Agência Pará
pa.gov.br
Ferramenta de pesquisa
ÁREA DE GOVERNO
TAGS
REGIÕES
CONTEÚDO
PERÍODO
De
A
ECONOMIA SUSTENTÁVEL

'Quintais Produtivos' transforma áreas residenciais em fontes de renda e alimento no Marajó

Iniciativa do Ideflor-Bio muda a rotina de famílias marajoaras com produção agroecológica e cuidado ambiental

Por Denise Soares (SECOM)
30/12/2025 08h00

No quintal de casa, onde antes só havia terra batida e pouco interesse pelo plantio, hoje crescem cheiro-verde, couve, tomate, pimentão e até acerola. “Antes, eu não plantava nada, não tinha nem interesse. Aí o pessoal do projeto veio, conversou comigo, orientou, e eu fui gostando. Hoje eu não pretendo mais largar”, conta Gerets Nunes Campos, que atua como vigilante, e já começou a gerar renda com a venda do cheiro-verde cultivado no próprio quintal.

A meta do Ideflor é expandir o projeto, a fim de gerar renda a famílias e garantir segurança alimentar

A mudança na rotina e na paisagem faz parte da vida de Gerets, morador do Bairro Novo, em Soure, município do Arquipélago do Marajó, e um dos beneficiados pelo Projeto Quintais Produtivos, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), do Governo do Pará. 

“Além de ajudar financeiramente, é uma distração, um cuidado com a casa e com a gente mesmo,” relata o pequeno produtor. 

As horas têm variedade e contribuem para a conservação da natureza

Do quintal à renda - O Projeto Quintais Produtivos tem como objetivo transformar áreas domésticas em espaços de produção agroecológica, contribuindo para o reflorestamento, a geração de renda e a segurança alimentar de famílias marajoaras. A iniciativa está sendo implantada em áreas da Área de Proteção Ambiental (APA) do Marajó, sob a jurisdição do Escritório Regional do Marajó Oriental do Ideflor-Bio, com sede em Soure.

Segundo a gerente regional do órgão, Osiane Barbosa, o Projeto começou nos municípios de Soure e Cachoeira do Arari, mas já nasce com perspectiva de expansão. “A princípio, os quintais estão sendo implantados nesses dois municípios, mas a meta é alcançar os sete municípios atendidos pelo Regional, que inclui ainda Chaves, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra e Santa Cruz do Arari”, explica a gerente.

Em Soure, a previsão é atender inicialmente 130 quintais, beneficiando o mesmo número de famílias ao longo do ano. A seleção ocorre em parceria com associações de produtores locais. “Essa ideia surgiu quando observei, em 2023, um projeto chamado Horta no Quintal, em Cachoeira do Arari. A partir disso, fizemos um novo arranjo, incluindo frutíferas médias e baixas, transformando esses espaços em sistemas agroflorestais”, informa Osiane Barbosa.

Parcerias no campo - Em Cachoeira do Arari, a iniciativa dá continuidade a experiências já existentes no município. O diretor de Agricultura da Prefeitura, Claudionei Lopes, lembra que o projeto local começou ainda em 2020. “Criamos o 'Horta de Quintal' e, hoje, com a parceria do Ideflor-Bio, ele segue como 'Quintais Produtivos'. Atualmente, temos cerca de 15 famílias atendidas, numa parceria entre a Prefeitura, o Ideflor e a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural)”, detalha.

Nos quintais são cultivadas hortaliças, plantas medicinais e espécies regionais, fortalecendo a produção local. “O Ideflor também apoia a promoção de feiras da agricultura familiar e incentiva a inscrição dos produtores em programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), o que amplia as possibilidades de comercialização”, acrescenta Claudionei Lopes.

Cuidar e conservar - Para o Ideflor-Bio, o impacto do Projeto vai além do aspecto econômico. “O primeiro ponto é a conservação ambiental e o reflorestamento. Mas também há um ganho direto na renda das famílias e na segurança alimentar”, ressalta Osiane Barbosa. Segundo ela, os quintais produtivos unem cuidado com o meio ambiente, autonomia alimentar e valorização do trabalho familiar.

A relevância da iniciativa já ultrapassou os limites do Marajó. Em novembro, o Projeto foi apresentado na COP30, em Belém, como estratégia de segurança alimentar e desenvolvimento sustentável. A proposta é que, no futuro, os quintais produtivos evoluam de projeto para um programa estruturado, com fornecimento de alimentos para a merenda escolar, mercados locais e até a Ceasa (Centrais de Abastecimento), em Belém.

“Hoje, eu cuido do meu quintal, das minhas plantas, e vejo resultado. É algo simples, mas que muda muita coisa”, resume Gerets Nunes, orgulhoso do que agora brota do solo que cultiva.