Pará e Martinica reforçam parceria com foco no mercado de joias e gemas da região
O Governo do Pará estreitou os laços comerciais com a Martinica. Em uma reunião na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), as duas partes chegaram a um entendimento para trabalhar em áreas como turismo, energia, biodiversidade e transferência de tecnologias. O primeiro projeto em conjunto deve ser na área de joias, com a Martinica replicando o modelo do Polo Joalheiro paraense. Com a aproximação o Pará vislumbra a entrada direta nos mercados caribenho e europeu.
Desde o mandato anterior do governador Simão Jatene o Pará entende que a relação com o Caribe, natural pela proximidade geográfica, é também estratégica. E o território escolhido para iniciar a aproximação foi o da Martinica, um departamento ultramarino francês. Desde o ano passado os governos dos dois territórios assinaram um termo de acordo descentralizado, dispositivo recém criado pelo Ministério de Relações Exteriores, no qual foram elencadas algumas áreas para serem trabalhadas, entre elas: turismo, energia, biodiversidade e transferência de tecnologias.
Na semana passada, o diretor de mercado da Sedeme, Aldryn Começanha, recebeu Eve Lombard, gerente de projetos de relações internacionais da Martinica, em uma reunião que contou ainda com a presença de Rosa Neves, diretora do Polo Joalheiro São José Liberto. No encontro, os dois territórios celebraram o acordo e já encaminharam projetos para inaugurar a parceria. “Desde o ano passado estamos trabalhando com empenho em projetos com o Governo do Pará. Estamos satisfeitos com o ótimo acordo que firmamos e esperamos já no próximo ano entregar o primeiro, como prova da eficiência desta cooperação”, disse Lombard.
O projeto inaugural terá como foco utilizar a expertise do Polo Joalheiro do Pará para um projeto semelhante no território da Martinica. “Foi importante o fato de termos essa experiência solicitada para replicação do Polo Joalheiro na Martinica. A ideia do projeto é que a parceria permita a formação de artesãos e acesso ao mercado do país, além de exploração de inovações tecnológicas”, disse Rosa Neves, que também destacou que o acordo não prevê um “transplante” de ações e atividades, mas sim a adequação dos produtos à cultura caribenha. “Pensamos na construção da linha Amazônia-Caribe, construindo um percurso de produção, criação e comercialização de joias. Será uma grande conquista para os dois territórios”, disse.
Segundo Oscar Pimenta, coordenador de gemas e joias da Diretoria de Geologia e Mineração (Digem) da Sedeme, o acordo prevê a compra de gemas do Pará. “A Martinica produz joias, mas não tem gemas, e nós produzimos 90% das gemas no Brasil. Essa é a troca mais importante do acordo”, disse Pimenta, ressaltando que a Martinica irá adotar modelo de governança semelhante ao do Polo Joalheiro. Para o diretor da Digem, Eduardo Leão, o acordo com a Martinica é um negócio livre de riscos para o Pará. “O modelo do Polo Joalheiro será copiado e isso pode dar o impulso para melhorar a lapidação de gemas, criando centros de lapidação no interior, em cidades como Itaituba e Marabá, por exemplo. Mostramos nas reuniões que podemos vender ouro mais barato para a Martinica. Estamos convocando os garimpeiros para atentar sobre o mercado internacional que vamos abrir. Queremos fechar a cadeia do ouro e das gemas”, disse.
Para Aldryn Começanha, diretor de mercado da Sedeme, o fortalecimento desta relação será fundamental para o crescimento econômico do Pará e inserção em mercados com grande potencial. “A parceria abre as portas primeiramente ao mercado do Caricom, que é um bloco de cooperação econômica no Caribe com 15 milhões de pessoas. O fato de ser através da Martinica, um departamento ultramarino francês é mais importante ainda, pois cria automaticamente um corredor com a França, uma das economias mais importantes do mundo e que também integra a comunidade europeia, bloco econômico com mais de 500 milhões de pessoas”, disse Começanha.