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Uepa participa da SBPC com ações de divulgação e popularização da ciência

A mostra convida o público a explorar a trajetória evolutiva dos animais por meio de seus crânios

Por Marília Jardim (UEPA)
10/07/2024 18h35

A presença da Universidade do Estado do Pará (Uepa) na 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) é destaque com a exposição "Crânios: o Design Evolutivo dos Animais", sob a coordenação da professora Ana Lúcia Gutjahr. Localizada no espaço SBPC Jovem, a mostra convida o público a explorar a trajetória evolutiva dos animais por meio de seus crânios nesta quarta-feira, 10, e quinta-feira, 11, de 8h às 18h.

A coleção de crânios de mamíferos, aves, répteis e peixes apresenta uma história singular, revelando adaptações notáveis que moldaram suas formas e funções ao longo dos séculos. Painéis informativos e vídeos complementam essa experiência imersiva, oferecendo uma perspectiva comparativa das transformações evolutivas que têm ocorrido na natureza.

Conforme Ana Lúcia Gutjahr, o objetivo da exposição é mostrar como os grupos de animais evoluíram ao longo do tempo, desde o surgimento, começando com a vida dentro da água, de uma forma mais simplificada, como os tubarões até chegar aos mamíferos. 

A professora reforça que a educação em biodiversidade é fundamental para a conservação das espécies. "Se as pessoas não são informadas sobre a importância da biodiversidade, não podem entender por que devem conservar. Você tem que dizer para as pessoas o que aquilo significa na vida dela. No momento que você diz o que aquilo significa, aí ela vai saber da importância e vai mudar suas atitudes. Se estão erradas, vai corrigi-las para poder colaborar com a conservação. A exposição foi desenhada para ensinar isso, mostrando como os animais evoluíram desde formas mais simples até os mamíferos complexos", enfatiza.

Durante a montagem da exposição foram enfrentados alguns desafios significativos, como revelou Benedito Resque e Rafael Sovano, membros da equipe de organização. "Alguns crânios exigiram um trabalho intenso de dessecagem e limpeza. Tivemos a colaboração essencial do Neuder para a montagem dos crânios," conta Rafael Sovano, se referindo ao médico veterinário responsável pela montagem dos itens. O material é parte do acervo da Coleção Zoológica Dr. Joachim Adis.

Neuder da Silva também destacou como foi o processo de seleção dos crânios. "Selecionamos os ossos mais representativos de cada espécie, em um clado de vertebrados. O objetivo era mostrar, durante o processo evolutivo, as diferenças anatômicas em cada espécie. Os ossos parietal, frontal e a mandíbula foram escolhidos por serem mais visíveis e representativos."

Além disso, Neuder explicou como a exposição contribui para a educação sobre a conservação das espécies. "A curiosidade é o primeiro passo. Quando as pessoas veem a diferença nos crânios e como os animais são constituídos, elas começam a se perguntar como esses crânios foram adquiridos e tratados”.

Os visitantes estão sendo convidados a explorar os crânios de diversas espécies. Theo, de 7 anos, expressou sua fascinação. "O que eu mais gostei foi o crânio do tubarão e do sapo. Achei legal e estranho ao mesmo tempo," disse. Weverton Rayol, padrinho de Theo, acrescentou a importância de levar crianças para experiências como esta. "Como pesquisador acho que esse espaço é muito importante para mostrar como a ciência é diversa, como a ciência é importante. As pessoas muitas vezes não têm a vivência que a gente tem dentro da universidade, não sabem o que a gente faz aqui, que é tão importante para a sociedade, para o mundo. É crucial trazer as crianças para eventos científicos. Eles aprendem e se interessam pela ciência de forma prática e divertida." 

Programação segue até o próximo sábado

Na sexta-feira, a programação do estande da Uepa se divide em duas atividades: pela manhã, será apresentado “Ciência e Ludicidade amazônica” e, pela tarde, a atividade “Uma viagem pelo corpo humano”. No sábado pela manhã, a equipe do Planetário do Pará ocupa o espaço para apresentar as ações integradas de Ciências e Astronomia, que levarão ao evento atividades e experimentos relacionados às áreas da Física (globo de plasma e giroscópio), Química (água furiosa, sangue falso e camaleão químico), Matemática (cartela mágica e quebra-cabeça) e Biologia (caixa entomológica e insetos de papel)

