Talento de alunos atendidos pelo Pro Paz nos Bairros ganha projeção em 2015
As atividades complementares desenvolvidas ao longo de 2015 por meio do projeto Pro Paz nos Bairros, do Governo do Estado, ajudaram a projetar o talento de jovens assistidos pela Fundação Pro Paz nas mais diversas modalidades esportivas, como natação, atletismo e arremesso de peso, com destaque para a conquista de campeonatos em tênis de mesa e karatê, e também nas artes, com a aquisição de bolsas de dança contemporânea, de balé clássico e em companhias de teatro. Esses resultados, mais do que comprovar o sucesso institucional do programa, representam um reconhecimento ao empenho pessoal desses meninos e meninas e um incentivo aos demais jovens atendidos pelo projeto Pro Paz dos Bairros.
Gabriel Figueiredo Baia, matriculado no Polo Pro Paz, do Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi o único representante entre os alunos da Fundação Pro Paz nas Paraolimpíadas Escolares 2015. Na seletiva para a etapa nacional, realizada em Belém, Gabriel foi classificado em três das dez modalidades do torneio: atletismo, natação e arremesso de peso. "Eu participei de todas as classificatórias e ganhei todas as etapas, mas só podia escolher uma categoria para ir ao nacional e então optei pela natação”, relata.
Gabriel, que nada desde os seis anos, ficou em 4º lugar nos 100 metros livre e 6º lugar no nado costa. “Meu tempo nos 100 livre é 1'50" e no de costa é 2'30". Foi uma experiência nova e muito legal. Quanto mais a gente participa desses campeonatos, mais experiência a gente adquire”, avalia. A competição nacional aconteceu de 23 a 28 de novembro, em Natal (RN). Foi a primeira competição fora de Belém de que Gabriel participou. A estreia dele em competições foi aos seis anos, na Corridinha do Círio. “Foi a primeira vez que eu competi como um profissional”, relembra.
Alegre e brincalhão, ele demonstra uma excelente interação com os outros meninos da natação. Mas na piscina se comporta como um verdadeiro atleta, sempre focado e muito disciplinado. Quem vê Gabriel numa raia não imagina a trajetória do menino para chegar até aqui. Com apenas um ano, ele sofreu uma queda e acabou adquirindo um problema físico nas duas pernas.
Gabriel explica que é possível, por meio de uma cirurgia, tentar corrigir a deficiência. “Mas o problema não vai ser resolvido totalmente”, diz ele, ciente de suas condições e desafios. Irmão mais velho de seis filhos, hoje ele mora na casa do avô. “Quero continuar treinando para participar, em agosto do ano que vem, da Paraolimpíada Nacional”. A competição acontece no Rio de Janeiro, sede das Olimpíadas 2016. “Se em uma primeira participação eu fiquei em quarto, eu acho que treinando bem na próxima eu posso ter uma colocação ainda melhor”, sonha o menino.
Karatê - A luta marcial foi um divisor de águas na vida de Englesson André Vangeler da Silva, de 14 anos, estudante da 6ª Série da Escola Graziela Moura Ribeiro. Em 2015, ele somou ao currículo participação no XXI Campeonato Paraense de Karatê Interestilos, em que consquistou a medalha de prata no Kata, uma das bases do trinômio de aprendizado dessa modalidade, quando o atleta auxilia o iniciante a assimilar o estilo e aprender as técnicas básicas de movimentação, defensa e ataque, e outra de bronze no torneio de Kumite, outra base da formação, que contempla a aplicação prática das técnicas estudadas diante de um adversário real.
Sua mais recente participação foi na XIII Copa Norte de Karatê, realizada no Ginásio de Esportes de Marituba, em novembro passado. “Nesses eventos ele saiu com medalha em todos os estilos”, ressalta Leonardo Cunha Santa Brígida, treinador pelo Pro Paz e atual presidente da Federação de Karatê Interestilos do Pará - FKIPA. O técnico destaca que os próximos campeonatos só ocorrerão em 2016 e aposta no talento do pupilo. “O Englesson possui capacidade técnica inclusive para participar do campeonato nacional”, assegura.
Para Englesson, a oportunidade aberta pelo esporte por intermédio do Pro Paz nos Bairros lhe permitiu sonhar com um futuro diferente. “A minha vida melhorou 100% com o karatê, porque antes eu não queria saber de escola, não queria estudar direito. Agora não, passei a me interessar mais pelos estudos, assisto todas as aulas. E quando crescer eu pretendo ser professor de karatê”, revela.
