Mais de 2 milhões de pessoas renovam devoção mariana na 226ª edição do Círio
Há 226 anos, Belém experimenta uma energia diferente sempre que chega o segundo domingo de outubro. É tempo de renovar a fé e reafirmar uma escolha: a de seguir a imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas da capital durante mais um Círio. Neste domingo, 14, novamente a padroeira dos paraenses foi levada por verdadeiras cordas humanas por 3,6 km, da Igreja da Sé até a Praça do Centro Arquitetônico de Nazaré, em frente à Basílica Santuário, onde a imagem chegou por volta de 11h45.
Michel Souza é um dos responsáveis pela missão de guardar e proteger a imagem durante as 12 romarias realizadas pela Diretoria da Festa. Guarda de Nazaré há 14 anos, ele garante: não importa o número de vezes que o devoto participa, a emoção é sempre diferente. “Cada vez o sentimento aumenta. Só de estar ao lado dela, podemos usar a palavra privilégio, mas estamos mesmo aqui para servir”, disse lembrando ainda o motivo que o fez se candidatar para o grupo.
“Eu tive um chamado de Maria. Mas sempre fui devoto. Passei oito anos indo na corda do Círio, pedindo pela saúde do meu pai, até que ele faleceu. Foi quando decidir entrar na Guarda, e hoje em dia eu não tenho palavras para explicar o sentimento que é poder guardar Nossa Senhora”, revelou emocionado.
E é para garantir a segurança da imagem que os guardas trabalham, porque, atualmente, são mais de 2 milhões de fiéis na romaria, a principal e a maior da festividade. Todos procuram um espacinho nas esquinas, na frente de prédios públicos ou até mesmo entre a rua e a calçada. Tudo para ter a oportunidade de assistir ao menos a passagem da imagem de pertinho.
É o caso de Rosana do Socorro Almeida, que aguardava a saída da procissão, desde às 5h da manhã, na Praça Frei Caetano Brandão, em frente à Sé, para ver a passagem da imagem peregrina. “Para mim todo momento é especial, mas quando você vê a berlinda passar é muito lindo. O pessoal quer que explique o que é o Círio, não tem explicação o que a gente sente. Não tem como explicar que Deus tem uma mãe no céu e nós temos a mesma mãe aqui na terra”, analisou.
Este ano, Rosana foi acompanhar a romaria vestida de anjo por conta de uma promessa que fez para a filha passar no vestibular. Ela comenta a importância da relação entre mãe e filhos. “Sempre digo que minha mãe me mostrou o caminho da fé. Nós éramos 14 e lembro quando ela nos trazia ainda crianças e ficávamos esperando Nossa Senhora passar. Então foi a minha mãe que me passou a fé e desde que eu virei mãe eu tento passar a fé para as minhas filhas”, concluiu.
Mas nem todos se satisfazem apenas com a passagem da imagem ou com acompanhar a procissão. O vigilante Durval Santa Brígida Neto, de 37 anos, precisa de um pouco mais. Ele e aproximadamente 15 amigos vão há alguns anos na corda de promesseiros atrelada à Berlinda. Moradores do bairro da Cremação, todos acreditam no ato como um momento de renovação da fé. “Cada um tem sua fé, mas todo mundo se ajuda, pedimos sempre por todos”.
PM garantiu segurança
A preocupação com a segurança durante toda a romaria também é prioridade da Polícia Militar do Pará. Segundo o coronel Luiz Carlos Rayol, esse ano o planejamento foi alterado para garantir a cobertura de todas as áreas por onde passa a procissão durante 100% do percurso. A corporação disponibilizou 1.4 mil agentes, 89 viaturas e 50 motos para este domingo de Círio.
“A área foi dividida em três setores: o A, que vai da Igreja da Sé até o início da Presidente Vargas; o B, que parte de lá até o Manoel Pinto; e o C, que segue até a Basílica Santuário. Antes, o policiamento era todo na Sé e vinha acompanhando a procissão, mas agora ficam nos setores e destacamos o policiamento para acompanhar”, detalhou, informando ainda que os agentes ficam até às 15h fazendo a proteção e a segurança dos romeiros após a finalização da romaria.
O Corpo de Bombeiros, o Departamento de Trânsito do Estado (Detran) e a Policia Civil também fizeram a segurança dos romeiros durante a procissão.