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Na Santa Casa do Pará, histórias de amor fortalecem os laços entre pais e filhos  

Em nome dos filhos e dos pais, homens descobrem no cotidiano do hospital a real dimensão da palavra paternidade

Por Samuel Mota (SANTA CASA)
08/08/2021 09h47

Anderson Junior Cardoso Lima segura o filho caçula: é o papai canguru participando da recuperação do filho prematuro Ser pai é estar sempre perto. A afirmação pode parecer óbvia, mas ganha enorme significado na vida de homens que acreditam em uma paternidade que vai muito além do sustento financeiro. O pai que está ao lado do filho em todos os momentos oferece o sustento emocional e afetivo, que acolhe e revigora para enfrentar os desafios da vida.

E é “em nome do filho” que o vigilante Alexandre Alves da Silva, 41 anos, morador do bairro Castanheira, em Belém, acompanha o filho de 10 anos ao Serviço de Terapia Renal Pediátrica da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Mesmo com uma rotina corrida, Alexandre não abre mão de fazer parte da vida do filho, principalmente nos momentos de maior fragilidade.

“O amor faz a gente ser um superpai, pois passo a noite acordado e durante o dia fico com meu filho. É uma rotina puxada, mas para ficar com ele vale o sacrifício. Para mim, ser pai dele é gratificante, e dou graças a Deus por isso. Tenho me dedicado não só à saúde dele, mas também ao seu bem-estar. Meu filho já faz hemodiálise há quatro anos, e o meu dia de folga é para estar com ele, aqui. Ano passado, passei o Dia dos Pais na Santa Casa porque ele precisou trocar o acesso para a diálise. Fico feliz porque estou do lado dele. Pai é isso: é estar sempre presente. Dou graças a Deus pela saúde dele e por estar aqui para ajudar no que for preciso”, declara Alexandre da Silva.Alexandre Alves da Silva ao lado do filho no Parque Estadual do Utinga

Ciclista há cinco anos, Alexandre, sempre que possível, leva o filho em uma cadeirinha especial na bicicleta para passear pelo Parque Estadual do Utinga, espaço que permite o contato direto com a natureza. “É muito importante estar presente na vida dele, não só aqui na hemodiálise, mas no dia a dia. Para quem faz hemodiálise isso é uma terapia. Lembro que quando ele entrou na máquina eu pesava 120 kg. Vi que meu filho precisava de um rim e fui cuidar da minha saúde. Isso foi uma superação para mim. Já perdi 32 quilos, Foi quando começaram a me chamar de superpai. Isso tudo é pelo futuro do meu filho”, assegura Alexandre.

Pai canguru - Quem vive uma história semelhante é Anderson Junior Cardoso Lima, 31 anos, morador do bairro do Aurá, em Ananindeua, município da Região Metropolitana de Belém. Ele tem nove filhos, todos nascidos na centenária maternidade da Santa Casa. O último precisou da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por ter nascido prematuro. Agora, o caçula está se recuperando na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI-Canguru).

Em todas as nove vezes que sua esposa precisou da maternidade da Santa Casa, Anderson afirma que foi bem atendido. “Minha primeira filha tem 13 anos. Ela e os irmãos nasceram na Santa Casa, e todas as vezes que vim aqui fui tratado com respeito”, reiterou.

Anderson participa da experiência de ser “pai canguru” – que atua diretamente na recuperação do recém-nascido, com aconchego e muito carinho. Ele diz que agora, com o caçula, está aprendendo de verdade a cuidar de uma criança. “Não sabia direito como pegar uma criança, nem como alimentá-la. Aprendi muita coisa aqui, e hoje posso dizer que sei cuidar de uma criança. Estou muito feliz de estar aqui com ele, e vou passar o Dia dos Pais aqui ”, informa.A médica anestesista Bruna (e), o cirurgião pediátrico Eduardo Amoras e a residente em cirurgia pediátrica Fernanda

