Detentas do CRF ajudam na revitalização das celas do centro de detenção
Detentas do Centro de Recuperação Feminino (CRF), em Ananindeua, estão revitalizando os blocos carcerários da unidade prisional, com o apoio de outros detentos da Central de Triagem Metropilitana II (CTM II), que já têm experiência em trabalhos de pintura, alvenaria, elétrica e carpintaria. O objetivo da reforma é trazer mais limpeza e conforto aos blocos e celas do presídio. A iniciativa é inédita no centro de detenção feminino custodiado pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).
Na revitalização, 40 celas divididas em dois blocos ganham as melhorias. Durante a reforma, os espaços são pintados e recebem também pequenos ajustes, como troca de lâmpadas e bocais, instalação de novos chuveiros, torneiras e tanques e restauração de encanamentos. A reforma traz mais qualidade de vida às mulheres que estão no cárcere.
“A revitalização foi pensada pela direção do CRF, depois que algumas internas pediram para colocarmos latões de lixo do lado de fora das celas para reduzir a sujeira e até mesmo o aparecimento de insetos. Avaliamos que poderia ser feita uma melhoria maior e que atingisse toda a estrutura. Quando avisamos sobre a reforma, as próprias detentas se ofereceram para colocar a mão na massa. Para evitar o desperdício de material pedimos apoio dos internos que já faziam esse trabalho no CTMII”, conta a vice-diretora do CRF, Kelly Fiel.
A reforma, que se iniciou na última segunda-feira (24), deve ser finalizada em dois meses, já que as internas são remanejadas cada vez que uma cela inicia a pintura e assim sucessivamente até que o trabalho esteja completo. Para a reforma, a Susipe investiu cerca de R$ 10 mil.
A interna Gleiciane Guerra, 30 anos, nunca havia trabalhado com pintura, mas conta que tem gostado de aprender uma nova atividade. “Eu me ofereci para fazer o trabalho, apesar de nunca ter feito antes, mas tenho gostado muito de poder melhorar o ambiente que a gente vive, sei que os benefícios são para nós mesmas. Estou aprendendo o serviço muito rápido, já sei lixar, pintar e usar vários tipos de pincéis”, garante.
Para ajudar no trabalho e transmitir conhecimento, o interno do CTM II Marcos Souza, 49 anos, está por perto em cada detalhe da reforma. “Ensinei para elas desde a teoria, como e por onde começar, qual a quantidade de água usada para diluir a tinta, como trabalhar com rolo de pintura e com os diferentes pinceis. Elas pegaram tudo muito rápido, têm feito um bom trabalho, não desperdiçam material e não ficam aborrecidas quando eu digo que não está certo ou que precisa refazer”, afirmou.
Além da revitalização dos blocos e celas, o CRF já conta com outros projetos de melhorias do espaço e para a capacitação das internas, como a construção de uma praça no bloco carcerário para receber visita, duas quadras de esportes, melhorias na sala de segurança e a construção de uma padaria, além de um salão de beleza para formação profissional das presas no setor de estética e maquiagem.
"Essa é uma forma de otimizarmos a mão de obra carcerária, em prol de melhorias na própria unidade prisional. Sem tempo ocioso, as detentas ainda aprendem um ofício que pode se tornar uma profissão, na busca por uma oportunidade de vida melhor fora do cárcere", conclui a diretora do CRF, Carmen Botelho.