Plano de bioeconomia do Pará é destaque em conferência internacional sobre o tema
Entre os painéis, temas como ‘Alinhando visões nacionais e regionais com imperativos locais e globais’, e 'Definição da Bioeconomia Pan-Amazônica’
Lançado na última conferência do Clima das Nações Unidas, COP 27, em Sharm El Sheik, em novembro passado, o Plano Estadual de Bioeconomia do Pará, primeiro do Brasil, foi destaque durante o painel de abertura da Conferência Pan-Amazônica pela Bioeconomia. O evento, que começou na quarta-feira (21) e segue até amanhã, 23, é uma iniciativa realizada por 27 instituições, nacionais e internacionais. Durante dois dias de evento são realizados painéis de especialistas e mesas redondas temáticas, com o apoio de facilitação local especializada. O evento é realizado em um espaço privado na capital paraense.
Entre os participantes está Joaquim Levy, ex-Ministro da Fazenda do Brasil, Brasil; Fany Kuiru Castro, Coordenadora Geral das Organizações indígenas da Amazônia (COICA) , Colômbia; Albina Ruiz Rios, Ministra do Meio Ambiente do Peru; Carlos Nobre, Co-Presidente, Painel Científico para a Amazônia, entre outras referências na pauta ambiental do Brasil e outros países.
O secretário de meio ambiente e sustentabilidade do Pará, Mauro O’de Almeida, que na oportunidade representou o governador Helder Barbalho, destacou o pioneirismo do Estado ao possuir um plano de bioeconomia construído com a participação ativa de diferentes organizações da sociedade civil, ressaltando a integração de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais (PIQCT), torna-se, portanto uma referência para o Brasil e os nove países que compõem a Pan-Amazônia.
O titular da pasta ambiental do Pará afirmou ainda que a realização de um evento com esta magnitude é uma forma de reconhecer que Belém se torna um centro de debates não só sobre a Amazônia, mas com todos os elementos que compõem esse contexto, e um deles é a bioeconomia.
“Esse é um evento que vai dar sugestões, vai fazer um estudo para apresentar sugestões de bioeconomia na Amazônia. O segundo elemento importante é que o Pará já tem um plano de bioeconomia, portanto ele pode oferecer para esse congresso todo o nosso caminhar de construção coletiva, que foi o plano de bioeconomia, que ouviu indígenas,quilombolas e extrativistas, por exemplo. Então, nós já temos a experiência e podemos passar a experiência para toda a Pan-Amazônia, e isso é fundamental para o sucesso desse evento”, enfatizou.
Rafael Feltran Barbieri, economista sênior da WRI Brasil, e coordenador do estudo “Nova economia da Amazônia” elogiou o Pará pelo inediatismo do Pará ao entregar o PlanBio e ressalta a importância da bioeconomia para o futuro da humanidade.
“Essa foi uma iniciativa muito feliz do governo do Pará e lembrando que bioeconomia não é só os produtos, ela também é de serviços e boa parte dos serviços ecossistêmicos que são produzidos pela floresta. Um exemplo disso é que as chuvas são extremamente importantes para os outros setores. Na Amazônia Legal brasileira, 97% da agricultura depende exclusivamente da chuva, não tem outro recurso hídrico, não existe irrigação. Então, manter a floresta em pé, manter um programa de bioeconomia, que ao mesmo tempo gere produtos para as pessoas da floresta, gere serviços essenciais para a agropecuária, é extremamente fundamental”, ressaltou o economista sênior da WRI Brasil.
Entre os painéis realizados estavam ‘Alinhando visões nacionais e regionais com imperativos locais e globais’, ‘Rumo a uma visão compartilhada e definição de uma Bioeconomia Pan-Amazônica’, entre outros.
Ao participar do painel ‘Últimas tendências, evidências e ideias disruptivas em transições econômicas sustentáveis’, o CEO da WRI global, Ani Dasgupta, enfatizou que o envolvimento de diversos atores globais é fundamental para que o mundo não chegue ao ponto de não retorno da crise climática.
“Não existe nenhum país que pense que a mudança climática hoje não é importante. A transformação não vai acontecer sem as pessoas, se as pessoas não estiverem no centro. A Amazônia possui uma rica biodiversidade e a bioeconomia não é uma escolha, ela deve ser uma iniciativa boa para as pessoas, para a economia e para o clima. Todo o sistema tem que apoiar o sistema de bioeconomia, tem que reconhecer as comunidades que vivem e produzem na floresta, sem destruir a floresta. Esse conhecimento deve ser melhorado, essa é a transição”, enfatizou Ani Dasgupta.
O titular da pasta ambiental no Pará, Mauro O’de Almeida também foi convidado a participar do debate ‘Alinhando visões nacionais e regionais com imperativos locais e globais’. No debate foi exposto o processo construtivo do PlanBio e os desafios a serem alcançados para alavancar a bioeconomia.
“A construção do Plano de Bioeconomia nos mostrou a importância de discutirmos a bioeconomia com as várias Amazônias. Com muito respeito às nossas diferenças mas na esperança que nossa ancestralidade e nossa mãe natureza nos conecte. A bioeconomia para nós não se fechou em um muro, e sim funcionou como uma estrada em busca da transição que precisamos. Por isso, em nosso plano usamos a “bioeconomia que queremos”. Hoje temos a limitação de produção dos produto de bioeconomia (escala) pois são feitos de forma artesanal, então precisamos pensar em como reagir a essa escalabilidade mantendo os níveis de conservação da natureza. Isso deve ser discutido por todos nós”, concluiu.