Capacitação na Sespa destaca vacinação e diagnóstico precoce contra a meningite
Evento destinado a médicos da Grande Belém foi realizado em parceria com a Sociedade Paraense de Infectologia
Capacitação foi destinada aos médicos dos municípios da Região Metropolitana de BelémEspecialistas da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI) destacaram, na sexta-feira (26), importância da vacinação e do diagnóstico precoce para evitar casos de meningite no Pará. Foi durante a capacitação “Manejo de Casos de Doença Meningocócica: Estratégias Clínicas e Epidemiológicas”, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) em parceria com a SPI, no auditório da Sespa.
Destinado aos médicos da rede pública e privada dos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara, que integram o 1º Centro Regional de Saúde (CRS) da Sespa, o objetivo do evento foi fornecer informações atualizadas e estratégias eficazes para o tratamento e prevenção da meningite meningocócica e melhorar a qualidade do atendimento prestado à população.
Irna Carneiro, coordenadora científica da Sociedade Paraense de InfectologiaO conteúdo foi ministrado pelo infectologista e presidente da SPI, Alessandre Guimarães; e pela infectologista e coordenadora científica da SPI, Irna Carneiro. Eles falaram sobre prevenção, detecção precoce e tratamento assertivo.
Alessandre Guimarães, presidente da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI)Para o médico Alessandre Guimarães, a questão fundamental é evitar que os casos de meningite se agravem e as pessoas morram pela doença.
“Além de evitar que as pessoas tenham a forma grave da doença e morram, queremos conclamar a população a voltar aos programas de vacinação, pois, infelizmente, a gente está vivenciando uma queda na cobertura vacinal como nunca vista antes desde a implantação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 1973".
Por causa dessa realidade, conforme Irna Carneiro, existe um movimento capitaneado pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) à qual a SPI é filiada, com a finalidade de chamar a atenção da população, para começar a se preocupar com a vacinação porque a maioria das doenças são imunopreveníveis tanto na infância como na idade adulta. “Precisamos retomar os patamares de cobertura vacinal. É preciso que a gente se orgulhe de um Programa Nacional de Imunização, que já foi considerado o melhor no mundo pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, enfatizou.
A infectologista também disse que é preciso definitivamente que se esclareça todas as fake news. “Então, o que não é fake é que precisamos nos vacinar sempre e estar com nosso calendário vacinal atualizado, e ver que doenças como a meningite são preveníveis com a vacinação”, comentou.
Sobre o papel da SPI, Irna Carneiro disse que a SPI está disponível para fomentação de conhecimento e que para que um paciente com suspeita de meningite possa ser bem atendido, é preciso ter conhecimento e que esse conhecimento precisa ser capilarizado.
Assim, o objetivo da SPI é capacitar os profissionais de saúde para o entendimento das doenças infecciosas de modo geral, levar o conhecimento adequado para que esses profissionais identifiquem a doença, no caso a meningite, de forma correta e façam a melhor abordagem terapêutica. “Com isso, a gente evita complicações e a mortalidade por meningite”, enfatizou a infectologista.
Diana Lobato, coordenadora do GT-Meningite da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa)Rede de atendimento - A coordenadora do Grupo Técnico de Meningite da Sespa, Diana Lobato, informou que a atualização para os médicos se justifica por causa do risco de aumento de casos da doença no período chuvoso e pelo fato de não existir vacina para todos os tipos de meningite no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). “Então, nossa preocupação é manejar adequadamente o paciente, tratá-lo precocemente, prevenir novos casos e evitar morte por meningite bacteriana”, disse.
Segundo Diana Lobato, atualmente, há uma rede estruturada na Região Metropolitana de Belém, que direciona o paciente com suspeita de meningite para a Unidade de Diagnóstico de Meningite (UDM), que funciona no Hospital Universitário João de Barros Barreto. A UDM atende qualquer caso suspeito de meningite. Basta o médico ou profissional de saúde referenciar o paciente para lá. “Porém, qualquer hospital que tenha médico capacitado em coleta do líquido cefalorraquidiano (LCR) pode coletar, acionar a Vigilância Epidemiológica Municipal e encaminhar a amostra para análise no Laboratório Central do (Lacen-PA), que é o laboratório de referência”, ressaltou.
A coordenadora do GT-Meningite ressaltou que os profissionais da rede privada devem acionar a Vigilância Epidemiológica Municipal mediante um caso suspeito de meningite. “Todo hospital que tiver um caso suspeito de meningite tem que ligar para a Vigilância Municipal, que, além de ajudar no processo de envio de amostras para análise, vai dar todas as orientações necessárias para a condução do caso”, afirmou.
Diana Lobato disse, ainda, que mesmo que o hospital tenha encaminhado uma amostra para laboratório da rede privada, o Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde preconiza que essa amostra também deva ser enviada para o Lacen-PA.Diretora de Epidemilogia da Sespa, Daniele Nunes
Parceria - Para a diretora do Departamento de Epidemiologia (Depi), Daniele Nunes, a parceria com a SPI é fundamental para fazer a mobilização dos atores principais que vão atuar no manejo do caso dos pacientes que são os médicos. “A gente sabe quanto é difícil um médico participar de uma capacitação e a Sociedade conseguiu fazer uma boa mobilização para que a Sespa possa atingir esse público”.
Daniele Nunes informou que a capacitação foi gravada e será disponibilizada no YouTube para quem não pôde participar presencialmente. “Aqueles que não conseguiram vir vão ter a chance de acessar esse conhecimento, se atualizarem e prestar melhor assistência possível ao paciente”, comentou.
Segundo a diretora do Depi, além de capacitação para profissionais de saúde, a Sespa vem fazendo um trabalho junto com os Centros Regionais de Saúde e com os municípios. “Atuamos na capacitação não só sobre manejo clínico mas também sobre Vigilância, passando pela notificação, coleta de amostras e todas as informações necessárias para que o caso seja detectado precocemente, o tratamento oportuno e seja alcançada a cura do paciente”.
Saiba mais - A meningite é a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, podendo ter causas infecciosas, como bactérias, vírus, fungos, e não infecciosas.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa por fala, tosse ou espirro. Os principais sinais e sintomas são febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, dor e enrijecimento da nuca, e manchas pelo corpo. No entanto, este ano, alguns pacientes têm se queixado de dores nas articulações.
Medidas preventivas - A vacinação é a principal forma de evitar a doença bacteriana, com as vacinas meningocócicas conjugadas C e ACWY, além dos demais imunobiológicos a serem administrados no primeiro ano de vida, tais quais: vacina BCG, Pneumocócica 10 e pentavalente.
Outras maneiras de proteção são: lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel para evitar disseminação de vírus e bactérias; evitar locais com aglomeração de pessoas; deixar os ambientes ventilados, se possível ensolarados, principalmente, salas de aula, locais de trabalho e transporte coletivo; não compartilhar objetos de uso pessoal, alimentos, bebidas, pratos, copos e talheres.