCRF Ananindeua) e Unidade de Custódia e Reinserção de Marituba I (UCR Marituba I), ambas na Região Metropolitana. Foram exibidos blocos com cinco filmes, que abordam problemas sociais e direitos humanos. Durante a atividade, houve intervalos para alimentação e conversas sobre o conteúdo de cada obra. Ao final, todos produziram resumos do que assistiram, expondo suas interpretações e aprendizados sobre o que foi exibido.

Além de benefícios pedagógicos baseados nos temas abordados, o cumprimento das 12h preenchidas pelas exibições é crucial para a validação da remição de pena. Na ação, a presença dos internos e as atividades executadas são diretamente acompanhadas, informou Fernanda Almeida, assistente técnica estadual, do Programa "Fazendo Justiça", do CNJ.
“O principal ganho para essas pessoas privadas de liberdade na mostra é que elas vão remir pena. Por isso há todo o acompanhamento com uma frequência. Eles vão precisar fazer relatórios dos filmes, colocar a percepção deles, da forma que entenderam cada obra. Temos mobilizado o Judiciário, que, ao receber esse encaminhamento que a Seap vai fazer, possa creditar o número de pena para essas pessoas que participaram da mostra”, explicou a assistente técnica.

Diálogos - Para a pedagoga da UCRF Ananindeua, Natali Benassuly, a atividade gera reflexões saudáveis por meio dos filmes. “Ao longo da semana, nós fomos dialogando sobre os filmes. Eu pergunto para elas o que sabem sobre direitos humanos, o que é direitos humanos para elas, que são o foco principal da mostra. Pode parecer muito tangível pra gente perto, mas para elas é distante pela realidade socioeconômica da nossa população carcerária. E esse evento trouxe dignidade, de alguma forma, para essas pessoas privadas de liberdade”, disse a pedagoga.
Maria da Assunção, custodiada na UCRF Ananindeua, contou que pretende cursar faculdade de Pedagogia, e os filmes lhe despertaram um sentimento de perseverança para alcançar esse objetivo. “Quero muito fazer uma faculdade de Pedagogia. E, mesmo custodiada hoje sei que é possível, sim. E eu vou realizar meu sonho através disso tudo que eu pude aprender. O que eu quero, eu posso conseguir se persistir. É um sentimento muito bom. Eu sou muito grata”, acrescentou.
Texto: Fernanda Ferreira, estagiária sob supervisão, no NCS/Seap