Emprego no campo permanece em alta mesmo durante a pandemia
O Pará segue acumulando saldos positivos na geração de emprego formal, dessa vez no setor de agropecuária, com 1,6 mil postos de trabalho, no comparativo entre admitidos e desligados, nos primeiros oito meses de 2020 (entre janeiro e agosto). O resultado é o melhor do ano para o período em toda a região Norte. As informações fazem parte de um estudo publicado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), com base em informações oficiais do Ministério da Economia, segundo o novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O Pará também ficou em primeiro lugar na geração de vagas em agosto deste ano para o setor em toda a região Norte: 265 postos entre contratados e demitidos. Trata-se do terceiro mês consecutivo de saldo positivo. O técnico e pesquisador do Departamento, Everson Costa, atesta que o setor já vinha se destacando pela produção diferenciada e com valor agregado de itens que são a cara do Estado, como o próprio açaí, mais recentemente o cacau e outras culturas.
"A produção de carne bovina também cresce em larga escala no Pará, outro setor que se relaciona muito bem com o agronegócio por causa da indústria de transformação voltada à alimentação, os frigoríficos fazem parte desse cenário favorável. E também temos o crescimento da soja, do milho, e por consequência, da oferta de emprego e renda, das divisas. Daí a importância da manutenção de investimentos e do fomento a políticas públicas que garantam a continuidade dessa expansão, porque estamos falando de um setor que ainda tem muito o que crescer", destaca o representante do Dieese-PA.
Justamente a necessidade de reabastecimento durante a pandemia aumentou a importância da produção rural, que garantiu a exportação de insumos principalmente para o mercado internacional. "Além da capacidade exportadora, o Pará possui uma boa capacidade de devolução de empregos como resposta aos investimentos. Isso garante uma alta nota de credibilidade, cria uma imagem diferenciada para o Estado, do ponto de vista econômico", confirma Everson.
Essa alta de empregabilidade no campo reforça, explica o técnico, a importância de garantir qualificação para a mão de obra e verticalização da produção. "Vivemos uma rota econômica diferenciada, não ficamos só no setor mineral. Então, a indústria de transformação, a prestação de serviço, o conjunto de setores que dá esse caráter de verticalização precisam crescer juntos, para garantir emprego, renda e melhores condição de vida para a população", insiste.
Nazaré Costa, diretora de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), cita o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como uma das iniciativas do Governo do Estado para garantir o sustento dos pequenos produtores. "Começamos esse trabalho no início do ano em 62 municípios, e agora já estamos em 106. Compramos a produção dessas comunidades, que recebem diretamente os valores, sem intermediários, e isso além de garantir o abastecimento das redes, contribuiu com a permanência do homem no campo, com sua renda assegurada", detalha.