Feira de aniversário da Emater tem 'nutella da Amazônia', o creme de chocolate nativo
Nesta quarta-feira (4), evento foi especial pelo aniversário de 59 anos da Emater
Na manhã desta quarta-feira (4), nos jardins do escritório central da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará, em Marituba, 15 famílias agricultoras da Região Metropolitana de Belém (RMB) expuseram e comercializaram produtos diversos, na edição especial da Feira de Agricultura Familiar e Artesanato, pelo aniversário de 59 anos da Emater, completos na terça-feira (3). Entre as iguarias, havia o creme de chocolate nativo de Barcarena, uma versão amazônica de “nutella”, segundo os produtores rurais.
A Feira também disponibilizou mel diretamente da floresta de Benevides e frutas de achado e sabor diferentes, como bacuripari e cacauí, de pomares de Marituba. “A Feira organizada pela Emater serve não só como canal de comercialização, mas como vitrine, divulgação e fortalecimento das marcas”, resume a engenheira agrônoma Vanessa Cruz, especialista em Avicultura, do escritório local da Emater em Benevides.
Vanessa acompanha uma caravana de quatro produtores do município. “São negócios que valorizam tradições e fortalecem segurança alimentar e nutricional, como costura criativa e mel”, aponta
Outro destaque no evento é a presença de mulheres empreendedoras, sob o atendimento da Emater pela perspectiva de gênero.
A Associação Agroextrativista Natur’Arte do Cafezal (Natu’Arte) representa a comunidade do Cafezal, na rodovia Moura Carvalho, no Km 3 da PA-151, em Barcarena. Ali, por meio de projetos do escritório local da Emater, 59 mulheres receberão, até o fim do ano, a primeira parcela do Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais (Fomento Rural), no valor de R$ 2 mil e 600, de um total de R$ 4 mil e 600, para investir em empreendorismo.
São chefes-de-família entre 22 a 60 anos, a maioria solteira, divorciada ou viúva, sustentando sozinhas filhos pequenos.
No estande do grupo, creme de chocolate de cacau de origem, uma espécie de “nutella” com gosto amazônico (instagram: @arauaiacacaudeorigem), biojóias com sementes de açaí e jarina e cerâmica de bairro com formato de abacaxi e galinha-caipira chamaram a atenção da servidora da Emater Dinilde Serrão, engenheira florestal e mestra em Ciências Florestais.
“Começa que o cenário é de mulheres donas do próprio negócio, e por isso é muito satisfatório poder comprar, já que estamos incentivando a cadeia produtiva. O que a gente vê e sabe é que mulher sempre trabalhou dentro e fora de casa, mas muitas vezes o dinheiro vai pras mãos do homem”, avalia a consumidora.
“Nossa arte é ‘naturarte’: revela a natureza e conta a nossa história, que é uma história ancestral, de simbiose com o espaço que ocupamos e de luta das mulheres”, considera a artesã Esmeralda Cardoso, de 47 anos, do Sítio Bom Jesus.
A presidente da Natur’Arte, Elene Elda Mota, de 30 anos, diz que a Emater é parceira desde “sempre”: “Com a Emater, conseguimos sofisticar e lapidar nossos processos. Isso diferencia bastante em termos de mercado e de marketing, porque, para a mulher microempresária, é importante dominar os mecanismos de venda, de divulgação”, declara.
Para a chefe do escritório local da Emater em Barcarena, a técnica em pesca Cristiane Brito, não é possível uma assistência técnica e extensão rural (ater) públicas sem se considerarem as especificidades de cada público: “Atuamos sob as demandas da mulher rural, no sentido cultural, social, sobretudo nas comunidades fluviais, nas capacitações contínuas e nas oportunidades de comercialização, a exemplo de eventos como este”, explica.
Referência
No estande da marca As 12 Tribos de Israel, figuram os resultados do cotidiano de cerca de 15 pessoas de quatro gerações da família Cruz. O endereço é a comunidade Riacho Doce, em Marituba.
A matriarca, Maria José, de 75 anos, principiou a atividade junto com o marido, João Batista, que faleceu em 2019, aos 79 anos. Hoje, os 12 filhos do casal (oito mulheres e 4 homens), sobrinhos e netos participam do plantio, beneficiamento, criação, produção, comercialização, fechamento de contratos, publicidade e propaganda de farinha de pirarucu, pães caseiros, óleo de andiroba, frutas in natura e preparados de pimenta, entre outras mercadorias (instagram: @sitioas12tribosdeisrael).
“É um orgulho nos posicionarmos como referência de produção, produtividade, aproveitamento de área e diversificação. Estamos desenvolvendo expertise em gastronomia e temos propósito de turismo rural, para experiências imersivas”, pontua a nona filha da escala, Rute Melo, de 30 anos.
Texto de Aline Miranda