Emater vence edital bicontinental para pesquisa sobre mandioca
Um dos resultados esperados é o beneficiamento inédito no Pará da rama da mandioca que desidratada se transforma numa farinha a ser incorporada à merenda escolar como suplemento proteico
O experimento quer obter informações quantitativas e qualitativasA Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) venceu o edital da Fundação Nagib Nassar para Desenvolvimento Científico e Sustentável (Funagib), com sede em Brasília (DF), para pesquisa sobre a adaptação de cultivares novas de mandioca, desenvolvidas pela Universidade de Brasília (UNB).
O resultado da seletiva promovida pela Fundação Nagib Nassar foi oficializado em 30 de junho de 2020. A instituição de pesquisa tem atuação bicontinental por estar presente no Brasil e no continente africano.
Presidente da Emater, Cleide Amorim festejou a conquista do edital. “A Emater ter sido escolhida é de suma importância dentro dos nossos objetivos existenciais de instituição, porque cada vez mais avançamos no viés de que pesquisa e extensão rural são práticas interligadas. É uma forma de construir e de difundir ciência, em prol das peculiaridades do Pará”.
RAMA DA MANDIOCA
A proposta da Emater desenvolvida por meio de dois profissionais considerados de alta performance, denomina-se “Avaliação de Cultivares de Mandioca (Manihot esculenta Crantz), provenientes da UNB sob as Condições Edafoclimáticas do Estado do Pará”.
Um dos resultados esperados é o beneficiamento inédito no Pará da rama da mandioca que desidratada se transforma numa farinha a ser incorporada à merenda escolar como suplemento proteico. Além disso, cultivares que apresentarem melhor desempenho e maior aprovação dos produtores serão multiplicadas pela Emater para o alcance do meio rural de todo o Pará.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019) posicionam o Pará como maior produtor de mandioca do país. São mais de 60 mil famílias na atividade, produzindo mais de cinco milhões de toneladas por ano, em cerca de 300 mil hectares. Novas tecnologias e tratos culturais podem aumentar a produtividade atual em mais de 100%.
Assinam a proposição de pesquisa o diretor Técnico da Emater, Rosival Possidônio, que é técnico em agropecuária, pedagogo e especialista em Gestão Agroindustrial, e a supervisora-adjunta do escritório regional de Capanema, Michela Cristina Belarmino, com formação em engenheira agrônoma e doutora em zootecnia.
“O experimento busca a obtenção segura de informações quantitativas e qualitativas em termos agronômicos a respeito do comportamento dessas cultivares quando da ambientação às características do Pará. O mais importante, porém, será a ordem de preferência por parte dos agricultores e também a aceitação, em nível de paladar, dos alunos da rede pública, quanto ao consumo de um tipo de farinha que será novidade para eles”, explica o diretor Técnico, Rosival Possidônio.
Os pesquisadores receberão bolsa única no valor de R$ 20 mil para, juntos, a partir de setembro, encaminhar a experimentação e a adaptação das variedades Chimera III, UNB 220 e UNB 310 às condições de solo, clima e tradição nas realidades regionais do Pará. A Emater propiciará contrapartida, por meio da disponibilidade de infraestrutura completa, viabilizando todo o apoio institucional necessário com a garantia de recursos humanos, veículos, combustível, entre outros.
Os projetos serão implantados em dois centros diferentes: na Unidade Didático-Agroecológica do Nordeste Paraense (UDB), em Bragança, região do Salgado estadual, e também num lote do assentamento Lajeado, em Marabá, sudeste paraense.
A execução do plantio contará com área total de 1.248 m², com programação para duas colheitas: a primeira após um ano e a segunda após um ano e meio. As análises de variância serão realizadas de acordo com procedimentos comuns ao formato de “blocos ao acaso”, com uso de softwares específicos e aplicação de testes de médias.
Durante a pesquisa, a intenção é a de observar o enriquecimento nutricional da merenda escolar a partir das cultivares pesquisadas em escolas dos níveis fundamental de Bragança, Capanema e Marabá.
Supervisora-adjunta do escritório regional de Capanema, Michela Cristina Belarmino frisa que “este projeto nos coloca à frente de desafios que constituem um processo de inovação. São soluções para questões que surgem da relação com a sociedade, porque pesquisa e a extensão são as portas para a sociedade no sentido de interação de conhecimento e transformação”.
“É essencial que o conhecimento resultante de tal interação provoque mudanças no nosso modo de fazer e entender a Assistência Técnica e Extensão Rural Pública (ATER), para que as necessidades da comunidade externa cheguem de verdade até nós”, afirmou a extensionista.