No sábado à tarde, a partir das 13h, ocorrerá a exposição dos resultados de pesquisas do Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Cirurgia e Pesquisa Experimental (PPGCIPE), com o objetivo de formar profissionais inovadores e aptos a incorporar novas tecnologias no ensino e na cirurgia. A apresentação "Produtos Técnicos, Tecnológicos e Modelos Experimentais de Ensino nas Áreas Cirúrgicas e afins" foi proposta pelo professor Anderson Bentes, coordenador do PPGCIPE. Na ocasião, serão apresentados quatro produtos elaborados por meio de pesquisas dos discentes do mestrado CIPE: dois Simuladores de Acesso Venoso e Anestesia de mão; um produto de ⁠Sondagem Orogástrica em recém-nascido e um produto de ⁠Sondagem e Atresia de Esôfago em recém-nascido.

Os produtos expostos têm como objetivo "aperfeiçoar as habilidades dos cirurgiões para o procedimento cirúrgico em situações específicas, com itens que já estão patenteados e prontos para serem transferidos para empresas interessadas nos produtos desenvolvidos dentro do programa de pós-graduação CIPE, que existe há 10 anos na instituição", explica o professor Anderson. Também no estande da Uepa serão apresentados três aplicativos formulados a partir de pesquisas de discentes do mestrado: um aplicativo de apoio aos usuários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); o INDI (Interação e Desenvolvimento Infantil) e o SIRCE (Sistema de Regulação de Cirurgias Eletivas).

"O INDI procura levar informações e orientações sobre desenvolvimento infantil a pais de recém-nascidos pós-cirúrgicos que vivem em locais de difícil acesso, como ribeirinhos e em zona rural. O aplicativo é uma ferramenta inovadora, acessível, intuitiva e inclusiva, pois o usuário é direcionado pelas cores das telas, é possível acessar o conteúdo de forma 'offline' por meio de ferramenta de áudio do conteúdo, caso o cuidador tenha dificuldade na leitura, permitindo maior adesão dos usuários", explicou. Já o software intitulado SIRCE visa gerenciar cirurgias eletivas e foi desenvolvido para promover uma maior conexão com os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de uma "maior transparência de informações acerca do atendimento que o paciente aguarda, pois a interface e a aplicabilidade do software demonstraram a capacidade de contribuir com as secretarias municipais de saúde e com os hospitais com leitos credenciados pelo SUS", complementou o professor. 

Planetário na SBPC

O Planetário Móvel, do Centro de Ciências e Planetário do Pará (CCPPA), vinculado à Uepa, também tem feito sucesso entre os visitantes da SBPC, com sessões de 45 minutos, todos os dias de evento, de 8h às 18h. O Planetário Móvel conta com um diâmetro de cúpula inflável de cinco metros e utiliza um projetor acoplado a uma lente convexa, possibilitando uma experiência imersiva ao simular a abóbada celeste.

Estão sendo exibidas duas sessões de cúpula: Lado Escuro da Luz, que trata sobre os malefícios da poluição luminosa - tanto do ponto de vista de observação do céu noturno, quanto do aspecto biológico - e Gigantes no Céu, que aborda conceitos da Astronomia básica, como a definição de planetas, constelações e cometas.

Até o segundo dia do evento, cerca de 500 pessoas já tinham assistido à sessão. A estudante de Engenharia Civil, Emilly Freitas, participou da sessão de cúpula pela primeira vez durante a SBPC e definiu a experiência como “interessante e inovadora”. “Achei muito importante o Planetário estar no evento, pois é uma forma de nos aproximar dos conhecimentos sobre Astronomia”, destacou.

A discente de Letras Libras, Letícia Cabral, assistiu à sessão de cúpula Lado Escuro da Luz e ressaltou o fato de a projeção estimular a reflexão sobre os hábitos de vida da sociedade atual. “A luz artificial está constantemente conosco nas telas do celular. Com isso, temos deixado de lado a iluminação natural, que a própria natureza nos concede: o sol, o amanhecer, o céu estrelado. Então, essa é uma questão que precisamos refletir: o fato de termos deixado de lado o belo, o natural, e termos priorizado o artificial”, afirmou.

O Planetário Móvel está localizado na Tenda “Planetários”, ao lado do prédio da Reitoria da UFPA. A entrada é livre e gratuita. 

Texto:  Alanny Alves, estagiária (Ascom/Uepa), Monique Hadad, jornalista (CCPPA/Uepa) e Diane Maués, jornalista (CCBS/Uepa)