Fórum Social Indígena marca programação deste sábado, em Palmas
O Fórum Social Indígena abriu a programação deste sábado, 24, dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, no Tocantins. O evento foi aberto na noite de ontem (23), sob forte esquema de segurança devido à presença da presidente Dilma Rousseff, alvo de muitos protestos que desviaram a atenção do público e da imprensa local e visitante. Até o excedente de algumas etnias foi impedido de entrar na arena de exibição.
A presidente Dilma não falou com a imprensa e também não comandou a cerimônia de abertura. O coordenador do Comitê Intertribal, Marcos Terena, um dos idealizadores dos Jogos, fez uma abertura coletiva e encarou as vaias e protestos com naturalidade. Além da presidente Dilma, estiveram presentes o governador de Tocantins, Marcelo Miranda; o prefeito de Palmas, Carlos Amastha, e o ministro dos Esportes, George Hilton.
Autoridades de governo estavam sendo aguardadas na abertura do Fórum Indígena, mas até ao meio-dia deste sábado nenhuma delas marcou presença. O Fórum foi aberto pela autoridade indígena Eduardo Guarani Kaiowá, que discorreu sobre os problemas que o mundo vem enfrentando, sobretudo a questão da água, da luta pelos Direitos Humanos e da preservação do meio ambiente.
“Temos muito o que debater. A sociedade precisa se mobilizar para que possamos defender o que será melhor para nossos semelhantes. O fórum vai colocar em pauta até o dia 31 algumas questões que preocupam toda a humanidade”, reforçou Cristine Takuá, durante a cerimônia de abertura do Fórum, que reúne estudantes, pesquisadores, professores entre outros.
O Fórum é parte da programação dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que reúnem delegações de 23 países e 24 povos brasileiros. O evento está sendo realizado na Arena Green, construída ao lado do estádio Nilton Santos, centro de Palmas. A construção é grandiosa e integra a Oca da Sabedoria, feira de Artesanato, estandes de agricultura familiar indígena e um museu com informações das etnias participantes. Do lado de fora da Arena foi montada uma feira para venda de artesanato indígena. Neste sábado, haverá futebol, eliminatória de arco e flecha, cabo de guerra, corrida de tora, além das exibições tradicionais de cada uma das culturas ali representadas.
Confusão – Muita confusão marcou a solenidade de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. O tumulto começou desde cedo, assim que a presidente Dilma Rousseff chegou à cidade. Um forte esquema de segurança cercou a comitiva e impediu o acesso da imprensa. A presidente foi para o quartel da PM de Tocantins, onde se reuniu com o governador e autoridades. Depois seguiu para a Arena Green de helicóptero. Vários protestos paralizaram a cidade.
Do lado de fora da Arena Green, muita gente inconformada por ter sido barrada no acesso. Os índios Gavião Parakatejê, do Pará, convidados para o evento, tiveram o acesso barrado, assim como etnias do próprio Tocantins.
A professora Viviane Barreto, coordenadora do Curso de Cultura e Comunicação da FAP/Estácio de Sá, em Belém, estava indignada. Ela veio a Palmas acompanhando um grupo de estudantes que veio assistir à programação. “É revoltante, pois você está aqui para os jogos de integração e, ao chegar, a primeira coisa que acontece é você ser barrado no acesso a uma cerimônia de abertura. É muito revoltante”, disse a professora.
Ninguém da coordenação falou sobre os tumultos. Cinco mil ingressos teriam sido distribuídos, mas o que se viu foi muita revolta e protesto. Ainda no portão de acesso da Arena Green, a todo momento havia corre-corre. Os índios Pataxó, da Bahia, engrossaram o coro com manifestantes que pediam a contratação de concursados, até que foram convidados a entrar na arena. Outros manifestantes fecharam a rodovia Teotonio Segurado pedindo a saída da presidente.
Tocantins vive o cenário da crise principalmente por conta do aumento no preço dos combustíveis. “Queremos um futuro melhor para nossos filhos e com esse governo não será possível”, comentou Marcos Souza, que se diz voluntário do movimento por não concordar com o governo do PT.
Outros grupos de manifestantes pediram o fim da PEC 215, que acabaria com vários direitos indígenas, além transferir para o Congresso Nacional a prerrogativa de demarcação das terras indígenas, que atualmente é de responsabilidade do governo federal, por meio da Funai.
Ainda na manhã deste sábado houve mais confusão. Parte da estrutura do refeitório indígena desabou atingindo quatro funcionários da empresa fornecedora da alimentação. Nenhum índio foi atingido e os funcionários foram levados para uma UPA. O Corpo de Bombeiros do Tocantins interditou parte do local e os índios tomaram o café da manhã em outro lugar.
Abertura – A cidade de Palmas está mobilizada em função do evento. A abertura oficial dos Jogos Mundiais dos Povos mostrou a força das culturas indígenas e emocionou o público. A tocha que representa o espírito das competições foi conduzida por um casal indígena, em seguida houve o desfile das delegações e exibição de danças e exibição de rituais de pajelança.
O hino nacional foi entoado nas línguas Tikuna e também em Português. Após o acendimento da pira olímpica, os índios terminaram a solenidade em ritmo de confraternização. O ator Marcos Frota também esteve presente no evento e defendeu a cultura indígena como a maior representante do povo brasileiro.
Quem não conseguiu entrar, incluindo muitos jornalistas, assistiu a cerimônia na praça pública, onde foi montado um telão. Até o meio-dia deste sábado, a coordenação do evento não falou sobre os tumultos e disse que a partir de agora, o acesso a Arena Green está liberado.