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CASO DOROTHY STANG

Ação integrada da Polícia garantiu rápida elucidação do crime em Anapu

Por Redação - Agência PA (SECOM)
11/02/2015 14h01

As imagens do dia 12 de fevereiro de 2005 ainda permanecem vivas na cabeça do padre Paulo Silva, coordenador da Comissão Pastoral da Terra, em Belém. Era um sábado nublado quando ele recebeu a notícia da morte da missionária Dorothy Stang, assassinada em um assentamento rural a 40 km do município de Anapu, oeste do Pará. O crime mobilizou uma megaoperação da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) envolvendo diversos órgãos como Policia Civil, Policia Militar, Corpo de Bombeiros, Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, além do apoio do Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Polícia Federal.

“Eu soube da notícia meia hora depois do crime, através de um telefonema dos meus companheiros da CPC. A informação dizia que a irmã tinha sido alvejada com seis tiros enquanto caminhava para uma reunião no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança”, relembra o padre. Integrante de movimento popular desde a década 1970, o pároco, que conviveu durante vários anos com a missionária, afirma que a veia ambiental e a luta pelos direitos dos trabalhadores rurais sempre marcaram a vida da religiosa. “O trabalho da irmã Dorothy junto com sindicatos rurais e lideranças da Pastoral da Terra por melhores condições de vida era muito forte. E isso incomodava muita gente na região. Por isso, as ameaças de morte eram comuns. Eu também vivi isso na pele”, conta o religioso.

Dez anos após o assassinato da missionária, o Sistema de Segurança Pública do Estado avalia como positivo o trabalho da polícia na resolução do crime. “No que cabe ao Estado conseguimos solucionar no prazo previsto dando uma resposta em tempo hábil à população”, ressalta secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Luiz Fernandes Rocha, Delegado Geral da Polícia Civil na época do crime. 

“A investigação foi realizada em um curto período de tempo. Apesar da complexidade do caso, realizamos um trabalho satisfatório e conseguimos concluir o inquérito em tempo hábil. Aos 22 dias de investigação, todos os cinco acusados já estavam em poder da polícia”, afirma o delegado Waldir Freire, um dos responsáveis pela investigação.

Segundo Freire, a eficiência dos papiloscopistas na confecção do retrato falado dos acusados foi fundamental para a rapidez das investigações. Com a ajuda de uma testemunha, a Polícia Civil do Pará, apontada pelo Conselho Nacional de Segurança como referência na elaboração de retratos falados no Brasil, conseguiu identificar o rosto dos três acusados citados pela testemunha como participantes diretos do crime.

“Com o retrato falado em mãos, a investigação se intensificou e no quinto dia de inquérito chegamos à prisão do Rayfran das Neves Sales, o ‘Fogoió’, responsável por efetuar os disparos. Outros dois acusados que também foram presos com a ajuda do retrato falado foram Clodoaldo Carlos Batista e o Amair Feijoli, o ‘Tato’,  comparsas do crime”, relembrou o delegado.

O inquérito também apontou o envolvimento de mais dois acusados. De acordo com o Ministério Público do Pará, os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, encomendaram a morte da missionária. “Em três semanas de investigação já tínhamos o inquérito todo montado, com nomes e a rede de negociação do consórcio que financiou a execução da missionária”, destacou Freire.

“Todo o trabalho de investigação funcionou de forma integrada. Desde o primeiro momento em que a notícia chegou ao nosso sistema de segurança, a palavra chave foi imediatismo. Queríamos dar uma resposta imediata aos anseios da população e isso ocorreu graças a essa parceria com diversos órgãos”, relembra Luiz Fernandes.

Apesar do esforço do sistema de segurança pública, dos cinco homens julgados e condenados pela morte, apenas Amair Feijoli, o ‘Tato’ e Vitalmiro Bastos de Moura, o ‘Bida’, cumprem prisão em regime fechado. Clodoaldo Carlos Batista cumpre pena em regime semiaberto. Regivaldo Galvão, o Taradão, foi solto por um habeas corpus em agosto de 2012. Rayfran das Neves deixou o regime fechado em 2013 e atualmente cumpre prisão domiciliar.

Para combater os crimes ligados a conflitos agrários, o Governo do Estado tem intensificado as ações de segurança pública em Anapu e toda a região do município. Amparado pela Superintendência da Região do Xingu, sediada em Altamira, Anapu conta com delegacia de Polícia Civil, quartel da Polícia Militar e um apoio do helicóptero do Grupamento Aéreo de Segurança Pública do Pará (Graesp), que garante policiamento ostensivo em toda a região.

Caso Dorothy Stang

A missionária norte-americana Dorothy Mae Stang, 73, foi assassinada com seis tiros à queima roupa, na zona rural do município de Anapu, oeste do Pará, em 12 de fevereiro de 2005. Segundo o Ministério Público, a morte da missionária foi encomendada pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão. Além deles, o crime também contou com a ajuda de Clodoaldo Carlos Batista, o “Eduardo”, Amair Feijoli, o “Tato”, e Rayfran das Neves Sales, o “Fogoió”, responsável por efetuar os disparos.