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SUPERANDO LIMITES

Estudantes com deficiência conquistam vagas para cursos de nível superior

Por Redação - Agência PA (SECOM)
05/03/2018 00h00

Aos 21 anos, Wilderson Almeida é o primeiro em sua família a conquistar uma vaga no ensino superior. Filho único de um autônomo com uma dona de casa, ele nasceu surdo, depois de a mãe ter tido rubéola durante a gravidez. O problema, no entanto, só foi identificado quando Wilderson tinha cerca de 5 anos de idade.

Nas escolas regulares onde estudou, ele enfrentou muitas dificuldades, até chegar à Unidade de Ensino Especializado Professor Astério de Campos, em Belém, que oferece Atendimento Educacional Especializado aos alunos da rede pública estadual, e mantém, desde 2002, um cursinho pré-vestibular voltado a esse público.

Foi no cursinho que Wilderson se preparou para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que fez pela terceira vez, e conquistou uma vaga no recém-lançado curso de graduação em Pedagogia - Licenciatura na perspectiva Bilíngue – Língua Brasileira de Sinais (Libras) e Língua Portuguesa, pela Universidade do Estado do Pará (Uepa).

O curso de Educação a Distância (EaD), na modalidade semipresencial, é o primeiro no Brasil, fruto de parceria entre o Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines/RJ), e a Uepa, que é a única na esfera estadual a ser polo presencial do curso. “Fiz o vestibular outras vezes e não passei. Neste ano, estava preocupado e tenso, mas decidi persistir e me esforçar ainda mais. Agora, que passei, estou muito feliz. Tenho vontade de ensinar as crianças e também os professores”, conta o futuro pedagogo, com tradução em Libras para o português, pela professora Isabel Abraão, do “Astério de Campos”.

A professora Isabel Abraão, coordenadora do cursinho pré-vestibular do “Astério de Campos”, explica que o projeto faz parte do Atendimento Educacional Especializado oferecido na unidade.

Para participar, o aluno deve estar matriculado no 3º ano do ensino médio ou já ter concluído esse nível de ensino. “Antes, os alunos surdos precisavam viajar para outros lugares do País, para ter essa preparação. Hoje, eles conseguem fazer isso com sucesso aqui em Belém. E a procura realmente é muito grande. Já estamos com 86 alunos matriculados para este ano, em dois turnos, tarde e noite”, ressaltou.

Mais emoção - Tamirys de Fátima, 24 anos, foi colega de Wilderson no Atendimento Educacional Especializado e no cursinho. Ela foi aprovada no curso de Pedagogia Bilíngue da Uepa, e também é a primeira da família a alcançar o nível superior. “Eu nem acreditei quando vi o resultado! Foi uma emoção muito grande”, disse a jovem, que mora no município de Marituba, na Região Metropolitana de Belém.

Da mesma maneira, Antonio Henrique Lima, surdo desde o nascimento, e sua família ainda estão comemorando a vaga no curso de Pedagogia Bilíngue. “Nós nunca achamos que seria possível, embora ele tenha sido sempre um aluno esforçado. Mas, devido a todas as dificuldades, nunca achamos que ele conseguiria. Felizmente, estávamos errados”, declarou a mãe de Antônio, a dona de casa Nazaré Lima.

O bom desempenho dos estudantes da rede pública estadual nos vestibulares do Estado, a exemplo dos alunos da Unidade Astério de Campos, é para o secretário adjunto de Ensino da Seduc, José Roberto Silva, fruto de todo o trabalho que a atual gestão da Secretaria vem desenvolvendo com o Pacto pela Educação.

Integração - O Pacto, liderado pelo governador Simão Jatene, integra órgãos públicos estaduais e municipais, instituições civis e empresas, visando mudar os indicadores da educação paraense, às ações dos projetos pedagógicos implantados em parceria com órgãos de referência na questão da educação do País, como o Jovem de Futuro, Mundiar, Aprender Mais, entre outros, e, também na articulação com gestores, professores e técnicos em educação.

“Sabemos que 50% das vagas nas universidades são reservadas para alunos das escolas públicas, mas é importante verificar o crescimento na conquista dessas vagas para além das cotas, que fica entre 16 e 20%. Esse, sem dúvida, é um dado importante, que reflete o trabalho integrado entre gestão da Seduc, gestão das escolas, professores, alunos e familiares. A Secretaria está empenhada na melhoria da qualidade da educação básica no Pará”, garantiu José Roberto Silva.