Gratidão e solidariedade marcam o Traslado Rodoviário até Ananindeua
Um percurso de 47 quilômetros marcado por gratidão, solidariedade e busca da cura pela força da fé deu início ao Círio 2018. É o Traslado Rodoviário, a primeira das 12 procissões da Festividade de Nazaré, que na manhã desta sexta-feira (12) levou a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré de Belém até Ananindeua, na Região Metropolitana.
Durante o trajeto, o mais extenso das 12 procissões, milhares de fiéis acompanharam correndo, de bicicleta, motocicleta ou de carro, enquanto outros esperaram a passagem da imagem da padroeira nas calçadas, ruas e sacadas. Nossa Senhora de Nazaré recebeu várias homenagens, principalmente durante algumas paradas.
A primeira - e sempre uma das mais emocionantes – ocorre desde o Círio de 1992 em frente ao Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento de câncer, na Avenida Magalhães Barata. Uma área é destinada aos pacientes do hospital, internados ou em tratamento, que recebem emocionados as bênçãos e participam das homenagens feitas por cantores paraenses, entre eles Júlio Cezar Patrício.
Cura pela fé - Antes mesmo de a imagem de Nossa Senhora passar em frente ao HOL, o professor universitário Douglas Beltrão já derramava lágrimas de gratidão. “Me curei de um linfoma graças a ela, e desde que isso aconteceu, há 10 anos, faço questão de vir aqui, ver a imagem de perto para agradecer essa enorme bênção”, disse o professor, que continua em tratamento de manutenção no Hospital Ophir Loyola.
Assim como Douglas Beltrão, a doméstica Luciana Silva, 38 anos, também acompanhou a romaria pagando promessa feita em intenção da filha Nayla, 09 anos, que se curou de leucemia em 2014. Para a mãe, só há uma explicação: “Foi um verdadeiro milagre de Nossa Senhora de Nazaré, e todos os anos venho aqui agradecer”.
Solidariedade - Em frente ao Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), na Rodovia BR-316, em Ananindeua, antes e depois da passagem da Imagem Peregrina 60 voluntários se mobilizaram para oferecer cuidados aos romeiros que chegam de longe. São funcionários do HMUE, residentes e estagiários de instituições de ensino, que em parceria com os membros da Cruz Vermelha ofereciam água e sucos aos promesseiros, e também faziam massagens e curativos para aliviar dores e cansaço.
“Este é o sexto ano que prestamos esse atendimento. Tudo começou quando percebemos a grande quantidade de romeiros que, ao passar por aqui, entrava no hospital pedindo ajuda. Decidimos, então, facilitar esse atendimento, estando de prontidão aqui na porta. O sentimento é de uma paz interior enorme ao podermos prestar essa ajuda”, disse o coordenador do Departamento de Ensino e Pesquisa do Hospital Metropolitano, Leonardo Costa.
“Se não fosse essa massagem que recebi aqui, acho que não conseguiria cumprir minha promessa até o fim. Vim de Castanhal (a 68 km de Belém) com a missão de chegar até a Basílica”, disse a professora Juliane Dias, 31 anos, enquanto recebia massagens de uma voluntária.
A estudante de biomedicina Sabrina Fernandes, 20 anos, outra voluntária, frequenta a Igreja Adventista, mas disse ter ficado "arrebatada" com a demonstração de fé e devoção dos romeiros. “É muito impactante ver as pessoas vindo de longe para cumprirem suas promessas. Fico feliz de poder ajudar, já que, independente de religião, Jesus nos ensinou a amar o próximo”, destacou a universitária.
O atendimento oferecido pelo HMUE em parceria com a Cruz Vermelha continua na Romaria Fluvial, na manhã de sábado (13), na Balsa de Atendimento Especializado, que tem uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com dois leitos e 20 macas, suporte de materiais e vários profissionais. O trajeto da embarcação iniciará no Porto Brucutu, no bairro do Telégrafo, com passagem pelo Distrito de Icoaraci (de onde sai a Romaria Fluvial) e chegada na escadinha do cais do porto, na orla da Baía do Guajará.