Exemplo pessoal e profissional - A médica Fernanda Gonçalves, filha do cirurgião Eduardo Amoras, do quadro de servidores da Fundação Santa Casa, vê no pai um exemplo profissional a ser seguido. Fernanda, que decidiu ser médica com as bênçãos do pai, ressalta que “eu sou o que sou pelo exemplo de pessoa e profissional que meu pai sempre foi para mim e para minha família. Sempre me motivou a ir atrás dos meus sonhos, de não desistir deles e de ir atrás do melhor, e ser melhor sempre. Me inspira com a sua bondade e humildade com os pacientes; com a sua vontade de ajudar o próximo, de se dedicar tanto à profissão e exercê-la com tanta competência e dedicação”.

Fernanda conta que o pai a levava aos centros cirúrgicos desde criança. Ali ela traçou a meta do que “queria ser quando crescesse”. “Hoje, sendo residente do último ano em cirurgia pediátrica da Fundação Santa Casa, e tendo como chefe do serviço o meu pai, me sinto privilegiada de estar aprendendo a operar e a ser uma cirurgiã cada vez melhor. Com a pequena meta de ser ao menos 1% de tudo o que ele é, de toda a competência que ele tem, e que permite que tantos o admirem”, enfatiza, acrescentando que “ele é o amor da minha vida. Meu melhor amigo, meu mentor e minha inspiração de todos os momentos pessoais e profissionais. E que essa parceria vá muito além da família, mas também para o campo profissional”.

Com três filhas, das quais duas gêmeas que escolheram a medicina, o cirurgião Eduardo Amoras, servidor da Fundação Santa Casa, define a missão de ser pai como “uma experiência que, sinceramente, não imaginava que fosse ter uma representação tão importante, tão marcante na minha vida. Principalmente porque eu tenho três filhas, as duas primeiras são as gêmeas (Fernanda e Bruna; a terceira é Marina). Fernanda e Bruna, durante um período inicial, moravam em São Paulo e se queixavam muito porque eu tinha muito tempo para os meus pacientes e pouco tempo para elas”.

O médico conta que “uma vez disseram que gostariam de ser minhas pacientes, ao invés de filhas, porque eu me dedicava mais, às vezes, à minha profissão. E isso me incomodava. Sempre tentei ser não um pai perfeito, porque não somos, mas dentro de um critério de honestidade dar o bom exemplo. E a vida acabou trazendo as duas para a mesma profissão que a minha. E hoje as duas trabalham comigo”.

A filha Bruna escolheu ser anestesista, e completa a formação na própria Santa Casa, no Grupo de Transplante, já estando capacitada para transplante hepático. Fernanda é cirurgiã geral, fez residência no Hospital Ophir Loyola e está concluindo a residência na Santa Casa em cirurgia pediátrica. E para o próximo ano tem novo desafio: fazer especialização em urologia pediátrica, em São Paulo (SP).

Convivência - “Hoje, eu lembro daquela frase, lá atrás, de que o pai tinha pouco tempo para elas. E hoje, curiosamente, eu diria que elas têm pouco tempo para o pai. As situações acabaram se igualando, em tempos distantes. De qualquer forma, a nossa convivência é maravilhosa. Os momentos que passamos juntos são sempre muito alegres e divertidos. Nos respeitamos muito, principalmente sob o ponto de vista profissional, quando estamos no trabalho. Temos uma convivência muito saudável”, afirma Eduardo Amoras.

“A mensagem que deixo é que não há perfeição, por mais que haja o empenho em ser melhor. Claro, somos humanos, somos falhos, mas minhas filhas me ensinaram o verdadeiro sentido do amor. E eu aprendi a amar com o nascimento delas. Eu as amo demais, tal qual pela profissão que exerço, como as crianças pelas quais eu tanto luto em minha especialidade”, ressalta o médico, que vivencia por completo a paternidade.