PCT Guamá e parceiros constroem e inauguram casa com material reciclado
Cinco toneladas de plástico foram reaproveitadas na construção da unidade que será entregue nesta quinta-feira (30)
Além de dois quartos, um banheiro, sala, cozinha e área de serviço, os cerca de 40 m² da “Casa Sustentável” abrigam também muita tecnologia e inovação: os tijolos e pisos foram construídos a partir do reaproveitamento de materiais como plástico, vidro e rejeitos da mineração. Segundo a Amazon Recover, empresa idealizadora do projeto, o custo dos materiais foi 30% menor do que o utilizado nas construções tradicionais.
A casa representa a entrega final de um termo de fomento firmado entre Governo do Pará, por meio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), responsável pelo aporte financeiro para a implantação do projeto, e a Fundação Guamá, responsável pela execução.
“Essa é o primeiro grande resultado do projeto, pautado na visão de cidades inteligentes e sustentáveis na Amazônia, que compreende o uso racional de todos os elementos e o melhor aproveitamento dos resíduos produzidos nas cidades. A Fundação Guamá acompanhou o empreendedor desde o início, quando tudo era apenas uma ideia, e o apoiou até que ele pudesse transformar essa ideia em um negócio mais sólido”, afirma o diretor presidente da Fundação Guamá, Rodrigo Quites.
A pesquisa da Amazon Recover sobre o uso de plástico na construção civil começou em 2016, durante um trabalho de conclusão de curso. “Percebi que se o plástico fosse submetido a um processamento com determinada temperatura e pressão, ele teria potencial para apresentar características que se assemelham ao cascalho tradicional utilizado na indústria”, conta o engenheiro e inventor Marcos Sousa.
“Começamos a produzir os tijolos na garagem de casa, mas precisávamos ganhar escala de produção para conseguir implantar um protótipo que comprovasse a viabilidade do projeto. Em 2019 encontramos esse apoio no Governo do Estado, que criou um ambiente ideal para instalarmos a mini infraestrutura fabril”, complementa Marcos.
Na pequena fábrica instalada no PCT Guamá, os engenheiros customizaram equipamentos e montaram a estrutura necessária para a fabricação dos tijolos, blocos e pisos. “As máquinas existentes no mercado não conseguiam atender de forma satisfatória ao projeto, principalmente na extrusão (processo mecânico). Fizemos alguns ajustes e hoje conseguimos aproveitar qualquer tipo de plástico, inclusive os que não tem nenhum valor comercial para as cooperativas”, conta Marcos.
Outra inovação trazida pelo projeto é a possibilidade de reaproveitamento dos rejeitos da mineração. Através de uma parceria com a Vale, a Amazon Recover utilizou 300 kg de lama vermelha, proveniente de Parauapebas, na construção da casa. “A nossa tecnologia tem o potencial de absorver parte das barragens ou bacias de rejeito. Junto com os outros materiais, conseguimos transformar a lama vermelha em agregado graúdo, material de uso recorrente na construção civil”, garante Marcos.
Na escala piloto, os quatro mil tijolos utilizados na casa demoraram cerca de um mês para serem produzidos. A perspectiva é de que, nos próximos três meses, a empresa consiga implantar sua fábrica própria em Icoaraci. “Com o sucesso do protótipo, conseguimos firmar parcerias com uma cooperativa, onde funcionará a nossa fábrica, e também captar investimento privado. A nossa estimativa é processar seis toneladas de plástico por dia, que dariam para produzir, pelo menos, 8 milheiros de tijolos/dia”, revela o empreendedor.