Encontro Estadual sobre Drogas debate formas de prevenção
Com a participação de representantes de entidades governamentais e o público em geral, o Encontro Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas iniciou sua programação na manhã desta terça-feira (12), no Centro Cultural Tancredo Neves (Centur), em Belém. O evento, promovido em conjunto pelo Conselho Estadual Sobre Drogas do Pará (Coned) e Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), estimula o debate sobre formas de prevenção e redução de danos do uso de drogas.
Segundo o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Pará, Michell Durans, que participou da mesa de abertura, o evento é um momento de reflexão. “A gente convida a sociedade e profissionais da área para que possamos tratar de um tema tão importante e atual, que é a questão das drogas e que, acima de tudo, possamos levar conhecimento à sociedade, aos profissionais, para que eles possam se tornar multiplicadores. No segundo dia estaremos capacitando os servidores públicos do estado para que eles também venham a se tornar multiplicadores e possam estar cada vez mais aptos para esse enfrentamento”.
O tenente coronel da Polícia Militar e presidente do Coned, Paulo Daniel Ribeiro, atentou para o debate sobre redução de danos, um dos eixos da política sobre drogas do estado. “O evento se propõe a debater e discutir assuntos vinculados à prevenção ao uso de drogas e também à redução de danos. Esse segundo eixo da política sobre drogas ainda é visto com desconfiança e preconceito, mas nós precisamos debater, abrir nosso leque de conhecimentos acerca do mundo, desse mal que assola a sociedade. E estamos aqui para debater e apresentar essa política feita pelo estado”.
Além das palestras e mesas de debate, o Encontro Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas também conta com oficinas de capacitação, ministradas por Rafael Wes, de Pernambuco, e Domiciano Siqueira, de Minas Gerais. Domiciano é consultor de Direitos Humanos e explica que seu objetivo é resgatar historicamente a produção de conceitos sobre dependência na atualidade.
“O tema da mesa que participo está ligado ao tema central do encontro, que é sobre drogas, cidadania, redução de danos e direitos humanos. Eu vou tentar resgatar historicamente, e até mesmo filosoficamente, a produção de conceitos que organizaram o pensamento humano até chegar aos dias atuais, no que diz respeito à construção das ideias de dependência. Somos uma sociedade extremamente independente. Nesse momento, a dependência se caracteriza pelo uso de drogas, mas vou mostrar que não se resume somente a isso”.
A Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) foi representada por Marilda Fernandes, gerente do Centro de Atendimento Psicossocial Marajoara. De acordo com ela, o encontro é fundamental por reunir vários setores para debater sobre a questão das drogas. “O encontro tem uma importância gigantesca e fundamental, pois consegue reunir vários setores em torno da discussão sobre prevenção e redução de danos. Ele consegue trazer todos que estão na rede para fazer esse debate, no momento em que percebemos o distanciamento dessa política. Então aqui reafirmamos o nosso compromisso e o compromisso do estado com essa questão”.
A mesa de abertura do encontro foi composta por representantes das Secretarias Extraordinária de Estado de Integração de Políticas Sociais (Seips), de Saúde (Sespa) e de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Escola de Governança Pública do Pará (EGPA), Fundação Pro Paz, Coned, representantes dos usuários dos serviços e pela Sejudh.
Depoimento
Marco Ramos, 41 anos, é cozinheiro profissional e há dois anos deixou de ser usuário de drogas. Ele foi uma das pessoas que compuseram a mesa de abertura do encontro e falou um pouco sobre a importância do debate sobre o tema. “Um evento dessa grandeza é muito importante para que possamos discutir e debater sobre a política no estado e também falar do tratamento, redução de danos e a prevenção. Para mim foi e está sendo muito importante esse apoio que recebo e faz com que haja o sentimento, acima de tudo, de ser cidadão, capaz de ter uma vida dita normal e que possamos ser capazes de reconhecer que temos um problema, mas que podemos superar e ter uma vida normal”.
À tarde, a programação foi composta por duas mesas e posteriormente atividades culturais. O primeiro painel foi apresentado pela coordenadora do Pro Paz nos Bairros, Luci Azevedo, junto com representantes do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) Santarém; Projeto Redes de Altamira e pela professora da UFPA, Ana Cláudia Guedes, que abordou relatos exitosos na linha da prevenção e redução de danos do consumo de drogas.
“O Pro Paz trabalha com duas mil crianças e adolescentes, em seis polos do Pro Paz nos Bairros, atuando no contraturno escolar. Nós tiramos do ócio esse público de 8 aos 18 anos, moradores de bairros mais suscetíveis à criminalidade e uso de drogas, trabalhando atividades poliesportivas, artísticas, entre outras, assim, eles ganham autonomia e perspectiva”, disse Luci Azevedo, coordenadora do Pro Paz nos Bairros.
“Costumamos debater na escola sobre uso de drogas, mas este não é um debate para ficar somente no âmbito escolar, após este evento eu pretendo levar para meus grupos de amigos e família. A sociedade precisa levar mais a sério”, comentou Miria Nicole, estudante da Escola Alexandre Zacarias de Assunção.
Segundo dados de atendimento ao usuário feito pela Coordenadoria de Prevenção, Tratamento e Redução de Danos do Consumo de Drogas da Sejudh (Cenpren), em 2017 foram atendidos cerca de 40 jovens no Programa Educativo sobre Drogas. A iniciativa consiste na realização de encontros semanais, dentro do Cenpren, com jovens entre 14 e 18 anos que tenham algum tipo de envolvimento com drogas.
* Com colaboração de Emanuele Corrêa - Ascom Pro Paz
