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Ophir Loyola zera fila de biópsias para tumores ósseos

Por Leila Cruz (HOL)
02/04/2022 09h49

O Hospital Ophir Loyola eliminou, no final de março, a fila de espera por biópsias de tumores ósseos. Esse é o resultado obtido com mutirões de cirurgias realizadas aos finais de semana para atender a demanda reprimida ocasionada pela pandemia e retornar ao fluxo contínuo de procedimentos. A estratégia, desenvolvida desde o segundo semestre do ano passado, garante o acesso ágil de pacientes com neoplasias no aparelho musculoesquelético ao tratamento ofertado na Clínica de Oncologia Ortopédica do hospital.

A cada ano, surgem 2.700 novos casos de câncer ósseo no Brasil. A neoplasia representa 2% dos tumores malignos que atingem a população. No Pará, o Ophir Loyola realizou 887 consultas e 104 cirurgias na especialidade em 2021. Referência na assistência de alta complexidade na região Norte, atualmente trata 98 pacientes com a enfermidade. A maioria desenvolve metástase óssea a partir de tumores primários em outros órgãos. Isso ocorre porque células cancerosas podem percorrer a corrente sanguínea e se instalar nos ossos. 

As lesões metastáticas mais comuns provêm da mama, próstata, pulmão, rim, tireoide e trato gastrointestinal. Conforme explica o oncologista ortopédico do HOL, Fernando Brasil, o diagnóstico precoce dessas metástases oportuniza a prevenção de fraturas. “Operamos os pacientes antes da fratura acometer o osso. Uma condição que atrapalha inclusive no tratamento do tumor primário, porque o enfermo fica acamado e não consegue vir ao tratamento”, explica.

Os sintomas são os mesmos de tumores ósseos primários, incluem dor intensa, inchaço nas articulações, presença de nódulo ou massa, e maior facilidade de fratura dos ossos, por conta da fragilidade ocasionada pelo tumor. Também pode ocorrer cansaço constante, febre e perda de peso. A investigação envolve exames físicos, de sangue e de imagem, como radiografia e ressonância magnética. Mas o diagnóstico é confirmado pela biópsia, conforme explica o especialista.

“A biópsia é um procedimento cirúrgico realizado com a coleta de um fragmento da lesão para posterior estudo anatomopatológico. Portanto, deve ser executado pelo oncologista ortopédico por demandar técnica cirúrgica específica para a ressecção do tumor. Mas, durante os períodos de pico da pandemia, alguns pacientes com necessidade do exame deixaram de buscar atendimento. Só retornaram com a redução do número de casos de covid-19, ocasionando um aumento da demanda”, afirma o oncologista ortopédico.

O oncologista ortopédico Fernando BrasilOs esforços da gestão e da equipe assistencial do Ophir Loyola resultaram num plano de ação para agilizar o atendimento desses pacientes. A medida vem ao encontro do 'Abril Amarelo', campanha nacional desenvolvida pela Associação Brasileira de Oncologia Ortopédica (ABOO) e apoiada por centros de referência no tratamento do câncer. A iniciativa alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do tumor ósseo maligno, devido aos baixos índices de sobrevida e alta incidência de amputações, quando descoberto de forma tardia.

Para a diretora-geral Ivete Vaz, é uma satisfação imensa iniciar o  mês de dedicado à conscientização da doença com o resultado alcançado pela instituição. “Em breve, os especialistas terão os diagnósticos em mãos para dar início ao tratamento adequado dos pacientes. O trabalho desenvolvido demonstra a nossa preocupação com a saúde dos usuários e representa um forte compromisso com a melhoria contínua e avanços da saúde pública do Pará”, afirma.

Apesar de raro, esse tumor é muito agressivo, conforme explica  Fernando Brasil. “Em virtude dos pacientes apresentarem fraturas ou até mesmo amputações, precisamos alertar sobre a importância do diagnóstico do tumor em fase inicial e tornar isso uma realidade nos serviços de saúde. A doença precisa ser identificada o quanto antes para possibilitar cirurgias menos invasivas e conseguir preservar os membros. Isso garante um melhor prognóstico e até mesmo a cura”, destaca.

Ainda segundo o especialista, os pacientes  tem melhores resultados quando são tratados em centros de referência, como o Ophir Loyola. “Aqui, ofertamos um tratamento multidisciplinar com especialistas médicos e de outras áreas, qualificados em oncologia, como enfermeiros e fisioterapeutas. Isso aumenta a segurança da assistência e reflete na melhora da saúde do paciente. Por meio de cirurgias, com fixações ou próteses, associado ao uso da radioterapia, conseguimos reverter o quadro clínico para oferecer uma melhor qualidade de vida aos nossos usuários”, ressalta.

Paciente, a professora Géssica PortilhoA professora Géssica Portilho, 31 anos, trata um tumor ósseo desde dezembro do ano passado. Ela conta que após um dia de trabalho, começou a sentir desconforto na região lombar. A dor só aumentou, tornando-se insuportável. Chegou a pensar que tinha feito algum movimento errado durante o treino de musculação. Ao procurar um ortopedista foi solicitada uma radiografia, mas não foi possível fechar um diagnóstico. Outro profissional foi procurado e, após uma ressonância, deu início à fisioterapia. Pensavam ser nervo ciático.

“Sempre busquei me cuidar, fazer atividade física e me alimentar bem. No entanto, quando o resultado saiu, no final do ano passado, tirou o meu chão. O tumor tinha crescimento rápido e muito agressivo, poderia destruir a parte óssea local. Mas, fiz todo o acompanhamento e passei pela cirurgia em 18 de fevereiro deste ano. Tive sucesso no tratamento e fui liberada para retornar às minhas atividades. Agora ficarei somente no controle periódico”, comemora a educadora.

Texto: Leila Cruz - Ascom Ophir Loyola