Mais de 50 mil mulheres atuam no serviço público estadual
Presentes em todos os órgãos da administração estadual, desempenhando as mais variadas funções, as mulheres somam 54 mil servidoras públicas no Estado do Pará. Em 30 órgãos elas têm cargos de chefia, como secretárias de Estado, secretárias adjuntas, diretoras ou presidentes. As áreas de educação, saúde e segurança concentram o maior número de servidoras.
Quando começou a trabalhar na Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa), em 1990, a fiscal de receitas estaduais Edna Farage atuava em ações de fiscalização na então Delegacia da Fazenda, no Distrito de Icoaraci, em Belém. Recém-formada em Economia, a servidora datilografava os documentos em máquina de escrever. Os arquivos exigiam armários. Um cenário bem diferente do atual. Ela trabalhou na seção de cadastro; no Grupo de Estudos Tributários, hoje Diretoria de Tributação; no extinto Conselho de Recursos Fiscais; na Divisão de Controle de Documentos Fiscais e no Grupo de Trabalho do Boletim de Preços.
Hoje, 25 anos depois, ela ainda atua no local onde teve seu primeiro emprego e exerce, há oito anos, a função de diretora de Arrecadação e Informações Fazendárias. Como servidora pública, Edna assistiu ao desenvolvimento da administração fazendária, que nos últimos anos informatizou boa parte dos procedimentos. Os arquivos sobre a arrecadação do Estado agora são armazenados em computadores e os relatórios são gerados em sistema eletrônico.
"Quando comecei a trabalhar o empresário pedia autorização por escrito para imprimir os blocos de notas fiscais. E o processo tinha todo um trâmite. Hoje está aí a Nota Fiscal Eletrônica. O contribuinte acessa o sistema e emite, ele mesmo, o documento”, ressalta a servidora.
A equipe da Diretoria de Arrecadação tem 61 pessoas. Além de monitorar diariamente a arrecadação, faz os estudos anuais para a definição das cotas partes do ICMS para os municípios, gerencia o cadastro de contribuintes e elabora boletim de preços de alguns produtos. Edna valoriza o trabalho em equipe. “As decisões são tomadas de forma compartilhada, enfatizando a importância de cada um no trabalho”, conta.
“Acho o trabalho prazeroso, mas, como toda mulher, tenho que dar conta da jornada dupla, no trabalho e em casa. A atividade da Fazenda é muito desafiadora, principalmente na arrecadação, porque temos que trabalhar com as informações em tempo real, e há a responsabilidade muito grande de garantir os recursos necessários ao desenvolvimento das políticas públicas”, informa.
Reconhecimento profissional - Iêda Lúcia Pereira de Carvalho, que atualmente é secretária geral da Junta Comercial do Pará (Jucepa), já trabalhou em diversos setores, como atendimento ao usuário, unidade regional, cadastro e assessoria técnica (analista). O empenho gerou o reconhecimento profissional. "Comecei a trabalhar na Jucepa como estagiária do Projeto Rondon. Posteriormente fui contratada pela Jucepa como estagiária. Depois fui contratada como agente administrativo e, em seguida, convidada para assumir a Coordenadoria de Castanhal", conta Iêda, que também assumiu a Diretoria do Registro Mercantil e, atualmente, ocupa o cargo de secretária geral da Jucepa.
Quem também concilia trabalho, família e outras atividades inerentes à vida feminina é Cilene de Castro Pereira, 45 anos, dos quais 16 dedicados à Fundação Hemopa, como técnica de enfermagem. Ela conta que seguiu os passos do pai, Carlos Pereira, que era técnico de hemoterapia no hemocentro. Além de coletar as doações de sangue dos voluntários, a servidora também é doadora de sangue há 16 anos. "A maioria dos servidores do Hemopa é de mulheres. É gratificante fazer parte desta equipe”, destaca.
Saúde - Apesar da rotina estressante, as mulheres encontram tempo para os cuidados com a saúde e a aparência. Servidora estadual há 25 anos, Nezilda Cunha, lotada na Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), se sente mais motivada a praticar atividades físicas com o programa "Servidor na Academia", uma parceria da Secretaria de Estado de Administração (Sead) com várias academias de ginástica. “A parceria foi um incentivo a sair da vida sedentária e praticar atividade física, não apenas pela estética. É uma valorização da nossa qualidade de vida, e isso reflete na qualidade do nosso trabalho”, salienta.
Para a psicóloga Sandra Henderson, a liderança das mulheres no mercado de trabalho é resultado de lutas antigas. "O Dia Internacional da Mulher é uma merecida homenagem ao gênero feminino e reflete o espírito aguerrido manifestado pelas operárias, que em 1857 lutaram e se manifestaram para obter condições de trabalho e equiparação salarial com os homens, já que realizavam as mesmas atividades laborais", ressalta.
A psicóloga se referiu ao fato que deu origem ao Dia Internacional da Mulher. "Infelizmente, aquelas operárias tiveram um triste final, já que foram presas e carbonizadas na fábrica, mas o propósito da luta colhemos até hoje. Muitas conquistas temos a celebrar, como o direito ao voto, ao divórcio, à redução das discriminações e, recentemente, o Brasil anunciou que a pena para os casos de assassinatos de mulheres também será maior, o que reflete aos poucos que passamos a ser vistas com o crédito que merecemos. Para as mulheres que ocupam cargos de liderança, com reconhecimento e bem sucedidas, há a responsabilidade de proteger, lutar e construir medidas que auxiliem e façam um mundo melhor para as mulheres", finaliza.