Adepará e demais instituições parceiras apresentam ações de combate a monilíase
Devastadora para a cultura do cacau, a praga já está presente no Amazonas e no Acre. O risco de entrada no território paraense foi discutido no evento
Jamir Macedo, diretor-geral da Adepará durante o Fórum, na programação do Chocolat Xingu 2024
No Fórum da Cacauicultura da Transamazônica e Xingu, nesta sexta-feira,14, durante o Chocolat Xingu 2024, no Centro de Convenções de Altamira, as instituições que atuam no desenvolvimento da cadeia produtiva do cacau apresentaram ações e investimentos que estão sendo executados no Estado para o combate à monilíase, uma doença causada por um fungo que ataca os frutos de cacau e cupuaçu.
Devastadora para a cultura do cacau, a praga já está presente no Amazonas e no Acre. O risco da entrada da doença no território paraense foi discutido durante a Mesa Redonda “Monilíase e o Cacaueiro: Providências para se evitar uma catástrofe agrícola”, que contou com especialistas e dirigentes das principais instituições que atuam na prevenção à monilíase no Estado.
O diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), Jamir Macedo, detalhou a atuação do órgão, que por meio de ações de vigilância, inspeção de propriedades, educação sanitária e fiscalização do trânsito agropecuário, tem conseguido êxito na contenção dessa praga.
As ações de defesa fitossanitária da Adepará protegem o território contra a ameaça da monilíase, cumprindo metas estabelecidas para essa cultura agrícola, tendo em vista que a cacauicultura obedece a pelo menos sete dos dezessete objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) como a erradicação da pobreza por meio da garantia de renda para os agricultores, fome zero, promoção da agricultura sustentável, assegurando o trabalho decente e o consumo responsável.
Ivaldo Santana abordou os invesitmentos do Estado por meio da Sedap na cultura do cacau
De acordo com Jamir Macedo, o tema deve ser tratado com responsabilidade pois no Pará mais de 30 mil produtores de cacau dependem dessa atividade. “Nós não queremos causar pânico e sim difundir ao máximo as informações sobre essa doença para que possamos estar preparados para mitigar esse problema caso ocorra o ingresso dessa praga em nosso território, o que esperamos que não ocorra, pois estamos realizando as medidas de prevenção, mapeando as rotas de risco e realizando visitas, levantamentos e inspeções em propriedades no sentido de manter a sanidade da produção de cacau no Estado”, ressaltou Macedo.
O diretor da Adepará também destacou que as ações só são possíveis porque existe diálogo entre os entes federativos, o que fortalece a defesa agropecuária. Esse trabalho é concentrado na região da Transamazônica onde está a maior produção de cacau, mas também se estende por todas as regiões produtoras com o mapeamento das rotas de risco e as fiscalizações que são feitas pela agência agropecuária nas rodovias e nos rios da Amazônia.
No ano passado, a Adepará realizou 900 visitas em propriedades rurais, além de levantamentos e inspeções. Na educação sanitária, a Agência de Defesa tem sensibilizado a população sobre o tema da monilíase realizando mais de 300 ações com alcance de público de mais de 4 mil pessoas.
Coordenadora da Faepa e Senar falou sobre as ações para capacitar os cacauicultores
Este ano, durante a realização da caravana da monilíase em Juruti, no Baixo Amazonas, que reuniu diversas instituições parceiras como Mapa, Ceplac, Embrapa, Ufopa e Prefeitura de Juruti, mais de 900 pessoas foram sensibilizadas para a temática.
Em maio, a publicação de decreto estadual fortaleceu ainda mais o trabalho da fiscalização agropecuária, proibindo a entrada de frutos do Amazonas para o Pará, e os postos de fiscalização agropecuária têm realizado fiscalizações de rotina para o cumprimento do decreto.
“Nós somos o Estado que tem o maior efetivo treinado para atuar frente a uma praga como essa. Além disso, nossos técnicos vão com frequência para o Amazonas para dar apoio às atividades de defesa fitossanitária naquele Estado e nós temos realizado a capacitação de equipes de emergência, cursos para o uso de sistema de informação, de desenvolvimento de mapas, de classificação de amêndoas, treinamentos técnicos legislativos e de pilotagem de aeronaves não tripuladas”, reforçou o diretor.
O engenheiro agrônomo Ivaldo Santana, coordenador do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará (Procacau), vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca (Sedap), detalhou os investimentos do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau) para prevenção da Monilíase, que giram em torno de 7 milhões de reais. O coordenador explicou como os recursos são aplicados. Os investimentos e as ações de fomento visam a melhoria da qualidade das amêndoas de cacau, prevenindo assim a Monilíase, pois a partir da elevação da qualidade das amêndoas e da capacitação de agricultores, o cacau produzido no Estado pode ser comercializado tanto no Brasil quanto no exterior.
Segundo ele, esses projetos desenvolvidos por diversas instituições vão ajudar o pequeno produtor para prevenção da doença. “Essa preocupação das instituições é grande e por isso estamos fazendo esses investimentos do Funcacau e aprovando projetos pelas 8 instituições que integram o Fundo, buscando a prevenção contra essa praga que é muito séria”, ressaltou.
Na rodoviária, visitantes que chegam para o evento são sensibilizados sobre a monilíase
A Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa) participou da mesa redonda abordando as ações que vem realizando com os cacauicultores paraenses. A presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Cacau e coordenadora de projetos especiais do Sistema Faepa/Senar, Goreti Gomes, informou que 1.750 propriedades estão sendo preparadas e recebendo assistência sobre a cultura do cacau, e que são realizados 600 cursos do Senar por mês, muitos deles voltados para o cacau. “Nós temos instrutores para todo tipo de curso, que são proporcionados pelo Senar em parceria com a Ceplac. Cerca de 150 especialistas em cacau já foram formados nesses cursos”, disse.
O superintendente regional de Desenvolvimento da Lavoura Cacaueira nos Estados do Pará e Amazonas (Ceplac), José Raul dos Santos Guimarães, destacou os investimentos feitos em capacitação para o treinamento dos técnicos que atuam no combate à doença. Hoje, o Pará possui mais de 40 técnicos capacitados no Peru.
“Os técnicos foram treinados no maior instituto de cultivos tropicais do mundo, no Peru. São técnicos altamente qualificados treinados num centro de excelência. Mais de 80 % do curso foi prático e os técnicos estão preparados para orientar o produtor a adotar medidas protetivas, de contenção para essa doença.
De acordo com o superintendente, o Pará é o único Estado que possui essa força-tarefa para atuar junto ao produtor rural no caso de ingresso da praga no território paraense. A maioria dos técnicos treinados para atuar no combate à monilíase é de fiscais agropecuários da Adepará, que tem realizado diversas ações de defesa sanitária para prevenir a Monilíase.
Produção - Maior produtor de cacau do Brasil, o Pará é responsável por 51,80% da produção nacional. Para 2024, a estimativa é colocar no mercado mais de 152 mil toneladas.