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SAÚDE PÚBLICA

Conscientização sobre fibromialgia é tema da campanha Fevereiro Roxo

No Pará, há atendimento para fibromialgia no Hospital Jean Bittar e na Unidade de Ensino e Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Uepa

Por Carol Menezes (SECOM)
12/02/2022 11h01

No Fevereiro Roxo, campanha criada em 2014 em Minas Gerais, ganham destaque informações sobre várias doenças, incluindo a fibromialgia, que é crônica e incurável, e afeta 2,5% da população mundial. A campanha ainda não faz parte do calendário oficial do Ministério da Saúde, mas é realizada no Brasil para conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico na fase inicial para controlar os sintomas, e até mesmo retardar, melhorando a qualidade de vida.

No Pará, há atendimento para fibromialgia na rede pública de saúde, que inclui o Hospital Jean Bittar, e na Universidade do Estado do Pará (Uepa), tanto para consulta como para tratamento. O acesso ao serviço é realizado pelo atendimento com médico clínico em Unidade Básica de Saúde (UBS), que encaminhará aos serviços de reumatologia de referência, caso seja necessário.

A fibromialgia é uma síndrome por apresentar vários sintomas, sendo a dor difusa generalizada (em músculos e articulações) o mais evidente, que geralmente está associada a outros, como alterações do sono (sono não reparador), fadiga, dificuldades de concentração e na memória, além de distúrbios do humor, como depressão e ansiedade.

É considerada uma doença crônica por ter duração superior a três meses. Vários fatores podem desencadear a fibromialgia, de histórico de traumas a estresse emocional, levando a alterações neurológicas que aumentam a percepção e sensação de dor pelo corpo.

A doença é relativamente comum e independe de gênero e faixa etária. Porém, é mais frequente em mulheres entre os 30 e 50 anos de idade.Hospital Jean Bitar, da rede pública estadual de saúde, oferece tratamento para fibromialgia

Entendimento - A reumatologista Marília Campos, do Hospital Jean Bittar, alerta para o fato de que a fibromialgia pode ser confundida com várias doenças que provocam dores musculares e articulares, fazendo o paciente buscar ajuda em outras especialidades, atrasando o diagnóstico. Mas ela ressalta que o médico clínico é capaz de suspeitar da doença e iniciar a investigação pela história do paciente, buscando outros sintomas além da dor, realizando exame físico e solicitando exames laboratoriais e de imagem (quando necessário) para descartar outras doenças que causem sintomas semelhantes. Até o momento, não há exame que confirme a fibromialgia.

"Na grande maioria dos casos, quando a doença é isolada, os exames são normais. Por isso dizemos que o diagnóstico é clínico, ou seja, requer a avaliação de um médico. A maior dificuldade no diagnóstico é justamente não haver um exame específico para a doença, fazendo o paciente e as pessoas do convívio dele duvidarem da existência da condição", explica a médica.

Essa característica torna ainda mais importante a avaliação do reumatologista para essa confirmação e também para conversar com o paciente e familiares, a fim de tentar ajudar a entender a fibromialgia e a importância do tratamento.

Como tratar - A principal medida de tratamento é a atividade física. De preferência, exercícios aeróbicos, que movimentam todo o corpo. A atividade física é capaz de estimular a produção de substâncias que conseguem reduzir a dor. Em conjunto com os exercícios, podem ser utilizados medicamentos antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos, que diminuem a intensidade da dor e melhoram outros sintomas, como alterações do sono e distúrbios do humor. A medicação é sempre individualizada, porque o que funciona para um, não necessariamente funciona para todo paciente com fibromialgia. 

"Outra medida que também fará parte do tratamento é apoio psicológico para que o paciente aprenda a lidar com uma condição crônica e a manter as medidas de mudança do estilo de vida (exercícios, redução de estresse) de forma contínua, para seu próprio benefício. Dentro dos cuidados de saúde é importante estar com a vacinação em dia, não havendo contra indicação à vacina contra a Covid-19 em casos de fibromialgia. Vacinas reduzem o risco de infecções graves, que podem piorar os sintomas da fibromialgia", alerta Marília Campos.

Qualidade de vida - Por ser uma disfunção cerebral, o Sistema Nervoso Central (SNC) passa a atuar de forma desorganizada na percepção da dor, como se houvesse uma ausência de filtro para os estímulos, levando a pessoa a sentir mais dor (generalizada), afetando a movimentação. A fibromialgia está sempre associada à dor e fadiga muscular, sono não repousante e intolerância ao exercício, levando à sensação de incapacidade e limitação das tarefas do dia a dia, e gerando sofrimento físico e emocional.

O fisioterapeuta Lauro Lincoln da Silva Pessoa, da Uepa, ressalta a necessidade da avaliação clínica para a busca do diagnóstico. "É preciso que profissionais solicitem exames para descartar doenças reumáticas e doenças autoimunes, que têm sintomas confundíveis com os da fibromialgia", explica.

Auxílio - A Fisioterapia pode ser grande aliada para quem enfrenta os sintomas da doença, podendo reverter o quadro de dor e fadiga, trazendo mais qualidade de vida ao paciente. São utilizadas técnicas de analgesia; acupuntura (não só com agulhas, mas usando moxabustão); massagem TUI-NA; exercícios, como tai chi chuan, QIgong, yoga, meditação e fitoterápicos; relaxamento muscular; alongamentos; exercício coordenados e progressivos, e outros métodos que melhoram o quadro de dor, paralelamente ao ganho de flexibilidade das articulações e de força muscular, sempre de forma específica, respeitando as características clínicas de cada paciente, em especial a facilidade de gerar fadiga.

A Unidade de Ensino e Assistência em Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Ueafto) da Uepa atende a uma grande diversidade de patologias musculoesqueléticas, neurológicas, cardiorrespiratórias e pediátricas, e também fibromialgia, via Sistema Único de Saúde (SUS), com pacientes encaminhados e avaliados por profissionais da rede, e pelo Sistema de Regulação (SisReg), para tratamento em Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Acupuntura, Psicologia, Fonoaudiologia, clínica médica e especializada.

Dias sem dor - Lauro Pessoa conta que, no campo da pesquisa, há estudos e trabalhos acadêmicos abordando especificamente essa condição. Professora do curso de Fisioterapia, Léa Oliveira coordena o Projeto “FisioFibro”, um ensaio clínico controlado e randomizado.

O paciente interessado em participar precisa ter laudo com diagnóstico confirmado de fibromialgia, mais de 18 anos, ser do sexo feminino e ter disponibilidade para atendimento à tarde. Novas triagens serão realizadas na segunda quinzena de fevereiro de 2022. O paciente, após essa triagem, será inserido no grupo de fisioterapia aquática ou no grupo de caminhada.

É possível obter mais informação e marcar atendimento com a docente responsável pelo projeto, por mensagem de WhatsApp pelo número(91) 98861-4287.