Projeto ajuda comunidade escolar a enfrentar o tráfico de pessoas
Como parte do Projeto Protegendo Sonhos, começou na manhã desta terça-feira (10) a formação técnica de professores de Educação Física que atuam na Região Metropolitana de Belém, no auditório do Núcleo de Esporte e Lazer (NEL), vinculado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O projeto, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), em parceria com a Seduc, visa oferecer ações educativas à comunidade esportiva, a estudantes e seus familiares, que ajudem no enfrentamento ao tráfico de pessoas e ao trabalho escravo.
O “Protegendo Sonhos” propõe que essas ações educativas priorizem a prevenção e orientação aos jovens que pretendem mudar para outro estado ou país, para que não caiam em armadilhas de aliciadores. Segundo Leila Silva, coordenadora de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo, da Sejudh, “o projeto visa trabalhar com os jovens atletas as orientações, para que não caiam numa rede de exploração sexual ou de exploração de mão de obra, trabalhando a vertente do tráfico de pessoas e trabalho escravo”.
Dividido em regionais, o projeto começou na Região Metropolitana de Belém, com professores de Educação Física atuantes nas quase 120 escolas que participam dos Jogos Estudantis Paraenses (JEPs). Em todas as ações do projeto haverá oficinas da Sejudh sobre tráfico de pessoas e trabalho escravo, enfatizando como combater esse tipo de violência no âmbito do atletismo escolar, além de oficinas de audiovisual, fotografia e produção de texto, promovidas pelo Projeto Biizu, da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), e oficina sobre esporte escolar, a cargo da Seduc. As outras regionais que serão atendidas pelo projeto são Moju, Santa Izabel do Pará, Igarapé-Açu, Marabá e Breves.
Ana Glória Guerreiro, coordenadora do NEL, destacou a importância da parceria com a Sejudh, porque o projeto permite entrar “na rota da política pública do Estado”. Segundo ela, os Jogos Estudantis Paraenses já são reconhecidos “como carro-chefe”, por incentivarem o esporte escolar, se constituindo em uma “ferramenta muito importante dentro da sociedade. Acredito que vamos conseguir colher bons frutos, e foi muito importante o reconhecimento da Sejudh e o convite para participar desse processo todo, desde a sua criação até a execução”.
Agentes de transformação - Para Michell Durans, secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, “a formação dos professores como multiplicadores é de suma importância, porque eles são agentes públicos de transformação, e essa formação é para que eles possam orientar os alunos, que muitas vezes, por desejarem realizar seus sonhos, acabam sendo enganados, e os familiares, para que esses alunos não virem alvo fácil para o aliciamento”.
Meninos e meninas que praticam atividades esportivas muitas vezes ficam expostos a situações de vulnerabilidade e violações, como o tráfico de pessoas. Aluísio Arruda Júnior, professor de Educação Física na Escola Nossa Senhora de Nazaré, destacou a fragilidade, nesse cenário, de crianças de baixa renda.
“É importante ter essa política, principalmente nas escolas públicas de crianças com baixa renda, que às vezes não têm a família por perto e o acompanhamento diário, nem mesmo dos professores. Então, é importante que os professores não deixem que essas pessoas se aproximem das crianças com essa vulnerabilidade. É importante que os professores, antes de tudo, protejam essas crianças de assédio”.
O projeto orienta os professores na busca de informações sobre as pessoas que se apresentam como “olheiros” no site da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Em caso de suspeita de aliciamento, os professores devem buscar orientações no site do JEPs, no qual estão disponíveis os contatos para denúncia.