Assistência da Emater fortalece merenda escolar a 17 mil alunos em Canaã dos Carajás
Agricultura familiar garante frango caipira, mel e pitaia em escolas
O escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Canaã dos Carajás, no sudeste paraense, planeja, para 2025, junto com a Prefeitura, ajudar a aumentar em mais de 65% o número de agricultores que fornecem para a merenda escolar do município: de atuais 42 famílias para pelo menos 70.
A expansão imediata do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) foi um dos assuntos de uma reunião multiinstitucional, na terça-feira (10), na sede da Emater, no bairro Centro, com cerca de 100 agricultores e convidados do Banco da Amazônia (Basa).
Também estiveram presentes representantes da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural (Seprod), que atuam em parceria direta com a Emater.
Para o chefe do escritório local da Emater em Canaã dos Carajás, o engenheiro ambiental Matheus Sousa, especialista em Geotecnologia, o resultado advém da integração das entidades.
“São diversos atores sociais e institucionais envolvidos. A Emater prepara o agricultor para o mercado, dá assistência técnica, o agricultor torna-se apto para oferecer o produto na chamada pública", disse ele.
"A Semed realiza reunião, identifica novos itens que possam ser introduzidos, de acordo com a lei do Pnae [Lei n º11.947]. Tem a Seprod, que dá os instrumentos necessários para que o agricultor possa produzir: faz a gradagem da área, por exemplo; certifica com o selo artesanal. É uma sincronização e todos unidos em prol do agricultor”, resume o engenheiro ambiental, Matheus Sousa.
A projeção de mais quantitativo é embasada pela formalização, em 2024, de mais uma cooperativa e de uma Associação: a Cooperativa dos Produtores e Horticultores de Canaã dos Carajás e Região (CoopHCcar) e a Associação dos Produtores Rurais da VS 14 e Região (Elpará).
As entidades somam-se à Cooperativa Agroecológica e da Agricultura Familiar de Carajás (Cooafac) e à Cooperativa Mista dos Produtores Rurais da Região de Carajás (Cooper) como porta-vozes de comunidades rurais que já abastecem ou com significativo potencial de abastecimento de 30 estabelecimentos de ensino das redes municipal e estadual.
Merenda escolar mais nutritiva
São mais de 17 mil alunos, nos três turnos, de bebês a idosos, usufruindo de refeições com produtos como açaí na tigela, frango caipira, queijo muçarela, pitaia em natura e mel em sachê, dentro de creches, escolas de nível fundamental, escolas de nível médio e unidades de Educação de Jovens e Adultos (Eja), nas zonas urbana, periurbana e rural.
“A Emater é um ponto-chave para alavancarmos um processo que beneficia vários aspectos da sociedade: cadeias produtivas, segurança alimentar e nutricional, economia solidária, desenvolvimento sustentável. Quanto mais houver colaboração, seja em nível de governo, seja em nível de terceiro setor, mais alcançaremos bons desfechos e continuidades. A Emater e a Seprod nos conectam com o dia a dia e a realidade dos agricultores, porque estão lá na ponta”, indica a responsável técnica pelo Pnae em Canaã dos Carajás, da Semed, Andréa Pinto, nutricionista, especialista em Nutrição Clínica e especialista em Nutrição em Alimentação Escolar.
A gestora destaca a importância do Pnae como contexto de saúde pública e o uso estratégico dos recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE): “Nossos esforços direcionam-se a alimentação saudável, com produtos frescos, os quais contam a história de Canaã, a cultura da população e nossa identidade múltipla e miscigenada: oferecemos carnes, iogurte, saladas diversas, entre outras propostas. Conseguimos superar a meta do uso dos recursos em mais de 100%, pelos dados de 2023”, detalha.
Uma das novidades para 2025 é a inclusão de broas, biscoitos e outras iguarias veganas, sem qualquer ingrediente de origem animal.
De ponta a ponta
Na Vila Nova Jerusalém, na Região das Vicinais das Águas, o casal Marcos Ávila, de 27 anos, e Vera Lúcia Alves, de 26 anos, espera o primeiro filho ou filha, com previsão de nascimento em julho do ano que vem: pelo sexo biológico, se for menino, Alfredo; se for menina, Aminata.
“Nossa criança completará nossa história de tradição, trabalho, dignidade e movimento social. Para o agricultor familiar, cada geração indica sucessão familiar, ciclo socioeconômico. Quando nosso filho ou filha chegar à idade escolar, por exemplo, receberá na escola alimentos produzidos pela nossa própria familiar”, diz Marcos, presidente da CoopHCCar.
A liderança considera a Emater a “madrinha” da Cooperativa: “Eu posso dizer que, sem a Emater, a Cooperativa não existiria, porque nós nos criamos a partir da demanda de organização de agricultores, que já estavam sendo mobilizados e se mobilizavam para as chamadas públicas”, explica.
Texto de Aline Miranda
