Emater apoia quilombolas de Cametá para acesso ao Minha Casa, Minha Vida Rural
Iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) abrange famílias na região da Transcametá
Quilombolas de Cametá, na região Tocantins, estão recebendo apoio do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) para participar do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). O Programa integra o Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), política do governo federal executada no Pará com a colaboração do Governo do Estado.
Pelo menos seis famílias do território Ilha Grande de Cupijó, no km 18 da rodovia Br-322, mais conhecida como “Transcametá”, já têm em mãos o cadastro nacional da agricultura familiar (Caf). Outras 14 encontram-se em fase final de registro. Emitido pela Emater em parceria com a Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha Grande de Cupijó (Arquicam), o documento é preliminar para o acesso à estratégia pública habitacional que destina recursos para a construção ou reforma de moradias vulneráveis.
Para chegar à comunidade, a partir do km 18 da Transcametá, a equipe de especialistas da Emater precisa avançar mais três quilômetros pelo Ramal do Cupijó e atravessar um “campo de natureza”: vegetação em cima de areia. No inverno florestal, de dezembro a março, as chuvas cobrem essa área com uma lâmina d’água, atolando o trajeto. Só se passa de bicicleta, moto ou com carro de tração.
Vencidos cerca de 45 minutos a partir da sede do município, abre-se a paisagem da comunidade, onde a maioria das casas é de estrutura precária de madeira. Algumas delas amontoam gerações em cômodos insuficientes.
As 52 famílias plantam mandioca, produzem farinha d’água, pescam no rio Cupijó e apanham açaí das palmeiras nativas. Com sistemática de subsistência, sem escala comercial, os quilombolas dependem de benefícios como bolsa-família.
“Eles consomem no dia a dia e vendem o excedente nas feiras do centro ou para atravessadores. O que a Emater propõe é sustentabilidade: proteção das tradições, segurança alimentar e nutricional e geração de renda. Tais resultados podem ser conquistados com difusão tecnológica, crédito rural e fortalecimento da organizações sociais, a exemplo da Associação”, indica a chefe do escritório local da Emater em Cametá, engenheira agrônoma Anna Paula Muniz, especialista em Agricultura Integrada na Amazônia.
Um dos planejamentos imediatos para o atendimento é a elaboração de projetos da linha B do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), a fim de contratos individuais entre R$ 10 mil e R$ 12 mil, em parceria com o Banco da Amazônia (Basa), visando à modernização de casas-de-farinha e expansão de lavouras de mandioca.
Suely Aragão, de 27 anos, sonha com um quarto exclusivo para a filha única, Heloíse Gabriele, de três anos. De acordo com a mãe, a criança, autista, apresenta hiperatividade e sono agitado.
Desde que assumiu união estável com João Paulo Cruz, de 38 anos, há seis anos, Suely mora com o companheiro no domicílio da sogra. No total, são sete pessoas em uma casa pequena de madeira.
“Nós temos nossa propriedade, que é vizinha à da minha sogra, mas ainda não havíamos tido condição de construir nossa casa. Agora vai. É um sonho a se realizar”, comenta.
A principal atividade do casal é a produção de farinha d’água: em um mês “bom”, palavras da agricultora, são 90 quilos por mês, oriundos de um hectare plantado de mandioca. A família também cria tilápia em um tanque-escavado e trabalha com extrativismo de açaí, para abastecimento próprio.
“Eu acho que a Emater traz solução para problemas, porque a gente já pelejou muito pra conquistar certos direitos e a Emater ajuda a gente a fazer valer os nossos direitos. É um serviço muito útil, a Emater serve pra bastante coisa”, observa.
Texto de Aline Dantas de Miranda