Presença feminina predomina no HGT e ganha ainda mais espaço na Assistência
Atualmente, cerca de 50% das cirurgias conduzidas no HGT são realizadas somente por mulheres
Com uma força de trabalho marcadamente feminina, atualmente, o Hospital Geral de Tailândia (HGT) conta com um quadro de 280 colaboradores, sendo desse total, 179 mulheres e 101 homens, uma equipe multiprofissional que garante atendimento de qualidade, seguro e humanizado aos pacientes.
No HGT, diariamente, um grupo de mulheres vem quebrando tabus e confirmando a capacidade feminina no centro cirúrgico, todos os dias, realizando cirurgias gerais e partos. Liderado pela médica cirurgiã Manuela Ortiz e pela obstetra Camila Xavier, o grupo, que é composto ainda pela enfermeira Hayanne Jorge e as técnicas Ana Carla Lopes e Lorena Sampaio, assegura que o espaço entre os homens está meio a meio com os números de atuações em procedimentos realizados na unidade hospitalar.
“A formação do grupo foi acontecendo naturalmente e por coincidência de escala dos plantões. Quando percebemos que em certas cirurgias somente mulheres estavam atuando, veio aquele ‘boom’ de reflexão: 'nossa, somente mulheres'. Estamos conseguindo conquistar o nosso espaço. Não foi nada planejado, foi um acaso. Hoje, cerca de 50% das cirurgias conduzidas no HGT são realizadas somente por mulheres”, revela Ortiz, que há quatro anos atua na unidade hospitalar.
Entre os médicos que atuam nas cirurgias gerais, a doutora Manuela, de 38 anos, e há 11 anos na Medicina, atualmente, é a única mulher entre os homens na especialidade no HGT. Ainda compõe a equipe a médica anestesista, Raine Ilha. Ao todo, a unidade hospitalar possui 19 mulheres diante de apenas oito homens na equipe de Enfermagem atuando por meio de escalas no Centro Cirúrgico.
Histórico - No início da Medicina, o ofício era exclusivamente masculino, mas em 1849, a americana Elizabeth Blackwell começou a mudar o panorama mundial, sendo a primeira mulher a receber o título de médica no planeta. No Brasil, a primeira médica diplomada em universidade brasileira foi Rita Lobato Lopes, em 1887. A partir dessa data, houve uma crescente participação feminina no setor.
Dados - De acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), as mulheres são a principal força de trabalho na área da saúde, representando 65% dos mais de seis milhões de profissionais ocupados no setor público e privado, tanto nas atividades diretas de Assistência em hospitais, quanto na Atenção Básica.
Em se tratando de Enfermagem, 80% dos profissionais são mulheres. Na pesquisa Demográfica Médica realizada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), homens na Medicina representavam 53,4% da população de médicos, e as mulheres, 46,6%. Trinta anos atrás, em 1990, as mulheres eram apenas 30,8%. Na Medicina, os homens ainda são maioria em atividade no Brasil, mas a diferença em relação às mulheres vem diminuindo a cada ano.
Enfrentamento – Desde o início da carreira, em Manaus, Manuela Ortiz, enfrentou discriminações e muitos desafios, por conta de simplesmente ser mulher.
“Eu sempre fui chamada de novinha para exercer a profissão. ‘Nova’ no sentido pejorativo por ser mulher e já duvidando da minha capacidade; era perceptível. Até hoje passo por isso após anos de medicina e com duas residências no currículo. É dia a dia mostrando o meu potencial. Ainda ouço perguntas do tipo: Será que ela vai dar conta da cirurgia?”.
Atualmente, a profissional já percebe avanços no universo feminino, tanto na medicina, quando na cirurgia geral. “Quando terminei a residência em cirurgia geral, pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), eram pouquíssimas mulheres. Mas hoje, o número é bem maior e a cada dia estamos buscando mais espaço”.
Para ser cirurgiã geral, a médica dá dicas para as futuras mulheres que almejam a especialidade. “Superem todos os desafios e tabus. É importante trabalhar o psicológico. Saber que discriminação e rejeição irão sempre confrontar com os seus sonhos, mas que todos os dias é preciso ser forte para resolver todas as demandas, buscando o melhor, através da dedicação para ganhar respeito e notoriedade dentro da profissão. Não é fácil, mas dá para conquistar”.
Ortiz é a primeira mulher, no Pará, a conquistar e exercer a especialidade cirurgiã torácica, concluída no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio De Janeiro. Josiel Brito, de 52 anos, foi um dos usuários a passar pelo atendimento cirúrgico com o grupo feminino.
“O HGT foi o melhor hospital que já tive atendimento. Tudo dentro dos padrões em saúde que um governo pode proporcionar. Além deste ponto positivo, fiquei surpreso com o grupo de mulheres que realizaram a minha cirurgia. Claro, já realizei atendimento com médicas, mas no grupo, homens estavam inseridos. Parabéns às mulheres do HGT, por a cada dia buscarem o seu espaço na profissão. Essa inserção no mercado de trabalho é excelente. Fico feliz pela dedicação de todas, principalmente, pela médica Manuela Ortiz, uma profissional fantástica, acolhedora, muito inteligente e sabe o que está fazendo”, finalizou.
Somando os 10 meses de 2022, o HGT já promoveu cerca de dois mil procedimentos cirúrgicos entre geral e eletivo. Em se tratando de partos, a unidade hospitalar realizou 1.133 no mesmo período.
Estrutura - O HGT tem 51 leitos e mantém uma Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) com nove leitos, sendo seis adultos e três pediátricos. Os usuários que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) têm acesso aos serviços oferecidos pelo HGT, por meio da Central de Regulação Municipal e Estadual, e aos de urgência e emergência em livre demanda ou encaminhados pelo Samu, Corpo de Bombeiros Militar e Polícias Rodoviárias Estadual e Federal.
Serviço: O HGT é uma unidade de saúde do Governo do Pará, administrado pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). O hospital fica na Avenida Florianópolis, s/n, no bairro Novo. Mais informações pelo fone (91) 3752.3121.
Texto: Pallmer Barros/Ascom HGT