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Setur realiza mesa técnica sobre Turismo de Base Comunitária e bioeconomia

O evento reuniu profissionais, professores, turismólogos e associações, no Espaço Memória, da EMBRAPA que discutiram sobre a promoção da bioeconomia

Por Sâmia Maffra (SETUR)
05/06/2024 17h47

Para discutir a temática e principais desafios do Turismo de Base Comunitária (TBC) com foco para a promoção da bioeconomia, a Secretaria de Estado de Turismo (Setur) promoveu uma mesa técnica, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), com apoio da empresa alemã GIZ. O evento reuniu profissionais, professores, turismólogos e associações, no Espaço Memória, da EMBRAPA.

A programação, realizada na última terça-feira, 4, foi dividida em dois momentos. Pela manhã o debate foi sobre oportunidades e desafios para o TBC no Pará e à tarde foi a vez dos diálogos em grupos e elaboração dos planos de ação para o desenvolvimento no Estado.

Na abertura, o secretário adjunto da Setur, Lucas Vieira, destacou as oportunidades da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) que será realizada em Belém, em novembro de 2025 e a necessidade que a Conferência do Clima deixe um legado para os amazônidas. “Nosso grande desafio é fazer com que esses investimentos, infraestrutura e projetos perdurem. A previsão é que a COP traga 50 mil turistas, que vão se deslocar, que querem viver a experiência amazônica. Mas queremos que essas pessoas olhem para gente com respeito, que respeitem nossa cultura, que entendam o modo que vivemos, e que voltem para fomentar a cadeia do turismo no Pará”, sinalizou Vieira.

"Nossa vocação não é turismo de massa, queremos um turismo responsável, consciente e o turismo de base comunitária está totalmente imerso nisso. O turismo é uma economia verde. Agora precisamos incentivar, mapear e transformar em produto turístico essas iniciativas de TBC", acrescentou o secretário.

O professor alemão Benno Pokorny, atua como coordenador da área de bioeconomia da GIZ, empresa pública alemã de cooperação técnica   que realiza o projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, desenvolvido por meio da parceria com Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Atualmente o projeto bilateral entre Alemanha e Brasil, trabalha com produtos prioritários da bioeconomia, entre eles o açaí, castanha, cacau e pirarucu. “E uma cadeia de valor importante foi inserida depois nas atividades que é o Turismo de Base Comunitária. O Pará é um estado super importante na bioeconomia, pela agenda, pela atuação do Governo, pelas iniciativas de TBC, inclusive já tem política pública para a discussão desse turismo e também pelo PlanBio”, afirmou o coordenador.

Durante a mesa "Oportunidades e desafios para o TBC no Pará", foram apresentadas as iniciativas práticas de TBC no Estado do Pará, entre elas o MMIB (Movimento de Mulheres das Ilhas de Belém) e a Turiarte- Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta.

Adriana Lima, sócia-fundadora do MMIB, conta que o movimento existe desde 1998, na Ilha de Cotijuba. “O objetivo é proporcionar autonomia financeira às mulheres. Atuamos com diversas alternativas na ilha, como artesanato, agricultura e extrativismo, proporcionando as atividades para o turismo de base comunitária, sempre voltado para a preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável”, afirmou.

A Cooperativa de Turismo e Artesanato da Floresta Turiarte atua às margens dos rios Arapiuns, Tapajós e Amazonas, em Santarém. Fundada em 2015, conta atualmente com 170 cooperados em 12 comunidades. “No turismo de base comunitária nossa missão é desenvolver experiências ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas. Oferecemos aos visitantes vivências genuínas junto as populações ribeirinhas da Amazônia, com imersão na natureza e troca de experiências, conhecimentos e visões”, disse a presidente da cooperativa, Ingrid Godinho. 

A Turiarte oferece experiências com artesanato, abelhas sem ferrão, roda de chá com conversas com anciãs, piscicultura, viveiro comunitário de onde se usam os ingredientes para pratos vegetarianos, trilhas aquáticas e terrestres, farinhada, além de alguns rituais indígenas. 

A Política Estadual de Turismo de Base Comunitária do Estado do Pará, que atende ao proposto por meio da lei 9773/22, foi apresentada por Marcia Bastos, turismóloga da Setur, responsável pela ação de TBC na Secretaria, ponto focal no Planbio e doutoranda em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA. Márcia abordou sobre a primeira etapa de implementação do Plano Estadual de Turismo em Maracanã, com realização de oficinas no começo de maio e que posteriormente serão realizadas em Belém (Região das Ilhas) e Ananindeua, Marapanim e Bragança. 

"O Turismo de Base Comunitária (TBC) nos permite trabalhar com a sustentabilidade e a inclusão, envolvendo a participação das comunidades na gestão do turismo local, tornando essas comunidades protagonistas, com seus sistemas produtivos locais, suas experiências, com sustentabilidade econômica e geração de renda", sintetizou. 

O TBC pode ser entendido como uma atividade socioeconômica que funciona de forma planejada e desempenhada por comunidades rurais e comunidades tradicionais, assim entendidos os grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social e que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, com base em conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. 

PlanBio - O Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio) do Pará segue a implementação de ações com soluções baseadas na natureza para transformar o cenário econômico atual em uma economia de baixo carbono e com valorização do conhecimento tradicional. O PlanBio conta com ações que abrangem três eixos distintos, sendo eles: Cadeias Produtivas e Negócios Sustentáveis; Patrimônio Cultural e Patrimônio Genético, e Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.  Os avanços do plano estadual, ações e estratégias foram abordados por Luz Marina, representante da coordenação do Comitê Executivo do PlanBio/Semas e também por Ágila Chaves, que também integra o quadro da Semas.

Os dados revelam que um ano após o lançamento do PlanBio, 48% das 92 ações propostas foram implementadas ou estão em andamento, com 37% delas já concluídas e 11% em execução. Os dados também revelam que com 275 bionegócios apoiados e 12 marketplaces de bioprodutos da Amazônia realizados, o PlanBio garantiu capacitação para 37,9 mil pessoas, beneficiando mais de mil famílias.