Em pouco mais de um ano de treinamento no Polo Pro Paz da Sacramenta, Englesson André diz que aprendeu tudo o que sabe da arte marcial com Leonardo. “Eu acho o karatê muito interessante porque faz com que a pessoa trabalhe não apenas o corpo como a mente”, explica. A mãe, Bernadete Vangeler da Silva, que acompanha o menino nos treinos e nas competições, é só orgulho pela evolução que ele vem apresentando. “O Pro Paz foi tudo para a vida dele”, diz.
Segundo Bernadete, a participação do filho no projeto melhorou a autoestima, o interesse pela escola, a relação com os pais. Além do aspecto ocupacional e da disciplina adquirida com a atividade, ela ressalta que o atendimento psicológico e educacional também foram fundamentais para essa mudança. Para o próprio Englesson, o professor é um incentivador e o grande responsável por esse novo comportamento. “Ele pede para a gente obedecer aos nossos pais, pra não ficar na rua, fazer o dever de casa, ir para a escola, não andar em más companhias... Tudo isso é repassado diariamente pra gente”, conta o aluno.
Talento na ponta dos pés - A mesma oportunidade se abriu para Elói Pereira, 16 anos, estudante da Escola Estadual Frei Daniel, hoje na 7ª série do Ensino Fundamental. O despertar pela dança começou aos 13 anos. Em casa, o menino assistia vídeos na expectativa de absorver as técnicas do balé e da dança contemporânea para um dia se tornar um bailarino. Já matriculado no Polo Pro Paz, do Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), com habilidade e esforço garantiu uma bolsa para Balé Clássico na Companhia Ballare. “Tudo que eu conquistei foi por causa do trabalho no Pro Paz. Já me apresentei no Theatro da Paz, no Centur, e também já fiz aulas com professores norte-americanos que vieram ministrar oficinas nos polos”, conta
Para José Augusto da Conceição, coordenador do Polo Pro Paz UFPA, as atividades complementares do projeto Pro Paz dos Bairros possibilitam aos jovens dos bairros onde os polos estão localizados a chance de desenvolver suas potencialidades e realizar seus sonhos. “Aqui oferecemos natação, futsal, informática, leitura, Matemática, jiu jitsu, capoeira, enfim, são várias atividades que ocupam os alunos enquanto não estão na escola. Além disso, contamos com professores de qualidade e uma equipe de retaguarda com psicólogo, pedagogo e assistente social, para garantir que eles estejam bem amparados”, relata.
Além do trabalho no Polo, os coordenadores do Pro Paz também acompanham a rotina dos alunos em suas escolas e promovem reuniões com os pais, como forma de atrair as famílias para o projeto e também relatar que está sendo feito dentro do Polo. “Procuramos ir às escolas para mostrar aos professores, pais e alunos que o projeto tem muito a oferecer para essas crianças. Mais do que ocupá-las no contraturno escolar, o projeto busca semear dentro delas uma cultura de paz, porque hoje vemos muitos jovens sendo cooptados pelas drogas e pela violência por não terem alternativa. Aqui nós buscamos trabalhar a formação deles sob os mais diferentes aspectos, para que eles mesmos possam ser agentes transformadores dessa realidade”, explica José Augusto.
Elói reforça que todo o conhecimento na dança foi adquirido quando passou a frequentar o Polo Pro Paz da UFPA. “Com o apoio do professor Diego Jaques que eu comecei a me aperfeiçoar. Esse é o ponto mais positivo do Polo: as oportunidades, as portas que se abrem. Foi assim com a bolsa que eu consegui, as apresentações que eu fiz, os espetáculos dos quais a gente vem participando. O nosso grupo costuma até brincar quando aparece um convite pra gente dançar no Theatro da Paz dizendo: 'mas de novo? Estamos tão acostumados a nos apresentar lá que é como se o TP já fosse a nossa segunda casa”, brinca.
Também integram o time de jovens talentos revelados nos Polos do Pro Paz a bailarina Vitória Maelo, Bolsista da Escola Ana Unger, além de outros tantos jovens de 8 a 18 anos, matriculados nos seis polos do projeto Pro Paz nos Bairros.
Matrículas - As atividades de esporte, lazer, arte e cultura são ofertadas no contraturno escolar, porporcionando alternativas saudáveis de continuidade educacional nos períodos ociosos. As matriculas para os interessados em participar do projeto permanecem abertas até o dia 18 de dezembro.
Para se inscrever os jovens devem procurar o polo mais próximo de casa, acompanhados de um representante legal e apresentar os seguintes documentos: duas fotografias 3x4, originais e cópias da carteira de identidade (RG) do responsável, da certidão de nascimento ou RG do aluno a ser matriculado, do comprovante de residência e da declaração de matrícula escolar. Não é possível se matricular pela internet ou por telefone e é fundamental o comparecimento dos interessados no polo escolhido.