Estudantes de Castanhal produzem cartilha com história, cultura e protagonismo negro
Alunos da Escola Estadual Prof.ª Maria Pia dos Santos Amaral têm Semana da Consciência Negra com ações sobre a negritude na identidade nacional
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é celebrado na próxima quarta-feira (20) e as escolas estaduais paraenses têm apresentado diversos projetos de valorização à cultura afro-brasileira, que são desenvolvidos durante todo o ano letivo junto a comunidade escolar. Nesta segunda-feira (18), a Escola Estadual Professora Maria Pia dos Santos Amaral, no município de Castanhal, Região de Integração do Guamá, iniciou a Semana da Consciência Negra com a culminância do projeto "Afroconsciência: História, Cultura e Protagonismo", que ressalta a importância da negritude na identidade nacional com ações educativas e culturais.
Dentro do projeto, os estudantes da 1ª e 2ª série do Ensino Médio produziram e lançaram a cartilha “Vozes Negras: História, Cultura e Protagonismo”, que trabalha temas como personalidades negras, a influência da cultura negra no Brasil e reinos africanos. “O projeto ‘Afroconsciência’ surgiu no decorrer das aulas e a ideia ganhou muita receptividade pelos alunos, parceria de colegas-professores e da administração da escola. Foi isso que gerou a amplitude que o projeto está tendo. É interessante destacar também que o projeto teve participação dos alunos desde a sua elaboração à sua implementação e foi a ideia deles que o foco seria no protagonismo, na beleza e na força negra. Começou a implementação em maio deste ano e está tendo a sua culminância agora nesta semana, dia 18, 21 e 22 de novembro. Uma das ações foi a elaboração da cartilha, que contém personalidades negras, brasileiras, reinos africanos, influência negra na cultura brasileira e movimento negro paraense. O aprendizado e a participação dos alunos foi bem significativa e esse protagonismo é o ponto alto do projeto. Essa cartilha vai ficar disponível na sala de leitura da escola”, explicou o professor de História, Átila Castilho.
Para a estudante da 1ª série do Ensino Médio, Natália Cordeiro, fazer parte da produção da cartilha foi muito importante para despertar um novo olhar e muito conhecimento sobre a cultura negra. “A cartilha foi produzida por nós, alunos, sob a orientação do professor Átila e da professora Neire e nós abordamos várias temáticas sobre a negritude envolvendo pesquisa, escrita, ilustração, o que foi extremamente importante para a gente aprender sobre os assuntos da cultura negra, além de valorizar cada vez mais a cultura afro-brasileira”, contou.
Além da cartilha, o projeto "Afroconsciência: História, Cultura e Protagonismo” fortaleceu a autoestima dos estudantes, incentivou o respeito à diversidade e desenvolveu o pensamento crítico sobre questões raciais e sociais. Ao longo do ano, estudantes e professores trabalharam com aulas temáticas abordando questões afro-brasileiras; exposição de cartazes com fotos dos alunos celebrando o protagonismo negro, com o tema "Nós Somos Realeza e Resistência", com publicações nas redes sociais; exposição fotográfica "Negra Diversidade: Um Retrato da Beleza e da Força Ancestral"; apresentações culturais (teatro, dança e música) sobre a cultura afro-brasileira; mostra de cinema com filmes sobre a cultura e a história da negritude; palestras e rodas de conversa sobre a importância da cultura afro-brasileira e a luta contra o racismo.
O estudante Luan Lima, da 2ª série do Ensino Médio, participou da produção da exposição fotográfica "Negra diversidade: um retrato da beleza e da força ancestral” e, para ele, a iniciativa é fundamental para fortalecer a imagem, história e cultura negra. “Na exposição fotográfica os próprios alunos são os modelos e com isso nós queremos mostrar a diversidade da beleza negra. Ela é intitulada ‘Negra Diversidade: um retrato da beleza e da força ancestral’ e não recebeu esse nome por acaso, afinal, com esse projeto nós queremos passar mensagens através de cada clique, de cada face que a cultura negra, a beleza negra, a força ancestral não são singulares, muito pelo contrário. Essa exposição é fruto de um aprendizado que os meus colegas e eu tivemos ao longo de muitos anos, sobre a nossa própria identidade e a importância dessa representatividade”, afirmou o estudante.
Para a diretora da escola, Carla Sorama, a participação dos estudantes no projeto reforça o protagonismo estudantil. “Esse trabalho busca a valorização da cultura afro, da cultura negra na nossa escola, para que essa cultura seja resgatada, para que o nosso aluno consiga se visualizar e perceber em todas as vertentes da escola. Queremos fazer com que os nossos alunos se percebam inseridos, contemplados e fortalecidos. O projeto envolve alunos de várias séries, com maior participação das turmas do ensino médio. Os próprios alunos são protagonistas na criação de conteúdos, na produção da cartilha, na exposição e nas apresentações culturais”, frisou a gestora da unidade.
Entre os conteúdos e temas trabalhados durante as aulas estão o legado de personalidades negras que marcaram o Brasil e o mundo, a influência da cultura africana no Brasil em áreas como gastronomia, religião, música e arte, a história dos reinos africanos e sua relevância cultural, a reflexão sobre racismo e desigualdade racial no Brasil e o resgate da identidade e da cultura afro-brasileira, valorizando as raízes culturais dos alunos.