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Santa Casa precisa de doadoras para o banco de leite

Por Redação - Agência PA (SECOM)
15/03/2015 17h15

Maior maternidade neonatal da Região Norte e referência em partos de alto risco, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará mantém, desde 1987, o Banco de Leite Humano, responsável pela promoção de ações destinadas a incentivar o aleitamento materno, e ainda pela coleta, processamento, controle de qualidade e distribuição do excedente de leite humano das doadoras, incluindo mães de recém-nascidos que não podem mamar.

Atualmente, cerca de 150 bebês são acompanhados diuturnamente na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal do hospital. A maioria são recém-nascidos prematuros ou submetidos a intervenções cirúrgicas, que precisam de alimentação especial para fortalecer o organismo e adquirir autonomia para mamar no seio materno. No entanto, esta alimentação vem sendo comprometida pela queda no estoque do leite materno.

Hoje o banco de leite da Santa Casa se mantém com a colaboração de 172 mães cadastradas como doadoras. O número é baixo e preocupante. Os bebês consomem, em média, de 15 a 20 litros de leite por dia, e como o número de doadoras ainda está abaixo da demanda pelo alimento, apenas um terço dos bebês são alimentados sem a utilização do complemento artificial.

“O ideal é que tenhamos 300 doadoras ativas em nosso banco, pois a quantidade de leite produzida por cada uma pode variar. Essa alimentação é fundamental para o fortalecimento e ganho de peso dos bebês prematuros ou nos processos de recuperação cirúrgica”, explica a médica Cynara Melo Souza, coordenadora do Banco de Leite da Santa Casa.

Além das campanhas permanentes voltadas ao público externo, é feito um trabalho de divulgação junto às mulheres internadas na Santa Casa sobre o banco de leite mantido pela instituição. Uma equipe multidisciplinar formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais informa e procura mobilizar as mães que ainda não são doadoras.

“Nós abordamos as mães que estão com bebês internados aqui. Perguntamos sobre a produção de leite e as levamos para conhecer a sala de ordenha, onde é coletado o leite materno que  será utilizado pelos próprios filhos dessas pacientes. Assim, elas podem estimular a produção, garantindo não apenas a alimentação de seus bebês, como de outras crianças que precisam”, explica a nutricionista Josiane Medeiros.

É importante ressaltar que no caso do leite humano, não existe um tipo único. Mulheres diferentes produzem leite de qualidades diferentes, com níveis variáveis de acidez, gordura ou outros aspectos. Da mesma forma, cada bebê tem necessidades nutricionais específicas. Estas peculiaridades são avaliadas pelos técnicos, responsáveis por direcionar o leite mais indicado a cada caso. 

Na sala da UCI (Unidade de Cuidados Intermediários), as mães acompanham os bebês durante a alimentação e ao mesmo tempo se conscientizam sobre a importância da doação. “Eu fiquei sabendo do banco de leite pelas enfermeiras. A minha filha foi alimentada pelo banco e eu também já estou doando. Tem muitas mulheres que acham que não produzem leite suficiente, outras acham que se derem de mamar ou doarem, o seio ficará caído. E isso é mito, toda mãe produz leite e elas deveriam ajudar, pois assim como a minha filha precisou, outras crianças também precisam”, reforça Erika do Vale, 28.

Doações externas

A Fundação Santa Casa de Misericórdia mantém, em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Pará, o projeto "Bombeiros da Vida", que auxilia na coleta de leite materno em domicílio, garatindo mais comodidade às mães que desejam doar o excedente, mas tem dificuldade de se deslocar até a maternidade. Por meio do número 0800 727 2057, as mulheres que queiram ser voluntárias do Banco de Leite podem acionar a equipe do projeto para a coleta em casa. Além de garantir a doação, elas recebem orientações sobre como devem proceder para garantir a qualidade do alimento.

“Nosso trabalho funciona principalmente com a orientação, para sensibilizar as mães sobre a importância destas doações, já que neste momento nós não estamos conseguindo alimentar todas as nossas crianças com o leite materno. Fazemos as captações já com algumas informações sobre o pré-natal destas mulheres, além de levar o material adequado para a coleta. O leite precisa estar conservado e congelado para ser levado em segurança até a Santa Casa”, explica a soldado Aline Lemos, do Corpo de Bombeiros. "Vamos buscar as doações em qualquer lugar, não importa o endereço, pois cada novo pote pode significar um dia de alimentação a mais para um bebê", referenda.

Uma dessas doações vem do bairro da Pratinha, em Belém. Malena Moraes, 21 anos, faz questão de colaborar por já ter vivido na pele a dificuldade de alimentar o próprio filho. A equipe do projeto percorre uma rua de difícil acesso até chegar à residência da família e recolher o material, que já tem destino certo. Todos ali sabem da importância desse ato.

“O meu filho nasceu com um problema e precisou fazer uma cirurgia ainda nas primeiras horas de vida. Como não conseguia mamar, foi o banco de leite que garantiu a ele a sobrevivência. Quando eu vi a situação pela qual eles passavam para manter o estoque e a vida daquelas crianças na Santa Casa eu fiquei comovida. A partir daí eu comecei a doar o meu leite e antes de voltar para casa, com a alta do meu filho, pedi o kit para continuar doando. O tempo todo eu procuro falar para as amigas que estão grávidas para que também façam o mesmo e não pretendo parar de doar. Só quem passou pelo o que eu e meu filho passamos e quem vê a situação daquelas crianças internadas ali sabe o quanto elas precisam desse leite”, enfatiza.

Hoje o pequeno Isaac, filho de Malena, já está com nove meses e recebe da família todas as atenções e carinho. Submetido a uma colostomia, ele ainda convive com uma bolsa adesiva, que deve ser retirada ainda este mês. O leite recebido na Santa Casa foi essencial para recuperação e ganho de peso do menino, que logo terá uma vida normal.

Como doar?

As mulheres que quiserem ser doadoras voluntárias do banco de leite podem entrar em contato pelo número 0800 727 2057. Elas serão atendidas pela equipe da Santa Casa, que avaliará o perfil de cada uma e fará a coleta na própria residência. Já as mães que acompanham seus bebês em internações ou tratamentos na Santa Casa só precisam procurar o banco de leite e dizer que estão interessadas em se cadastrar para doação.

Doar o leite materno é um ato de solidariedade que ajuda na saúde da mulher e pode salvar a vida de vários bebês. A população em geral também pode colaborar com esse trabalho doando à Santca Casa potes de vidros com tampa plástica rosqueada (para vedação), pois elas serão tratadas e utilizadas para a coleta do leite. Éimportante ressaltar que qualquer pessoa pode colaborar.

O que acontece com o leite quando é doado?

O leite doado pode passar até 10 dias congelado antes da coleta. Depois disso, o material passa por uma maratona de 48 horas de exames e processos para eliminar qualquer possibilidade de contaminação, e pela pasteurização, além do controle de acidez e avaliação nutricional. O nível de qualidade do leite que chega aos bebês é alto e segue um padrão da Rede Nacional de Banco de Leite Humano.

Mitos

A doação de leite não deixa os seios mais doloridos. Na verdade, a doação estimula a produção e diminui inchaço nos seios. Qualquer pessoa pode doar, não existe leite fraco. No caso de alguma alteração nutricional na qualidade do leite, as médicas darão a orientação adequada que beneficiará a mãe e seu bebê.

Não existe fila de espera para doar. A mãe pode ligar para a Santa Casa e equipe buscará o leite na própria residência.