Hemopa busca apoio da rede hospitalar para atender demanda transfusional
Graças à atuação do voluntariado da Fundação Hemopa, que ajuda a salvar vidas com a doação anônima de sangue, a professora Tais de Souza, 30, conseguiu passar as festas de fim de ano em casa, ao lado de familiares e amigos. Agora ela pode traçar planos para 2017 com a certeza de que terá condições de cumpri-los. Assim com ela, centenas de usuários internados na rede hospitalar precisam de transfusão de sangue para sobreviver ou para garantir a evolução de seu quadro de saúde.
Responsável pelo atendimento da demanda transfusional de mais de 200 hospitais públicos e privados no estado, o Hemopa coordena uma ampla de rede de captação distribuída por seis regiões de integração no Pará. Contudo, o único hemocentro público estadual vem enfrentando uma redução de quase 40% no estoque de sangue, que fica ainda mais comprometido em períodos festivos como o fim do ano, quando muitas pessoas deixam a região metropolitana de Belém rumo aos balneários, o que pode dificultar o atendimento da demanda hospitalar que, na contração do banco sanguíneo, aumenta nessa época.
Daí, a importância do fortalecimento da parceria com o corpo clínico das instituições de saúde, públicas e privadas, para estimular a doação de sangue junto aos familiares e amigos de pacientes, tendo em vista esse desequilíbrio entre demanda e oferta.
O coordenador de Hemoterapia da Fundação Hemopa, médico Carlos Victor Cunha, foi o responsável pelo procedimento de plasmaférese terapêutica (que, com o auxílio de uma máquina, remove elementos do plasma sanguíneo que possam ser responsáveis por algumas doenças, para depois transfundir o mesmo volume de plasma retirado) na paciente Tais de Souza. Ela passou 25 dias internada no Centro Hospitalar Jean Bitar com púrpura trombocitopênica trombótica, e nesse período recebeu o suporte do hemocentro.
“A plasmaférese terapêutica é um tipo de tratamento de pode ser indicado em pacientes com doenças diversas, como miastenia grave e síndrome de Guillain Barré, mas também há indicações para doenças menos conhecidas como a púrpura trombocitopênica trombótica, algumas doenças renais agudas e outras doenças auto-imunes”, explica o médico, ressaltando que o procedimento, dependendo da indicação e do grau de evolução da doença, reduz o tempo de hospitalização e acelera a recuperação dos pacientes.
Carlos Victor alerta que é muito importante o diagnóstico precoce da doença para que o médico assistente avalie a necessidade ou não de realizar a plasmaférese, e, sobretudo, para que a Fundação Hemopa garanta o serviço mais rápido possível. “Somos o único órgão na rede púbica que realiza esse procedimento”, destaca o coordenador de Hemoterapia, reforçando a necessidade de elevar o número de coletas de sangue na hemorrede estadual para o atendimento integral da demanda hospitalar. “Registramos uma média diária de 350 transfusões em toda a rede privada e pública de hospitais, o que requer que consigamos pelo menos 300 coletas/dia.
A recuperação da saúde da esposa Taís é motivo de gratidão para Deivison Sousa, 32, que faz questão de ressaltar o atendimento recebido no Hospital Jean Bitar e o apoio do Hemopa. “Os profissionais das duas instituições não mediram esforços para salvar minha mulher. Todos estão de parabéns, sobretudo os doadores de sangue, porque sem eles nada disso seria possível. Só temos a agradecer”.
Diante do resultado positivo pelo trabalho conjunto das duas equipes, o enfermeiro da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Jean Bitar, Marcos Miranda, reconhece a importância da parceria entre as instituições, especialmente nos casos em que os pacientes necessitam de procedimentos específicos, como a plasmaférese.
“No caso da paciente Taís Souza, ela deu entrada no hospital em um dia e no outro a equipe do Hemopa já estava aqui para fazer a avaliação e dar início à plasmaférese. É um tempo de resposta bem rápido que facilita o tratamento e contribui para a efetiva recuperação dos pacientes”, observou.
O diretor executivo do CHJB, Giovani Merenda, também destaca o trabalho integrado com a Fundação Hemopa e enfatiza a importância da parceria da rede hospitalar para reverter o quadro decrescente no estoque de sangue do hemocentro e garantir o atendimento satisfatório da demanda transfusional. “Nosso trabalho é conjunto e todos nós temos a responsabilidade de manter os estoques de sangue para atendimento dos pacientes que precisam.”
Podem doar sangue pessoas com boa saúde, que tenham entre 16 e 69 anos e pesem acima de 50 quilos. Menores de 18 anos podem doar somente com autorização dos pais ou responsáveis legais. É necessário portar documento de identidade original e com foto, além de estar bem alimentado. O homem pode doar a cada dois meses e a mulher, a cada três.
Serviço: A Fundação Hemopa fica na Trav. Padre Eutíquio, 2.109, em Batista Campos, e a Estação de Coleta Hemopa-Castanheira, no térreo do Pórtico Metrópole (BR-316, km 1). As coletas são feitas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 18h, e aos sábados, das 7h30 às 17h. Mais informações pelo Alô Hemopa (0800 280 8118).