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No Pará, eventos científicos criam espaços infantis para oportunizar a participação de mães

Governo do Estado assegura a iniciativa inclusiva nos editais lançados pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)

Por Gustavo Pêna (SEOP)
01/09/2023 10h32

No último edital de apoio à realização de eventos científicos, tecnológicos e de inovação, o Governo do Pará, por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), destinou R$ 5 mil a mais a título de incentivo financeiro exclusivamente para os projetos que incluíram um espaço para recreação infantil. A iniciativa, pioneira entre as instituições estaduais que promovem o financiamento da pesquisa, vem estimulando a participação de mães na ciência paraense.

De acordo com o Marco Referencial para a Igualdade de Gênero em Instituições de Ensino Superior no Brasil, desenvolvido por organizações britânicas e brasileiras, práticas excludentes ainda enraizadas na sociedade são entraves às carreiras de mulheres, necessitando cada vez mais de atividades práticas que proponham a promoção de igualdade de gênero no ensino superior e na pesquisa. A questão da parentalidade, ou seja, o desenvolvimento da carreira acadêmica materna com a demanda dos filhos na primeira infância, é uma delas.

A pesquisadora, Liviane Ponte Rego, de 41 anos, é mãe de dois filhos, um de sete e outro de nove anos. Ela contou com um espaço recreativo para deixar os meninos durante a participação no VIII Congresso sobre Tecnologias na Educação, promovido no último mês de agosto pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém.

“Sabendo que as crianças estavam sendo bem acolhidas e participando de atividades lúdicas, me deu mais tranquilidade para que eu me organizasse para participar da programação do evento. Consegui participar nas atividades que eu tinha interesse. As crianças adoraram! A iniciativa, inclusive, foi alvo de comentários satisfatórios nos círculos que envolviam pais que estavam ali presentes”, falou Liviane Ponte Rego.

Carla Marina Paxiuba, professora do programa de computação da Ufopa e uma das organizadoras do Congresso. Ela explica que o espaço infantil contou com oito crianças, entre três e 12 anos, que tiveram a monitoria de uma psicóloga e mais duas auxiliares, promovendo atividades como contação de histórias, musicalização, jogos de tabuleiro e colagem criativa. Também foram disponibilizados frutas, sucos e lanches para os menores.

“O edital de apoio foi essencial para a realização do Congresso na cidade. Fornecer apoio para o espaço kids é primordial para que as mães possam participar com a segurança de que seus filhos estão em um ambiente seguro. Ter este espaço em um evento que tem como público alvo docentes do ensino básico e superior foi muito importante para garantir a participação e ampliar o público”, analisa Carla Marina Paxiuba.

Estudante de licenciatura em matemática na Universidade Federal do Pará (UFPA) no campus de Breves, Nayeli Cardoso, de 20 anos, deixou o filho de dois anos no espaço recreativo do II Congresso Amazônida Marajoara de Matemática, que também aconteceu em agosto, na cidade do Marajó. Ela comemorou a oportunidade de participar da carreira científica em paralelo à maternidade.

“É muito importante ter esse apoio às mães, pais e outros que não tem com quem deixar suas crianças. Minha experiência foi ótima, meu filho adorou brincar no espaço e fiquei mais tranquila por saber que meu filho estava em um lugar legal”, disse Nayelli.

O presidente da Fapespa, Marcel Botelho, destaca que, além do financiamento extra a projetos que incluíram um espaço infantil, uma outra ação efetiva da Fundação para ampliar e incentivar a participação feminina na ciência foi expandir o período de avaliação curricular de mulheres comparada ao de homens, já que é comprovado que a maternidade interrompe, durante um período, a produção científica da mulher.

“A desigualdade de gênero na ciência e os fatores responsáveis por isso têm sido cada vez mais discutidos na Diretoria Científica da Fapespa. Já se sabe que a progressão na carreira científica é mais difícil para as mulheres mães. Mas nós não queremos só promover discussão, é preciso agir na prática. Vamos continuar colocando essas ações afirmativas nos nossos editais e chamadas para que haja um envolvimento cada vez maior das mulheres na ciência do Pará”, afirma Marcel Botelho.