Modernização orientada pela Emater resgata plantio de cacau em Monte Alegre
Ação beneficia 70 assentados da reforma agrária. Cada produtor já trabalha em média com 5.500 pés de cacau em cinco hectares, via SAFs
Com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), por meio dos escritórios local em Monte Alegre e regional no Baixo Amazonas, 70 assentados da reforma agrária protagonizam o resgate de plantio de cacau no município.
A atividade sobressaía-se na década de 1980 e restou quase de todo abandonada depois de um período crítico de estiagem, com perdas quase totais da lavoura. As poucas tentativas remanescentes jaziam voltadas apenas para subsistência e sem estrutura comercial, tampouco tecnologia, de acordo com especialistas da Emater.
Em 2024, em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), a equipe extensionista do Governo do Estado vem intensificando o atendimento a famílias do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Serra Azul, na Gleba Mulata.
Cada produtor já trabalha em média com 5.500 pés de cacau em cinco hectares, via Sistemas Agroflorestais (SAFs). Esses SAFs consorciam o cacau com banana e espécies florestais, como andiroba e cumaru, e ainda restauram áreas de floresta, pela recomposição do passivo ambiental. A colheita anual encontra-se estimada em 80 toneladas. O principal mercado é a Bahia, onde as amêndoas transformam-se em chocolate.
Junto com a Prefeitura, as ações de apoio da Emater e Ceplac envolvem desde a instalação de um viveiro comunitário, na localidade São Francisco, ora com 15 mil mudas resistentes a doenças, a exemplo de podridão-parda, e pragas, tal qual vassoura-de-bruxa; capacitações contínuas e acesso a crédito rural.
Neste mês de agosto, duas práticas nas comunidades Pico do Jacaré e São Francisco orientaram sobre disponibilidade de recursos, à vista da linha B do Programa de Financiamento da Agricultura Familiar (Pronaf) pelo Banco da Amazônia (Basa), e tratos culturais, com destaque para poda e sombreamento. A Emater também está distribuindo 100 mil sementes melhoradas geneticamente, doadas pela Ceplac.
Conhecimento científico - Um dos ministradores do treinamento recente foi o coordenador regional do Serviço de Difusão de Tecnologia da Ceplac na Transamazônica e Oeste do Pará, Paulo Henrique dos Santos, técnico agrícola e administrador, para quem a Emater é irmã institucional histórica da Ceplac. “É uma fase importante porque estamos trazendo para o Baixo Amazonas o que existe de mais moderno para o desenvolvimento da lavoura cacaueira”, afirma.
“Com a aplicação de estratégias e difusão tecnológica, a expectativa é que nos próximos meses a produtividade aumente em 50%”, comenta o chefe do escritório local da Emater em Monte Alegre, o técnico em agropecuária e gestor público Francisco Carlos Lima.
Outra proposta é verticalizar a cadeia produtiva, diminuindo atravessadores e beneficiando na própria região. “E então o negócio vai engrenar. Se hoje o lucro para a atividade é de cerca de 80%, conseguiremos ultrapassar os 100%”, calcula Lima.
O agricultor Pedro Silva, de 54 anos, morador do Pico do Jacaré, conta que “há muito tempo esperávamos por este momento”. A atualização sobre técnicas era uma demanda antiga. “São ensinamentos, oportunidades de trocar conhecimento e melhorar o que fazemos”, considera.
Texto: Aline Miranda - Ascom/Emater