Seminário inclui visitas a projetos de segurança alimentar e nutricional
Conhecer a realidade da mobilidade na Amazônia, vendo de perto projetos de segurança alimentar e nutricional que geraram resultados positivos para as comunidades tradicionais. Esse foi o objetivo das visitas realizadas na quinta-feira (30) aos municípios de Acará e Barcarena, na região nordeste, dentro da programação do Seminário Pan-Amazônico de Proteção Social, realizado em Belém no período 27 a 31 de março.
O evento permitiu a discussão sobre o fator amazônico de forma diferenciada. Pessoas de outros países, e dos demais estados brasileiros, vivenciaram a realidade do trabalho executado pelas equipes técnicas da área de assistência social.
Formada por representantes do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA), Governo do Pará - por meio da Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster) - e dos seis países participantes do Seminário, a comitiva visitou primeiramente o município de Acará, onde conheceu o sistema de abastecimento de águas pluviais denominado Projeto Cisterna.
O projeto beneficia 101 famílias no Acará, das quais 12 residem na comunidade remanescente de quilombo Menino Jesus, local escolhido para receber os visitantes. O Projeto Cisterna objetiva levar água de qualidade por meio de um sistema que aproveita água da chuva, em cinco etapas: captação, autolimpeza, reservação, filtração e desinfecção, até ficar própria para consumo humano.
Qualidade de vida - "Essa cisterna foi um projeto bom que chegou para a comunidade. Aqui chove muito, então melhorou nossa condição, porque antes a gente pegava água lá na associação, e agora a gente usa a água para tudo e direto da nossa torneira. Melhorou bastante a nossa vida", garantiu a dona de casa Chirlem Teles.
Para Carlos Ganiza, coordenador estadual dos Quilombolas do Pará e participante do Seminário, o projeto mudou a realidade de muitas famílias quilombolas. "Nós que produzimos comida de verdade precisamos de projetos como esse, que possam melhorar nossa produção, para garantir renda e qualidade de vida para as famílias quilombolas", ressaltou.
Agricultura familiar - A segunda visita foi ao município de Barcarena para conhecer o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que beneficia 43 famílias. O programa propicia a aquisição de alimentos de agricultores familiares, com isenção de licitação, a preços compatíveis aos praticados nos mercados regionais, e a doação desses alimentos para entidades socioassistenciais. No Pará, 62 municípios são habilitados no PAA, com 1.820 agricultores cadastrados pela Seaster.
Jorge Pinheiro, um dos agricultores familiares beneficiados pelo projeto, recebeu a comitiva para mostrar o resultado positivo do programa para os produtores. "Aqui temos todos os agricultores familiares beneficiados pelo PAA, e que estão expondo com muito orgulho seus produtos de qualidade. Queremos mostrar o quanto esse programa é importante para nós", destacou.
Esforço próprio - Ainda segundo Jorge Pinheiro, o programa serviu de motivação para aumentar a produção. "Esse não é um programa de assistencialismo, pois nos incentiva a trabalhar e produzir cada vez mais, com o nosso esforço e o nosso suor. Ou seja, nada vem de graça. Isso que é um ponto muito positivo do programa. Nós queremos que o PAA possa expandir cada vez mais para outras famílias, principalmente porque Barcarena já mudou muito em relação à agricultura, que hoje em dia é valorizada", disse ele.
De acordo com Juliena Nobre, secretária de Assistência Social de Barcarena, o município ganhou visibilidade no estado por conta do PAA. "Hoje, a agricultura familiar de Barcarena não escoa a produção só para o PAA, mas através do programa conseguimos expandir e fornecer para outros parceiros. Não executamos sozinho, e com o apoio do governo federal e estadual conseguimos gerar resultados positivos para as famílias que vivem disso", informou Juliena Nobre.
A secretária de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, Ana Cunha, acompanhou a visita a Barcarena e destacou a importância do programa para os agricultores familiares. "É uma felicidade muito grande estar aqui e ver um programa que eu acredito, que valoriza a família, resgata a autoestima de quem é caboclo e trabalha na terra. Hoje, através do PAA, essas famílias se sentem felizes, porque acima de tudo tem o suor do seu trabalho", reiterou a secretária.
Êxito na parceria - Francisco Mello, diretor do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, agradeceu a recepção nas comunidades e citou algumas ações que beneficiam diretamente a agricultura familiar. "Esse foi um momento único de troca de experiência e conhecimento, que envolveu os visitantes e as famílias beneficiárias dos projetos. Nós temos diferentes ações voltadas para agricultores familiares, ajudando a estruturar sua propriedade, trazendo assistência técnica, garantia de acesso à água, garantia da comercialização dos produtos da agricultura familiar. Aqui tem um grupo de agricultores empenhados e com produtos de qualidade. Ver que esses projetos chegaram até as famílias que mais precisam, e o principal, que deram certo, mostra que essa parceria entre os entes federados está dando certo, e que temos que fazer cada vez mais", declarou.
Para Marvyn Wiliams, representante da Guiana Inglesa e conselheiro do Ministério das Nações Indígenas, a visita aos municípios foi um momento muito importante e benéfico. "A agricultura familiar melhora a questão da economia e, com um bom planejamento e grandes projetos, conseguimos contribuir para o aperfeiçoamento da produção da agricultura familiar e a melhoria de qualidade de vida dessas famílias. Foi muito bom ver que o Brasil tem alternativas sólidas, que estão dando resultado positivo", afirmou.
