Venda de patos vivos da Susipe é sucesso em Feirão do Círio
Garantir os produtos necessários para o almoço do Círio não é tarefa fácil a uma semana da maior festa do calendário regional. Oportunidades como o Feirão das Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa) são a chance que muitos consumidores encontram para comprar itens como jambu, chicória, tucupi e o pato, ingrediente que não pode faltar à mesa da família paraense. Parceira da Ceasa há três anos, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe) participa do Feirão do Círio, realizado nesta sexta, 2, e sábado, 3.
Com preço abaixo do praticado pelo mercado, a Susipe leva ao Feirão os patos criados por detentos na Colônia Penal Agrícola de Santa Isabel (CPASI). A criação de palmípedes faz parte do Projeto Nascente, que envolve atividades na área da agricultura familiar para ofertar oportunidades de trabalho a internos do regime semiaberto. Para as vendas no Feirão, foram selecionadas cerca de 230 aves, pesando entre dois e quatro quilos.
A expectativa para garantir o prato principal do almoço de família era grande para a aposentada Terezinha Silva. Para conseguir levar para casa os cinco patos de que precisava ela teve que chegar antes das seis horas ao Campus da Escola de Educação Física da Universidade do Estado do Pará (Uepa). “Ano passado já tinha comprado uma pata da criação da Susipe na Ceasa, mas não consegui levar um macho porque eles são muito concorridos. Quando soube que teria uma edição da feira aqui do lado de casa decidi vir bem cedo para garantir minha compra”, disse.
Terezinha aprova a qualidade do produto oferecido pela Susipe e acredita que a venda é resultado de um trabalho muito importante. “Acho muito válida essa oportunidade dada aos presos. Penso que o trabalho é uma forma deles refletirem sobre os erros e saírem da cadeia com a cabeça diferente do que entraram”, avaliou a aposentada.
Além de trabalhar na criação das aves na Colônia Agrícola, os detentos também são responsáveis pelas vendas no Feirão. Aos 61 anos, o interno Nataliano Nascimento ainda tem energia para essas atividades. Há um ano e meio trabalhando com a criação de patos, ele conta que a oportunidade o ajuda a pensar em dias melhores fora da penitenciária. “Precisava ocupar a minha mente. Hoje eu já consigo entender que me envolver com o tráfico de drogas foi uma coisa errada. Não quero mais essa vida de dinheiro fácil, quero trabalhar dignamente e seguir a minha vida tranquilo. Estou muito feliz em ver que o resultado do meu trabalho com os patos pode ser o caminho para isso”, contou.
Para o vice-diretor de produção do Projeto Nascente, Demetrius Lemos, a venda de patos é apenas um dos passos dados em busca da reinserção social dos detentos. “Temos que mostrar para a sociedade que essas pessoas estão buscando uma nova forma de viver”, observa.
A procura pelos patos criados na CPASI começou na última semana de setembro, quando a Susipe disponibilizou mais de 50 animais para a venda por meio do serviço delivery. Pelo segundo ano consecutivo, o sucesso dessas vendas surpreendeu. Em apenas dois dias o estoque já estava esgotado.
Todos os patos vendidos pela Susipe são orgânicos, livres de hormônios ou conservantes. Para a engorda, os animais são alimentados somente com ração balanceada e pastoreio. Durante a criação, cabe aos internos o controle da qualidade, garantido que os animais cumpram a rotina necessária para um bom desenvolvimento.
“Nosso diferencial é o valor social que essa criação agrega e a qualidade do produto. Os detentos exercem suas atividades acompanhados de técnicos agrícolas e isso garante que eles possam aprender um novo ofício e até mesmo venham a se tornar empreendedores quando terminarem de cumprir suas penas. Nosso objetivo maior é fazer com que a reinserção aconteça”, explica o diretor do Núcleo de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capeloni.
Serviço: O Feirão do Círio funcionará novamente neste sábado, 3, a partir das 5h, no Galpão 3, da Ceasa (Estrada do Murutucum, km 04, Avenida Ceasa, s/n. Belém). O serviço do Pato Delivery já foi encerrado.